7 - Who is he

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Vi Michael a caminhar para longe deixando-me ali sozinha. Eu queria saber quem ele era, queria saber de tudo o que há de saber sobre o rapaz de cabelo pintado. Sei que ele é famoso, o que é pouco, ele não quis contar mais nada.

- Michael! - tentei gritar mas ele não parou. Eu não queira correr, hoje comi muito pouco por isso não convinha estar a esforçar-me assim tanto - Michael! - chamei-o outra vez enquanto acelerava um pouco mais o passo - Mas tu vais falar comigo ou vou ter que chamar os teus amigos!?

- Não vou-te contar nada porque eu não te quero perder! - ouvi-o gritar.

- Perder o que? Olha para mim e diz-me que eu sou daquelas que deixam de falar aos outros pelo o que são! Achas que eu julgo os outros!? Olha bem para mim! Olha só! Eu sou uma sem-abrigo, tu é que deverias de deixar de falar comigo, não eu - falei num tom baixo.

- Caitlin - virei-me para trás começando a andar em direção oposta à dele - Desculpa.

Senti que ele acompanhava-me em passo lento. Não pronunciei nada, apenas abaixei a cabeça e cruzei os braços, ouvia apenas as nossas respirações descoordenadas.

- A minha banda chama-se 5 Seconds of Summer e até temos um bom número de fãs, eu sou o guitarrista e vocalista assim como o Luke, o Calum esta no baixo e canta também, o Ashton é o baterista. Somos de Sydney em Austrália, estamos agora cá em Londres para gravar novas músicas, vamos em tour com os One Direction em menos de um mês. O nosso estilo está entre o rock e punk.

Ouvi aquilo tudo e apenas gostava de ter forças para correr daqui para fora, eu não acredito que ele faz parte de uma banda, talvez não queria acreditar que alguém de tanta importância preocupa-se comigo. Mas mesmo querendo fugir eu queria ficar ali, com ele, e continuar a ouvir a sua voz calma.

Ele continua a ser uma pessoa, uma pessoa que ajudou quando mais precisei. Não o posso julgar por ele ser famoso porque ele não fez o mesmo comigo.

- Pinto o cabelo quase todos os meses, amo comer pizza, sei contar piadas, bem, mais ou menos - a sua risada fez-me sorrir e olhar para ele que já me encarava - Não me deixes, sim!?

- És a única pessoa normal que fala comigo, porque razão haveria de deixar isso?

- Porque tu desprezas pessoas com uma vida monótona que comprem coisas desnecessárias - parei fazendo-o fazer o mesmo.

- Não é bem assim, pelo contrário, a tua é vida até é bem interessante tendo em conta que vais viajar para diversos países. E tu só compras assim tantas coisas porque foste ensinado a fazer isso.

- Tens sempre uma resposta na ponta da língua, não tens!? - sorri e dei com os ombros.

- Passo muito tempo na rua, logo tenho conversas imaginárias que por acaso servem para os nossos momentos.

Beijou a minha testa e de seguida passou o braço pela minha cintura fina coberta pela roupa. Continuamos a caminhar assim até ao meu banco. Perguntava-me porque é que ele tinha estes gestos queridos comigo, talvez por pena.

- Tens a certeza que não queres ir para casa da Alexis? - abanei a cabeça para cima confirmando que não quereria ir - E para a minha?

- Eu estou bem aqui - disse sentando-me no banco aconchegando-me mais ao cobertor.

- Não gosto disto, eu posso ajudar e tu não queres - fez cara de amuado deixando-me com um sorriso estúpido na cara.

- Está a ficar tarde para ti, vai-te embora - pedi delicadamente vendo que ele já estava cansado demais para ficar mais uns minutos comigo.

- Ficas bem, tens a certeza? - voltei a dizer que sim com a cabeça - Liga-me se... Ou esquece, não tens telemóvel! - e voltou a rir-se contagiando-me.

- Eu vou estar por aqui, não posso ir muito mais longe certo?

- Nunca pensaste em deixar de ser uma sem abrigo?

Uma pergunta inteligente que me deixou a ficar a pensar. Ele continuou à minha frente enquanto mordia o interior da bochecha e balançava o seu corpo para a frente e para trás sobre os seus calcanhares, respirei fundo e decidi por fim responder-lhe.

- Para que? Eu não tenho ninguém que esteja à minha espera, ou que esteja à minha procura. Não sei da minha família, e do pouco que sei eu não consigo entender. Não consigo pegar numa ponta da minha vida e fazê-la crescer porque passei a maior parte dos anos nas ruas, por diversas ruas até, de diversos países. Nem sei se Caitlin é o meu nome verdadeiro, apenas ouvi-o uma vez e pensei que era, talvez até não seja. Para que deixar esta vida se é a única que tenho e me lembro de viver? Não vale a pena.

- Tens amigos minha Homeless, a Alexis, o Rhyan e o resto da banda. E tens-me a mim. Acho que são motivos suficientes.

Depositou um beijo na minha testa e foi-se embora. Fiquei a olhar para o seu corpo que se movimentava para longe de mim fazendo-me querer que ele voltasse para trás, que não só Michael mas também o tempo. Recuar um pouco para poder apreciar um pouco mais, porque eu sei que, mais dia menos dia, ele vai-me abandonar.


Homeless || Michael Clifford (Short Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora