Uma semideusa em apuros | Crepúsculo

A Rainha do gelo mora numa casa de vidro

Quando sai da floresta, meu ombro doía. Minhas roupas já tiveram dias melhores. Depois de lutar com o minotauro, eu voltei correndo para a escola, com a missão de entregar minha caderneta na secretaria antes de encontrar minha parceira de latim no estacionamento, orando aos deuses para não estar muito atrasada.

A chuva tinha ido embora, mas o vento era forte e mais frio. Acho que deveria assistir mais ao canal de Éolo, mas com ele nunca se sabe, o tempo muda a cada doze minutos. Talvez ele esteja me assistindo agora, numa de suas múltiplas telas enquanto espera seu canal ir ao ar, ele sempre foi fã de reality show com semideuses em apuros.

Ao entrar no escritório aquecido, Edward Cullen estava parado junto à mesa, e na minha frente estava Bella, parada como se estivesse hesitante entre ficar ou sair correndo. Parecia meio estranho. Seu rosto se iluminou quando me viu, quase como se eu fosse uma graça salvadora. Fiquei encostada na parede de trás, ao lado dela e acenei em reconhecimento.

— Veio entregar a caderneta também?

— Sim, eu deveria fazer isso rápido. Minha parceira de latim deve estar me esperando. Então, como foi o primeiro dia? – perguntei.

— Estranho. – ela disse, seus olhos cravados no ruivo que estava discutindo com a secretária.

Ele tentava trocar o horário de biologia por qualquer outro horário - qualquer outro, ele repetiu.

Ficamos em silêncio ouvindo Edward Cullen discutindo em uma voz baixa, ele parecia realmente odiar biologia se fazia essa tentativa tão desesperada de mudar seus horários. Ao meu lado, Bella tinha uma expressão no rosto que era cada vez mais complicada, talvez ela tenha outro compromisso e Edward está ocupando tempo demais na vez.

A porta se abriu de novo e de repente uma rajada do vento frio entrou pela sala, espalhando os papéis na mesa, jogando meu cabelo na cara, prendendo nos meus lábios. A menina que entrava limitou-se a ir até a mesa, colocou um bilhete na cesta de arame e saiu novamente. Mas Edward Cullen se enrijeceu de novo e se virou lentamente para olhar para nossa direção com olhos penetrantes e cheios de ódio.

Ele poderia ser um cara assustador, se eu não tivesse lidado com alguns deuses nas profundezas do Tártaro e não estivesse acostumada a lidar com monstros de todos os tipos.

Ele voltou a se virar para a recepcionista.

— Então deixa para lá – disse asperamente numa voz de veludo.–Estou vendo que é impossível. Muito obrigado por sua ajuda.

Quando ele desapareceu porta a fora, Bella parecia absorta, então dei um toque em seu ombro e ela murmurou um "obrigada" e foi até a mesa, com seu rosto branco de imediato ficando vermelho pela timidez.

— Como foi seu primeiro dia, querida? – perguntou a recepcionista num tom maternal.

— Bom. – por alguma razão Bella parecia mentir, não que eu fosse perguntar, mas se eu tivesse um palpite, eu chutaria que a causa estava relacionada ao cara que acabou de sair.

Quando resolvi a questão da caderneta, caminhei a passos largos para o estacionamento, suspirando aliviada ao avistar o volvo prata ainda no mesmo local, só que dessa vez Rosalie parecia discutir alguma coisa com Edward Cullen, e o que ela disse parece tê-lo deixado infeliz.

Ao entrar no meu carro, dirigi até parar perto dos Cullen, ignorando os alertas de perigo que subiam pela minha espinha, acenei para Rosalie.

Edward parecia estar irritado com a irmã, mas parecia não afetar Rosalie, se o sorriso em seu rosto fosse alguma indicação, ela até estava se divertindo com tudo isso.

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Há uma coisa sobre os Cullen. Eles parecem não se importar com o limite de velocidade. Edward Cullen dirige tão rápido quanto Éolo troca de humor, e isso quer dizer muito, se você já conheceu o mestre dos ventos em um dia ruim. Mas acho que direção imprudente não seja tão perigosa quanto lutar contra monstros, e lutar contra monstros parece tão corriqueiro quanto ir para a escola.