"Seus sentimentos não são unilaterais "

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Uma semana deslizou com a calma monótona de uma vela queimando lentamente. Na manhã seguinte ao incidente em Port Angeles, as notícias locais ecoaram a morte de alguns criminosos, indivíduos marcados por uma lista extensa de crimes sexuais. Clarisse, relaxada no sofá, apoiava os pés despretensiosamente sobre a mesinha de centro enquanto dava uma rápida olhada na TV antes de voltar para a sua versão grega de “O Senhor dos Anéis”.

— Odeio esse tipo de gente. — foi a sua observação, antes de folhear mais uma página da sua bíblia nerd. — os mortais estão bem melhor sem alguns deles andando sobre a Terra.

— Eu não poderia concordar mais. Que tipo de castigo eles deveriam receber nos campos de punição?

— Sei lá, pergunte ao Nico. Diga para ele mexer uns ossinhos e agilizar as coisas lá no Mundo Inferior. Seja lá onde ele se enfiou, acho que nem Will sabe.

— Onde você acha que ele foi? – perguntei, me jogando no outro sofá e abrindo minha cópia de As Crônicas de Nárnia, um presente dado por minha mãe no meu aniversário de dez anos

— Deve estar cuidando de alguma coisa mórbida.

— Tipo, um funeral?

Clarisse bufou, e carinhosamente disse:

— Não um funeral, pequena sereia. Algo maior, como uma guerra. Há muitas do outro lado do oceano. Em breve o Mundo Inferior sofrerá superlotação se eles seguirem nesse ritmo.

Às vezes eu esquecia que os mortais tinham seus próprios problemas. Guerras causadas por desejos expansionistas, grupos supremacistas oprimindo povos inteiros por alguma teoria absurda criada sem qualquer fundamento ou qualquer fundo de realidade.

— Guerras, Ares deve estar feliz então, já que não é uma guerra que ameaça a existência dos deuses, e ele não se importa o suficiente com os humanos para ligar se inocentes estão morrendo ou não.

—  Nem toda guerra que acontece no mundo é culpa do meu pai, Mia.  — Clarisse apontou o dedo para mim e tinha um sorriso perigoso em seus lábios. — Você devia considerar que alguns mortais são simplesmente ruins. Não existiu um tempo em que as pessoas faziam maldades simplesmente porque eram pessoas ruins? É a natureza humana.

Fiquei pensando nisso pelo resto da semana. Na escola, Rosalie não mudava sua trajetória ao me ver em cada corredor entre as salas, na verdade, ela estava sendo mais afetuosa do que antes do nosso desentendimento.

Ela parecia sorrir com mais frequência também, exceto quando Kayla estava por perto.  Nos dias seguintes, Kayla integrou-se ao meu grupo de amigos, uma adição bem-vinda, apesar dos olhares cortantes de Lauren.

Meu professor de cálculo parecia surpreendentemente mais animado comigo, pelo que parece, não dormir na aula dele era um bom começo para conquistá-lo.

Em História, Jasper  ficava me encarando como uma águia. Às vezes, ele acenava com a cabeça, em outras estreitava os olhos e perguntava como eu estava me sentindo. E, quando eu respondia, sua expressão parecia se iluminar.

Eu parei de me questionar o que aquilo poderia significar, e honestamente, preferi acreditar que os Cullen eram simplesmente estranhos, e apesar disso, tínhamos adquirido um entendimento tácito.

Minhas aulas coincidiam mais com Rosalie do que com os outros Cullen. Na terça-feira, ela chegou atrasada, mas o professor aceitou suas desculpas com um sorriso no rosto. Parecia não se preocupar com o motivo do atraso de sua melhor aluna, de qualquer maneira.

Surpreendentemente, ela escolheu se sentar ao meu lado, contrariando sua usual preferência pela cadeira mais afastada possível da janela.

— Oi. – ela cantarolou com uma piscadela.

Uma semideusa em apuros | Crepúsculo Onde histórias criam vida. Descubra agora