Um lado que eu não conhecia

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Ele se senta na cama e eu faço um curativo. Otto parece um pouco melhor. Bartolomeu late e eu o coloco na cama e olho para Otto buscando sua aprovação. Ele parece gostar, faz carinho no filhote e o coloca entre mim e ele.

Eu adormeço abraçada com Bartolomeu, quando acordo pela manhã vejo Otto numa cadeira no canto do quarto.

-O senhor dormiu aí?

Ele boceja e se ajeita na cadeira.

-Sim, não queria incomodar a senhora e o bichinho, os dois estavam dormindo tão lindamente.

Eu olho para Bartolomeu e vejo que ele fez xixi na cama. Fico nervosa e puxo os lençóis para esconder de Otto instintivamente. Ele sorri e diz.

-Não tem problema. É só um filhote. Compraremos outra cama, compraremos também uma cama para ele.

Eu sorrio e pego Bartolomeu, colocando-o no chão.

Preciso me arrumar para o trabalho, Otto diz se levantando e indo em direção a casa de banho.

Chamo Amélia para que limpe a cama e ela franze o rosto enquanto limpa.

-Mr Comudus é realmente um homem muito bom em deixar um cachorro dormir em sua cama e fazer xixi ainda por cima.

-É, talvez...-eu respondo pensativa.

-Ele parece amar muito a senhora.

-Talvez, Amélia.

Amélia parece incomodada com algo, cria coragem e fala:

-Senhora Darla, eu peço desculpas pelo outro dia. Sabe, por ter contado ao Mr Comudus.

-Tudo bem, Amélia. Você fez certo.

Ela sai e me deixa sozinha no quarto enquanto brinco com Bartolomeu.

As horas custam passar até que Otto chegue em casa. Não que eu adore sua companhia, mas ficar sozinha o dia todo é tedioso. Amélie está sempre cuidando das tarefas e não me deixa ajudar em nada.

***
O relógio bate as cinco da tarde e Otto entra pela porta, tira o paletó e revela sua camisa branca impecável, apenas uma pequena mancha de sangue destoa a perfeição.

-Ainda está sangrando.

-É, eu sei. Pensei em ir no hospital para mandar fazer um curativo. Mas achei que a senhora não se importaria em cuidar disso para mim.

-Está ficando mal acostumado, Otto. Se pensa que sou sua enfermeira está errado.

Ele sorri e se senta no sofá enquanto eu troco o curativo.

-Prontinho.

Ele parece satisfeito e então recomeça:

-Como foi seu dia?

-Foi bom, mas estou sempre tão entediada. Se eu pudesse ao menos fazer algo.

-Mas a senhora pode. Pode fazer tudo o que quiser.

-Mesmo?

-Sim. Diga-me o que quer e eu providenciarei.

-E se eu quiser aprender piano?

-Então ficarei feliz em contratar uma professora para a senhora minha esposa.

-Já tem em mente alguém? - eu pergunto ansiosa.

-Na minha antiga cidade tinha uma professora muito boa. Ela é muito amiga da minha família, crescemos juntos.

Eu estranho no começo, mas aceito. É melhor do que ficar sem fazer nada o dia todo.

Casamento Arranjado - Um Breve ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora