18 - Too far

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Eram quatro da manhã quando dei por mim a acordar, as memórias da noite passada invadiram a minha cabeça, sorri com tal recordações. Encolhi-me quando começava a tossir, carreguei naquele botão para chamar os enfermeiros e logo um deles apareceu.

- Que se passa menina? - perguntou-me.

- A tosse - disse - água por favor - pedi sentando-me na cama.

- Vou-lhe já buscar - saiu em passo acelerado.

A minha cabeça doía, dobrei os joelhos puxando-os para cima juntamente com os lençóis. Pousei a minha cabeça sobre eles enquanto que com as mãos rodeava as minhas pernas cobertas. Alguém bateu à porta, e entrou sem antes eu dar autorização para entrar.

- Menina Anastasia - chamaram-me pelo nome que fui registada - está aqui a sua garrafa de água - estiquei a mão para recebe-la, os nossos dedos tocaram deixando-me estática - está tudo bem menina? Precisa de mais alguma coisa?

- Está tudo bem - murmurei antes de dar um golo.

Foi-se novamente embora com o recado de que se precisasse de mais alguma coisa para carregar no botão que ele viria. Ajeitei-me na cama e tentei voltar a adormecer.

*

- Menina Collins, hora de acordar - alguém falou despertando-me - Está aqui o seu pequeno almoço menina Anastasia - queria ganhar forças para apenas dizer para me tratarem como Cailtin, mas não conseguia.

- Obrigada - agradeci num sussurro enquanto este estendia um tabuleiro sobre o meu colo.

- Tem aqui estes dois medicamentos que são para ser tomados, ok? - assenti com a cabeça - Qualquer coisa já sabe.

Comi o que eles me tinham preparado, peguei no final num comprimido e coloquei-o sobre a língua, com o copo de água que tinha dei um golo engolindo, fiz o mesmo processo com o outro. Sim, eu sei tomar medicamentos, parecendo que não, na rua muitas pessoas o fazem.

- Caitlin! - alguém chamou-me, fiquei admirada por não me tratarem por o outro nome. Ergui a cabeça e deparei-me com ele ali.

- Kyle - disse ao reconhece-lo.

- Eu falei ontem com o Michael, ele disse que teve cá um detetive. De que falaram?

- Foi para dizer que os prenderam e que fizeram umas pesquisas - respondi ao mesmo tempo que tapava o meu corpo com o lençol. Eu sei que ele não me iria fazer mal nenhum, mas prefiro deixar o meu corpo todo coberto.

- Pesquisas? - inquiriu confuso.

- Pesquisaram quem eu sou realmente e - olhei para ele com algum entusiasmo por ir falar sobre algo relacionado comigo que agora eu tinha a certeza- eu sou maior de idade. Chamo-me Anastasia e a minha família estava viva e espalhada pelo globo!

- Isso quer dizer que ? - perguntou reticente com uma mistura de sentimentos, curiosidade talvez, raiva, orgulho ou seria tristeza e desapontamento?

- Que agora posso finalmente falar com o Andy para saber o porque de me ter abandonado - disse decisiva.

- É isso mesmo que queres?

Aqui está uma pergunta difícil para mim.

- Não sei se é isto que eu quero. Mas eu preciso de saber o porquê de isto tudo ter acontecido comigo.

- Mas tu sempre quiseste não querer sobre isso, ou sequer falares com eles! Sempre preferiste viver aqui, nas ruas.

O meu corpo começou a tremer, abria e fechava a boca numa tentativa de lhe dizer aquilo que eu tinha escondido deles durante estes dias que estive aqui no hospital. Senti uma lágrima a molhar o meu rosto, ele nem se atreveu a tocar-me, apenas puxou a cadeira para próximo de mim e sentou-se nela à espera que eu dissesse algo. Fechei os olhos e respirei fundo para acalmar-me um pouco e também para impedir de chorar.

- A verdade é que - olhei para o seu rosto que mostrava preocupação - É que assim que ouvi o que a detetive disse de alguma maneira fez-me livrar da ideia de me matar.

- Ma-matar? - assenti com a cabeça confirmando tudo.

