𝐎𝐮𝐜̧𝐚 𝐚 𝐌𝐞𝐥𝐨𝐝𝐢𝐚

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Quando abro os olhos eu não consigo sentir o meu corpo.

Meus músculos estão pesados e minha visão não é nada mais que um breu. Quando lembro da sensação semelhante com a que eu tive quando acordei sem memórias naquele hospital, minhas costas automaticamente se desgrudam do único e velho colchão em que me deitei na madrugada anterior. E assim que lembro onde estou meu coração se tranquiliza, mas logo volta a bater rápido quando viro-me para me levantar, motivada por uma ansiedade insaciável por respostas. Respostas estas que quero ouvir do homem que conheci naquela madrugada.

Do homem que eu conhecia.

Vou até a janela. As cortinas estão imundas e rasgadas, cheias de traças nas rendas e em seu comprimento, as empurro para o lado e abro as venezianas. O sol não bate deste lado, o céu está cinzento, aborrecido, e a brisa fria que entra e toca meu pescoço me faz mudar de ideia em deixar a janela aberta. Dou uma última olhada para o percurso que cruzamos e só assim percebo quão longe fomos, coloco a cabeça para fora para tentar conseguir enxergar as ruínas da antiga igreja mas ela está do outro lado. Fecho a veneziana refletindo em tudo o que ocorreu até este momento.

Do meu acidente até agora, o pouco que sei não passa de uma espécie de quebra cabeça em que as peças ou a maioria está perdida ou então simplesmente não se encaixam. O cansaço deve ser grande para me permitir conseguir dormir tendo tanto para investigar e me perguntar, por mais que a maioria das noites nem sejam boas ao ponto de eu conseguir dormir normalmente. Mais uma coisa que acho miserável demais não conseguir sequer lembrar.

Quando saio do quarto sou recebida por um aroma doce do que parece ser panquecas, o que faz com que minha boca salive de desejo e fome. Do corredor consigo ver Benjamin na cozinha mexendo no fogão e Ethan sentado à mesa com a cabeça deitada sobre ela, o que me faz querer rir de sua posição.

— Onde está o Jacob? — Pergunto, me aproximando da cozinha. Ethan levanta a cabeça e vira-se para mim.

Está sentindo falta dele? — Ele estreita os olhos — Nós o mandamos dormir, ele estava funcionando com nada mais que cafeína.

E a quanto tempo eu estou dormindo? Esse é o café da tarde? – Me sento à mesa ao seu lado observando Benjamin rir enquanto vira uma panqueca na frigideira.

Já passa das oito horas, ou seja, todos nós tivemos apenas quatro horas de sono.

É por isso que sinto como se um caminhão tivesse passado em cima de mim?

Provavelmente. – Ele se vira com um pequeno sorriso — Bem, eu me sinto ótimo! Quer dizer, fora a situação em que estamos, não me sinto tão cansado.

— É porque você já está acostumado com isso. — Ethan volta a apoiar a cabeça na mesa — Não consigo imaginar você dormindo muito, trabalhando como enfermeiro. Deve ser um trabalho difícil. — Benjamin arregala os olhos de maneira dramática enquanto coloca um prato com uma torre de panquecas ao meu lado.

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