POV do J.V.
— Boa noite Felicidade! — uma grande onda de palmas e ovações foi ouvida da plateia. — Estamos muito felizes e gratos em ter vocês presentes aqui conosco hoje! Como vocês sabem, nosso Show de Talentos é um evento anual, onde nós aqui do Centro Cultural queremos valorizar os talentos da nossa cidade e dar uma chance a esses talentos maravilhosos que conquistarem o mundo! — O diretor fez uma pausa dramática, aguardando até que os aplausos parassem antes de prosseguir. — É claro que sempre damos o nosso melhor para fazer cada edição do nosso Show de Talentos melhor do que a edição anterior, mas dessa vez eu tenho que dizer que nós realmente nos superamos!
— Humilde ele né? — Angela revirou os olhos, arrancando uma gargalhada de Nath.
— Shhh. — Aspen resmungou. — Prestem atenção, poxa.
Mas é claro que o pedido de Aspen só serviu para que as duas tirassem ainda mais sarro de cada palavra do diretor, o que fez com que J.V. tivesse que se esforçar para conter o riso. Já acostumado com Nath e Angela, J.V. só conseguia se sentir grato pela presença das duas e seus esforços para que ele não se sentisse nervoso enquanto a revelação do resultado da votação se aproximava.
E, é claro, isso não tinha nada a ver com o fato de que ele achava as caras de revolta de Aspen a coisa mais engraçada e divertida do mundo.
— Você não vai fazer nada? — Ela disse, se virando para ele com nítida indignação na voz.
Meu Deus, mas ela é muito fofa quando tá com raiva, pensou, se esforçando para conter um sorriso — o que claramente falhou, já que a menina ficou vermelha e deu um tapa com força em seu ombro.
— Desculpa, — pediu, embora não conseguisse realmente se sentir mal com toda aquela situação. — é o jeito delas...
— Não adianta pedir desculpas se você não se sente realmente mal com a situação, — Aspen retorquiu, cruzando os braços na frente do corpo. — além do que eu me sinto mal pelo diretor. Ele teve todo o trabalho de preparar um discurso enorme, mas ninguém tá prestando atenção.
Depois disso, Nath e Angela — aparentemente não querendo irritar a Aspen — permaneceram em silêncio assistindo o resto do discurso do diretor.
Para J.V., as próximas cenas aconteceriam quase que como em uma mistura indistinta de cenas.
— E, o nosso último finalista... Victor! — As palmas da plateia, os gritos, tudo era muito semelhante a quando ele vencia uma partida de futebol, mas a sensação era muito diferente.
Ainda sem acreditar, J.V. caminhou de volta até o palco para aceitar o envelope do diretor, confirmando que ele havia passado para a próxima (e última) fase do concurso e se virou para encarar aquela multidão de gente.
Olhando para seu lado, seus concorrentes, apenas duas pessoas: uma menina que havia apresentado o monólogo de Hamlet e um rapaz que havia feito um show de mágica. Talentos tão diferentes, mas de certa forma tão bons, que ele ainda estava de certa forma surpreso por estar entre os finalistas.
Ele estava entre os finalistas...
Instintivamente, seus olhos procuraram os de Aspen na plateia, os encontrando fixos nele, como faróis o guiando pelos mares de confusão e alegria que sua vida havia se tornado. Ele... por mais que tivesse se esforçado, por mais que tivesse esperado...
A verdade é que J.V. nunca realmente achou que chegaria tão longe assim.
Agora iria para a capital do estado, se apresentaria em rede nacional... como faria isso? Como esconderia tudo isso de seu pai, como protegeria sua mãe de sua fúria quando ele descobrisse? E se ele fizesse algo com ela? E se esse sonho seu que parecia estar se formando em sua frente cobrasse um preço alto demais?
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Entre Cadernos e Notas
RomanceAspen vive com a cabeça nas nuvens. João Vítor, o JV, é um rapaz sob uma enorme quantidade de pressão. Para Aspen, que sempre foi considerada brilhante, JV é um idiota musculoso. Para JV, que sempre teve um grande dom para o esporte, Aspen era uma m...