- Isto é muito para mim, para eu lidar. O hospital, o psicólogo, viver em vossa casa, o Michael, o trauma, os tremores - a minha voz atraiçoou-me quando um soluço escapou por entre os meus lábios.

- Como o ias fazer?

Eu não conseguir dizer-lhe por palavras, ia tornar-se mais real a minha ideia suicida. Olhei para a janela enquanto me lembrava que bastava sentar-me sobre o parapeito e balançar o meu corpo para a frente para conseguir livrar-me deste sofrimento que parecia ser impossível de suportar.

- O que é preciso para sobreviveres? - olhei para ele que mostrava que me queria ajudar - Por favor, responde-me apenas a isto.

- Quero ligar ao Andy - admiti.

- E depois?

- Quero que ele me venha buscar, quero ir-me embora daqui.

- Então é isso que vou fazer agora, vou arranjar o número dele - levantou-se decidido.

- Vais mesmo ajudar-me? Mesmo que isso me leve para a Nova Zelândia? - arregalou os olhos ao ver que, provavelmente, iria parar à outra ponta do mundo, para um local muito longe deles.

- Sim, porque prefiro isso do que estar a chorar pela tua morte.

- És um grande amigo.

- Sabes que irei-te sempre apoiar não sabes? - assenti com a cabeça. Retirei os braços debaixo do lençol e estiquei-os - Tens a certeza?

- Eu sei que vou tremer por todos os lados mas não interessa.


Michael

- Isto chegou longe demais Michael! - gritou o manager. Os rapazes também estavam lá comigo, não para ouvirem o sermão, mas para me apoiarem - Primeiro foram as fotos e as conversas com uma sem-abrigo, agora vais vê-la a um hospital? Isto está a ser assunto falado por todas as redes sociais!

- Ela é uma rapariga normal - defendia - Apenas que vive de uma maneira diferente.

- Ele tem raz - o Ash ia-me ajudar nisto mas foi mandado calar pelo manager.

- ISTO NÃO TEM NADA HAVER CONTIGO ASHTON! - disse num grito assustando a todos - Michael, apenas deixa de ver essa rapariga.

- Não me peças isso - fechei a minha mão em forma de punho. Esta conversa estava a começar a ficar ridícula.

- Afinal o que tens com essa rapariga?

- Ela tem nome, chama-se Caitlin! - falei entre dentes - Ela é uma amiga que precisa de ajuda.

- Provavelmente ela está contigo por causa do dinheiro - revirou-me os olhos. Respirei fundo antes de começar a andar à chapada.

- Ela não fazia a mínima ideia de quem eu era. E quando soube ela queria afastar-se.

- É verdade - Luke juntou-se a conversa, olhei para ele que me sorriu - Ela é super simpática, nunca fará mal a ninguém.

- MAS É UMA SEM ABRIGO!

- E O QUE INTERESSA!? SE EU QUERO SER AMIGA DELA EU SOU! NÃO ÉS TU NEM NINGUÉM QUE ME IRÁ IMPEDIR DISSO! - entrevi antes que ele começasse a falar ainda pior acerca da rapariga que tem ocupado cada segundo do meu tempo.

- Acalmem-se vá - falou o diretor da tour - Deixa-o ficar com ela. As fans não se importam, nos também não devíamos.

- As fãs são as coisas mais importantes, nunca iria fazer nada para as magoar - disse. O meu telemóvel começou a tocar - Posso? - perguntei ao mesmo tempo que tirava o móvel do bolso.

- Vai lá - autorizou o manager.

- Olá Kyle, está tudo bem?A Caitlin?

- Acho que é melhor começarmos por trata-lá pelo seu nome verdadeiro, Anastasia - engoli em seco percebendo-me de que algo iria mudar a partir de agora - Eu preciso da tua ajuda meu, ela quer falar com o seu irmão. Consegues vir-me buscar ao hospital.

- A caminho! Até já.

Eu era capaz de fazer tudo por ela, por exemplo, agora mesmo estou a deixar uma reunião a meio para ver o que ele precisa para a deixar feliz. Continuo-me a perguntar o que ela tem para me deixar assim, ansioso todos os dias para me ir encontrar com ela.

Homeless || Michael Clifford (Short Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora