Eu estraguei tudo

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5 meses se passam desde que me casei com Otto, nossa relação melhorou um pouco.

Aos poucos minha raiva por ele vai diminuindo.
Amber vem me visitar sempre que pode.

-E vocês ainda não fizeram nada, Darla?

-Não. -eu respondo seca.

-E ele não te pressiona? Sabe, já faz um tempo que se casaram. Você não tem medo de que ele arrume uma amante?

-Eu não -dou de ombros.

-Sabe, aconteceu algo e preciso te contar.

-Pode falar -eu me ajeito no sofá como se isso fosse me fazer ouvir melhor.

-Peter está noivo.

-Noivo? Como noivo? Noivo de quem?

-De Joana, a filha de Mr Bloom.

-Há quanto tempo? -meu coração bate em disparada.

-Não sei ao certo, mas eles anunciaram o noivado há pouco tempo. Hoje será o jantar para oficializar. Mr Bloom é amigo de papai e o convidou, foi assim que fiquei sabendo.

Eu me desmancho em lágrimas.

-Como Peter pôde fazer isso comigo? Eu estou sendo fiel a ele todo esse tempo, não me deitei com Otto. E anseio pelo dia em que poderemos ficar juntos novamente.

-Eu sei, parece que ele acha que você está bem nesse casamento.

-Peter queria que eu fugisse com ele, Amber. Já imaginou o escândalo? Eu não posso fazer isso. Achei que ele me esperaria até que eu pudesse me separar.

-Talvez ele esteja magoado demais e queira seguir a vida, Darla. Não é culpa dele.

-Você e papai vão no jantar?

-Vamos sim. Por quê?

-Tenho que convencer Otto a ir comigo. Preciso ver o rosto de Peter. Quero que ele diga olhando nos meus olhos que não me ama mais.

-Não pode fazer isso, Darla. Eu só te contei porque achei que você tivesse superado isso.

-Não importa, eu vou e pronto.
***

Convenço Otto a ir no jantar comigo, digo que a filha de um amigo de papai vai noivar e por isso nossa presença é importante. Ele aceita prontamente.

Quando chegamos a casa de Mr Bloom vejo o rosto de Peter, ele não parece feliz, Joana está ao seu lado. Ambos de mãos dadas. Meu rosto queima de raiva e olho para Otto que está confuso sem entender nada.
Mr Bloom diz algumas palavras de incentivo aos noivos, Joana está que não se aguenta se felicidade. Enquanto Peter parece estático. Ele me olha e eu não o encaro. Seguro-me firme para não chorar. Peter parece nervoso com a minha presença.

Quando Otto finalmente se distrai eu saio. Precisava falar com Peter.

Ele se afasta para pegar uma bebida e eu o intercepto.

-Como você pôde?

Peter me pega pelo braço e me leva até os fundos da casa enquanto os outros convidados estão ocupados demais ouvindo uma cantora lírica.

Ele me solta e então diz:

-O que você queria que eu fizesse, Darla? Passasse a vida sofrendo por você? Você se casou com outro e eu não podia suportar essa dor sozinho.

-E então você arruma qualquer uma para preencher esse vazio? Que tipo de homem você se tornou, Peter!?

-Não diga isso, não seja egoísta. O que quer que eu faça? Quer que eu vá lá e desmanche tudo? Eu faço isso!

Eu me calo, sei que não posso pedir isso a ele.

-Faço isso se você fizer também, Darla. Vou até lá e rompo tudo com Joana, mas você tem que se separar hoje!

-Não posso fazer isso. Assim como não posso te pedir que faça isso.

Peter me beija antes que eu possa terminar de falar. O beijo tem saudade. Ele coloca sua testa na minha e então diz.

-Você não podia ter feito isso, Peter! -eu o empurro e me afasto.

-Senti saudades disso, Darla. Eu estou morrendo desde o dia em que se casou com aquele sujeito.

-Não acho que me ame, Peter.

-Por que diz isso?

-Por que é verdade. Hoje você me provou isso.

-Darla... Eu já te disse que posso acabar com tudo. Basta uma palavra sua.

-Essa foi nossa despedida, Peter. O que tínhamos acaba aqui. Otto não merece isso. Não sou esse tipo de mulher.

Eu me viro e volto para festa. Otto me olha chegar e então me lança um olhar confuso.

Eu pego uma bebida e decido que aquele é o momento para experimentar. A bebida é doce e eu continuo bebendo até que Otto me para.

-Chega, Darla. Já bebeu demais. Vamos para casa.

-Ele me pega pelo braço e me leva até o carro enquanto eu cochilo no seu ombro.

Ao chegar em casa ele me coloca na cama, tira meus sapatos e me cobre. Otto vai a casa de banho e eu fico deitada na cama.
Quando ele volta estou nua, coberta com um lençol fino.

-Eu quero que durma comigo. -eu falo gaguejando devido o álcool.

-Não vou dormir com você nessas condições. Eu sei porque você bebeu.

-Não sabe nada. -eu resmungo cobrindo a cabeça.

-Da pra acreditar que ele vai se casar com outra? É uma canalha. -a fala sai toda embolada.

-Você queria que fosse com você?

-Ele me beijou sabe... E eu percebi, percebi que não am...-eu falo e então vou adormecendo.

-Não me ama. Não precisa mais me machucar. -Otto diz e escuto sua voz ficando cada vez mais baixa.

Casamento Arranjado - Um Breve ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora