Na manhã seguinte, encontrei um bilhete cuidadosamente disposto sobre minha mesa de estudo.
“Mia, obrigado por recuperar meu caduceu. Não sei se deveria dizer isso, mas eu recomendaria que você mantivesse distância das pessoas atraentes. Isso vale para Afrodite também; ultimamente, ela tem estado muito estranha, suspirando pelos cantos. Ares aposta que você não sobreviverá até o final do castigo. Meu tio Hades deixou claro que ele não deseja sua companhia no submundo tão cedo. Ele é um tanto mesquinho. Esteja atenta. De Her-, definitivamente NÃO Hermes.”
Com certeza, a mensagem era de Hermes. A recomendação de manter distância das pessoas atraentes só poderia se referir aos Cullen. Não restavam mais dúvidas de que eles representavam um perigo.
O restante da semana transcorreu com calma. Minhas interações com Rosalie se limitaram a cumprimentos polidos e distantes. Gradualmente, me adaptei à rotina das aulas e aproveitei para observar de perto o comportamento dos Cullen, chegando a algumas conclusões estranhas: Eles pareciam figuras esculpidas em pedra, de beleza arrebatadora e certamente não pareciam se alimentar.
Durante esse período, minha amizade com Bella parecia ter se aprofundado. Parecíamos estar unidas por um objetivo em comum: observar os Cullen, embora não por razões idênticas.
Sempre que via os Cullen entrando no refeitório sem Edward, Bella parecia ansiosa, como se estivesse à espera dele, algo que eu não conseguia compreender. Afinal, o que ela via nele além da arrogância?
Quando Bella notava que ele não estava presente, sua postura relaxava, e ela participava das conversas durante o almoço.
Por vezes, me pegava fitando a mesa dos Cullen, mas principalmente por causa de uma única pessoa. Observar o sorriso dela ao interagir com os irmãos trazia uma sensação calorosa e reconfortante ao meu peito. Se ela não fosse perigosa, poderíamos ser amigas.
As conversas durante o almoço giravam principalmente em torno de uma viagem planejada a La Push Ocean Park, que Mike estava organizando para daqui a duas semanas. Eu estava ansiosa para ir, ansiando sentir as ondas do mar, a brisa fria e salgada. A temperatura da água pouco importava para mim, uma filha de Poseidon.
O fim de semana seguiu com uma chuva suave, uma serenidade comum, mas como acontece com todos os semideuses, os meus sonhos nem sempre eram simples. No domingo, por exemplo, sonhei que estava na residência dos Cullen. Pude observá-los por horas, acompanhando suas rotinas.
Rosalie dedicava a maior parte do tempo à garagem, ocupada em consertar algum carro. Emmet mergulhava em jogos de Xbox. Alice e Jasper sempre permaneciam juntos. Edward não estava presente. Eles não pareciam dormir.
No estacionamento, na segunda-feira de manhã, notei olhares estranhos voltados para mim. O motivo estava além do meu entendimento, mas pela minha experiência, talvez tivessem descoberto meu histórico de expulsões escolares e incêndios.
Na aula de inglês, Rosalie ocupou seu assento costumeiro longe da janela. Sempre que eu percebia, meus olhos encontravam os dela, e meu rosto esquentava. Tentei convencer a mim mesma de que era apenas por causa da beleza sobrenatural dela.
Quando saímos da sala de aula, o ar estava repleto de minúsculos flocos brancos dançando ao vento. Os risos e gritos animados das pessoas preenchiam o ar enquanto se maravilhavam com a neve. O vento mordiscava meu rosto e nariz deixando-os enrubescido.
— Olha só — comentou Mike. — Está nevando.
— Que legal. — respondi sem muito entusiasmo.
A neve costumava ser algo mais emocionante, mas toda vez que nevava, lembrava-me de Quione e da tentativa dela de me matar. Portanto, não era exatamente algo que me deixasse feliz diante da manifestação da deusa da neve.
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Uma semideusa em apuros | Crepúsculo
Hayran KurguAmélia Jackson não esperava que os deuses fossem tão mesquinhos depois de toda a guerra com Gaia. Talvez tenha sido culpa dela ao insultá-los no meio do Olimpo, mas como qualquer semideus, ela já estava cansada de limpar a bagunça dos deuses. Revela...