O que você faria se perdesse completamente a sua memória?
A resposta está com uma jovem que aparece misteriosamente em um hospital após um acidente intrigante que ninguém sabe a origem. E que após um terrível e doloroso coma, descobre que sua am...
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Antes que eu pudesse perceber, as lágrimas pingam sobre o jornal, minha respiração segue pesada e meu corpo treme por completo, refletindo o pesadelo recém vivido que, aos poucos, me devolve o fôlego em rajadas de desespero.
— Kali! — Jacob balança meus ombros.
— O que há de errado? — Ethan se ajoelha para ficar à minha altura e toca meus joelhos, preocupado.
— Você está com dor? — Benjamin larga tudo o que tem nas mãos e corre em nossa direção.
Estou paralisada demais para conseguir respondê-los e sou logo sufocada pelos soluços que invadem meu peito.
Ele que me feriu.
Ele que me sequestrou.
Ele...
Ele me abusou.
𝐂éus, justamente o corpo que eu estava aprendendo a amar e a lidar.
Todos os pontos e feridas estão abertos, estou sangrando novamente e não há o que poderia estancar essa hemorragia intensa que extravasa de minhas entranhas, que dói em meu peito e que vaza numa intensidade aniquiladora pelos meus olhos. As imagens não saem da minha cabeça e essa dor me rouba o ar.
Eu queria morrer.
Eu queria que ele me matasse.
Ele me torturou e fez de tudo para que eu desejasse por isso.
Sinto mãos tocarem minha face e minhas palmas, meu corpo treme sob o toque.
— Kali, fala com a gente! — Ethan tem meu rosto entre suas mãos firmes, fazendo-me manter contato com ele enquanto Jacob segura minhas mãos com ternura e Benjamin esfrega e massageia minhas costas — Estamos preocupados, princesa, por favor. Algo te deu gatilho ou...
Desvio o olhar para a bancada e aponto para o jornal antes que Ethan pudesse continuar, os três olham para a mesma direção.
— Eu conheço esse homem. Ele me sequestrou. Eu...eu lembrei... — Meus lábios tremem e minha voz é fraca, saindo em um mísero e quase inaudível sussurro.
— O que? Ele?! — Jacob puxa o jornal, o encarando com repulsa.
— Sim, tenho certeza disso. — Respondo enquanto ele se volta para o artigo, o lendo junto de Ethan que soltara meu rosto e se levantara para ver com seus próprios olhos.
— O que isso diz? — Benjamin aponta para o amontoado de papel.
— "Harold Clifford, multimilionário e empresário do ano, adquire propriedade para projeto secreto.", Tem certeza que foi ele? — Jacob larga o jornal e me olha nos olhos.
— Absoluta. Ele me sequestrou e nem tentou se esconder. Eu não acho que ele estava planejando me deixar ir.
Conto cada detalhe do que pude lembrar em meio à crise que me asfixia, que despeja pelos meu olhos todo o meu desespero e terror, me sensibilizando do toque das mãos de qualquer um dos três como se meus tecidos, meu inconsciente e meu corpo soubessem o resultado final do contato vindo de um homem.
