𝐌𝐞𝐮 𝐍𝐨𝐦𝐞 𝐀𝐠𝐨𝐫𝐚 𝐞́ 𝐊𝐚𝐥𝐢

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Me sento em um banco contemplando as flores de alguns arbustos que cercam as entradas para o hospital, contemplando a sombra sobre mim feita pelas árvores atrás do banco  e contemplando as borboletas que voam por perto com um grande glamour em sua...

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Me sento em um banco contemplando as flores de alguns arbustos que cercam as entradas para o hospital, contemplando a sombra sobre mim feita pelas árvores atrás do banco  e contemplando as borboletas que voam por perto com um grande glamour em suas esbeltas e libertas asas em um show de cores impressionantemente magnífico apesar de, em outros olhares ser tão "simples". Uma brisa fresca passa beijando meu pescoço fazendo com que voem as mechas cor de trigo soltas da minha trança feita por uma enfermeira técnica que acompanhava Benjamin. Tão suave...devagar e calmo.

Parece até que eu sentia falta dessa sensação.

O único som que eu ouço são os dos pássaros que cantam de maneira graciosa nos galhos acima, dos médicos e pacientes acompanhados por seus enfermeiros, técnicos, companheiros e das sirenes abafadas das ambulâncias que pelo o que entendi saem pelo lado de trás do prédio. O hospital em si é um lugar agitado, mas por aqui, onde estou, não é assim, o som e tudo mais são bons. Entendo agora o porquê de Benjamin insistir com os médicos para eu vir pra cá. Não é só por causa do sol, mas sim porque é uma espécie de distração.

A calma, o agradável são uma distração para as dores e o abalo para aqueles internados neste lugar.

— Com licença, senhorita?

Abro os meus olhos com o coração acelerado pelo susto da voz repentina  e olho para cima encarando, surpresa, um homem à minha frente. Meu reflexo é escuro em seus óculos, posso ver que seus olhos do outro lado da lente me analisam com intensidade antes de tomar qualquer reação ou dizer qualquer coisa. Consigo ver tal ansiedade na maneira de me olhar, de como é brilhante os olhos atrás das lentes escuras dos óculos que logo o tira e o pendura no bolso da jaqueta preta opaca sobre as roupas sociais.

  Seus belos olhos azul piscina me encaram, inexpressivos, quase como se fossem tristes, apenas transparecendo certa ansiedade. Fios morenos invadem seu rosto com o vento suave, e sua altura é um pouco mais baixa que a de Benjamin, mas, no entanto, mais alto que eu. Mas o que me surpreende mais nele não são seus belos e invejáveis olhos sem expressão, mas sim o revólver fixo ao cinto de guarnição.

— Ah, olá...posso ajudá-lo com alguma coisa? — Estremeço com os olhos fixos na arma.

—  Sou o detetive Jacob Denner, Polícia de Nova York. — Ele diz abaixando o tom de seu timbre grave e aveludado enquanto pega do outro  bolso da jaqueta um distintivo e o mostra para mim, o dourado dele brilha à luz do sol, mas ele não  mostra por mais tempo e o guarda.

Eu observo-o surpresa, sem voz para perguntar qualquer coisa. Ele continua:

— Acha que está bem para responder a algumas perguntas?

— Eu não sei muito bem do que o senhor está tratando, eu acabei de acordar neste lugar e também não tenho memória de nada. — As palavras seguintes cortam minha garganta como se fossem lâminas — Tenho amnésia retrógrada…

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