Homeless || Michael Clifford (Short Fanfiction)

1 - My name is

Acordei com os raios de sol a baterem levemente contra a minha cara, deviam ser umas seis da manha, para uns seria muito cedo, para mim é a hora certa. Sentei-me no banco do jardim e fiquei a admirar o sol a nascer em conjunto com os pássaros a saírem dos seus ninhos indo buscar algo para comer.

Comida.

Como me apetecia alguma coisa para encher o meu estômago vazio, mas mais uma vez não tinha nada, nem um pedaço pequeno de pão ou sequer um pouco de água para enganar a fome.

Apertei ainda mais o cobertor sobre o meu corpo tentando de alguma forma aquecer-me. A pequena brisa que passava fazia-me estremecer por todos os lados, nem o pouco de sol que havia queria colaborar comigo.

Levantei-me e comecei a andar às voltas pelo parque tentando de alguma maneira exercitar o meu corpo para que o sangue circulasse para tentar, mais uma vez, aquecer o meu corpo gelado.

Pelo caminho encontrei Alexis, uma companheira que, da mesma forma que eu, foi abandonada deixando-a na rua sem nada nem ninguém. Aproximei-me dela e sentei-me ao seu lado. Suspirei vendo um casal a comer um donut, já nem pedia tanto!

- Bem, guardei a sandes que a D. Adelaide me deu. Já está um pouco rija mas sempre dá para comer - sorri com o seu gesto. Dividiu o pão com manteiga em dois dando-me uma metade.

- Obrigada - agradeci - O que fazemos hoje? - perguntei enquanto começava a comer devagarinho .

- Ouvi dizer que vai haver uma feira, pessoas que vêem de todo o mundo ver a gastronomia de cá, pelo menos foi o que percebi.

- Estou tão cansada para andar por ai com um chapéu na mão a pedir dinheiro - falei em tom baixo. Olhei novamente para a rapariga, ambas permanecíamos com um olhar triste.

- Vamos à procura do Rhyan - levantou-se e esticou os braços estalando os ossos - Paradas não ganhamos nada! - Sorri com o seus entusiasmo, engoli o ultimo pedaço do pão e caminhei ao seu encontro.

Fomos até ao Green Park que ficava a escassos minutos do Hyde Park. E lá estava ele, com a sua viola nas costas a com o as mãos em forma de concha a pedir esmola. As pessoas olhavam-o com desprezo e muitas delas até faziam comentários inapropriados. Assim que pousou o seu olhar cansado em nós sorriu.

- Então minhas homeless preferidas! - abraçou-nos. Quase que nem sentíamos a forca dos seus braços devido ao facto que, a cada dia que passava, a fraqueza dele era maior.

- Conseguis-te algo rapaz? - perguntei apontando para o bolso do seu casaco já velho.

- Apenas umas moedas - respondeu dando com os ombros - E vocês?

- Estávamos a pensar em ir até aquela feira de que falei - explicou Alexis - Queríamos que tu viesses connosco, já não temos força nem para dançar nem sequer para fazer um simples truque de magia - lamentou-se.

- Podias cantar enquanto ela toca viola - disse - eu fico encarregue do chapéu.

- Espero que corra bem como na última vez - Ambas acenamos.

Caminhamos lentamente até perto da London Eye onde conseguimos ver as pessoas a começar a montar as pequenas tendas. Caminhávamos perto delas e perguntávamos se queiram ajuda em troca de umas moedas, mas não, nunca queriam.

Alexis pegou na viola e sentou-se encostada ao pequeno muro que lá havia. Rhyan ficou ao seu lado para combinar as músicas que iam tocar. Sentia que não estava a ajudá-los, então peguei no chapéu e comecei a estende-los às pessoas que por lá passavam.

- Algo por favor - murmurei para um rapaz que tinha o cabelo pintado de roxo, ou seria azul? Ele olhou para mim e deu-me um sorriso.

- Espere ai - viu-o a colocar as mãos dentro dos bolsos. Assim que me estendeu umas moedas, que devo de dizer que até eram algumas! Não consegui esconder a minha felicidade.

- Obrigada senhor - agradeci. Eu sei que ele era um jovem, mas prefiro trata-lo por senhor, sempre é mais educado.

- Michael, por favor - estendeu a mão e eu fiquei paralisada. Em 10 anos que andava na rua nunca ninguém tinha feito isso.

- Eu acho melhor não, eu posso ter uma doença ou...

- Oh! - falou revirando os olhos puxando-me para um abraço. Uma lágrima escorreu-me pelo olho.

- Obrigada - falei num tom pouco audível.

Este rapaz abraçou-me sabendo que estava suja, sabendo que provavelmente o meu cheiro iria repugna-lo. E continuava com os seus braços fortes à volta da minha cintura fina. E eu continuava a chorar com o seu grande gesto.

- Posso saber o nome desta linda rapariga? - passou o polegar pela minha bochecha já encharcada.

- Caitlin - respondi sorrindo - Obrigada mais uma vez - agradeci fazendo uma vénia. Ouvi a sua gargalhada fazendo-me ficar um pouco desconfortável.

- Gosto de ajudar - piscou-me o olho e eu voltei a sorrir. Acho que hoje foi o dia em que mais sorri .

- Obrigada - voltei a dizer.

- Espero ver-te outra vez Caitlin - passou a mão pelo meu ombro apertando-o ao de leve.

E depois disto foi-se embora deixando-me ali a pensar, que ainda há pessoas bondosas. Aproximei-me dos meus companheiros que já estavam a sorrir para mim, estendi-lhes as moedas para as suas mãos fazendo-os arregalar os olhos.

- Já dá para comprar pão e água.

Recebi um grande abraço por parte deles, fazendo-me sentir ainda mais feliz. Rara era as vezes em que as pessoas eram generosas, geralmente apenas atiram as moedas para o chapéu, dão um sorriso um pouco falso e desejavam-nos boa sorte e depois vão-se embora.

- Não chores! - implorou Rhyan - Vamos viver mais um dia!

É, vamos viver mais um dia...