𝐕𝐚𝐠𝐚𝐥𝐮𝐦𝐞

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Saio do banheiro com a luz negra na mão, eu a coloco na mesa e me sento, exausta e perplexa por tudo o que eu havia presenciado nos último minutos em que tudo o que conseguia ver em meio ao breu eram segmentos azuis fluorescentes sob a luz violeta...

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Saio do banheiro com a luz negra na mão, eu a coloco na mesa e me sento, exausta e perplexa por tudo o que eu havia presenciado nos último minutos em que tudo o que conseguia ver em meio ao breu eram segmentos azuis fluorescentes sob a luz violeta que os destacava. As luzes do apartamento já estão ligadas e meus olhos tentam se acostumar com as mudanças de iluminação.

— E então? — Jacob pergunta com um olhar curioso enquanto ainda ajeito a camisa.

— Bem...eu ilumino mais que uma árvore de Natal no escuro. Mas é apenas em partes do corpo em que consigo ver, nas minhas costas por exemplo, tem várias, mas não consegui ver direito.

Céus, Kali...Você é louca?

O que eu tinha na cabeça para de repente, em um belo dia, decidir que fecharia quase cada canto do meu corpo com tatuagens? Se fossem tatuagens comuns ainda, algo que eu claramente saberia que teria e com certeza lembraria e que todos também veriam, ou...

A menos que talvez eu não quisesse que os outros soubessem da existência das tatuagens.

Eu teria pais tão rigorosos que nunca me permitiriam fazer uma tatuagem e, que em um ato de rebeldia, teria apelado a este tipo de tatuagem?

Isso não faz sentido.

O que vi me espanta, não sei e não lembro do significado do que está marcado na minha pele, mas é lindo e fascinante de certa maneira.

A maneira como meu corpo brilhou sob as cicatrizes e os hematomas de meu corpo me roubaram o fôlego. Senti que enquanto aquela lanterna estivesse ligada e meu corpo nu estivesse irradiando luz contra ela, fazendo da minha pele uma tela surrealista, eu teria certeza quanto às minhas escolhas que viriam a seguir, como se reluzindo meu corpo fazendo-me redescobrir meus tecidos e minha carne me faria ter certeza de quem sou.

Por segundos, poderia jurar sentir lembrar-me de algo.

Mas tudo o que vi e senti naquele banheiro tomado pelo escuro foi simplesmente eu. O poder que talvez eu poderia ter sobre mim mesma, desde que eu tivesse certeza de que meu corpo brilharia.

Me espantei por simplesmente não lembrar de minhas marcas, mas pela primeira vez senti algo bom vindo da minha amnésia: A chance de me apaixonar novamente pelas diversas incógnitas que cravei em meus tecidos.

Por mais que não lembre quando fiz, ou o significado pelo qual decidi fazer, tive certeza que aquilo era especial. E pela primeira vez, me esquecendo por completo da existência das minhas marcas superficiais, minhas cicatrizes, hematomas e minhas suturas, pude enfim amar o meu corpo.

— Então, basicamente, você é uma tela de corpo inteiro? — Ethan pergunta, me observando dos pés à cabeça.

— Sim. Estou totalmente coberta. Coberta de símbolos estranhos, línguas estrangeiras, números e desenhos. O estranho é que... — Hesito procurando a certeza no que vou dizer - É que eu reconheço todos eles.

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