POV do J.V.
Na manhã seguinte, J.V. acordou determinado a faltar a escola para visitar Liam – não que ele fosse contar para alguém, mas seu pai sabia que ele ainda teria aula naquela semana e, como não tinha treino naquele dia, provavelmente ficaria tomando conta para que ele não se atrasasse nem mesmo um minuto no caminho até em casa.
Então faltar a aula era sua única opção.
Por sorte, como as férias começariam logo na semana seguinte, nem mesmo os professores pareciam muito dispostos a dar aulas naquela semana – então ele provavelmente não perderia nada de importante... e o simples fato desse pensamento cruzar a sua mente o fez sorrir.
Aspen está me influenciando mais do que eu imaginava, pensou, rindo enquanto colocava a mochila nas costas, sempre fui responsável, mas nunca fui de me importar com a minha frequência nas aulas assim.
Ainda estava de bom humor até chegar na cozinha e se deparar com a casa estranhamente silenciosa – normalmente, naquele horário, sua mãe estaria preparando o café e cantarolando alguma coisa baixinho. O silêncio não era apenas estranho, era incômodo e perturbador e J.V. subitamente se lembrou do seu pensamento do dia anterior.
Sua mãe estava estranhamente ausente.
Nervoso, J.V. decide procurar a sua mãe antes de sair de casa. Mentalmente, se criticou pelo seu nervosismo, pelo seu estômago estar se contorcendo e por estar sentindo calafrios: seu pai podia ser muitas coisas, mas ele nunca tinha machucado a sua mãe... pelo menos, não fisicamente. Ele não é do tipo que bate em mulher.
Mas o olhar dele estava tão estranho na noite passada..., uma vozinha sussurrava no ombro de J.V., quase como que naqueles desenhos animados onde um anjinho e um diabinho ficavam nos ombros do protagonista. Ele pode ter feito alguma coisa dessa vez.
Ele não faria isso, J.V. argumentou consigo mesmo. Ele não é assim.
Tenho certeza de que nenhum criminoso é assim... até que ele é, não é mesmo?, a voz argumentava de volta, fazendo J.V. querer gritar.
Sua mãe, pensou, apressando o passo em direção à área de serviço, era só ele encontrar a sua mãe, ver que ela estava bem e que tudo isso não parecia de coisas da sua imaginação.
Mas ela não estava na cozinha, nem na área de serviço ou na sala, nem mesmo no banheiro ou em seu quarto, onde seu pai ainda dormia pesado.
Onde estaria a sua mãe?
Nervoso, J.V. quase estava ligando para a polícia quando ouviu um barulho vindo do quintal.
Correu para lá, seus passos apressados nem um pouco silenciosos até que viu que, para seu grande alívio, sua mãe ajoelhada em frente ao canteiro, Pombinho investigando o que ela estava fazendo com clara curiosidade.
– Mãe, a senhora quase me matou do coração, – J.V. disse, soltando todo o ar que ele não tinha notado que estava segurando. – tá tudo bem com a senho—
Foi um reflexo, tão rápido que J.V. não tinha certeza de que tinha visto o que ele achava que ele tinha visto.
– Mãe? Suas mãos...?
– Ah, tá tudo bem, filho. – ela sorriu, mas era um sorriso pequeno. Triste. – Você dormiu bem?
– Eu to bem, mas as suas mãos... a... a senhora se machucou? Foi o pai que...?
– O quê? – Ela desviou o olhar para as mãos e viu, meneando a cabeça – Ah não, querido. Estou bem. Estou cuidando do jardim, isso é só um pouco de terra que ficou.
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Entre Cadernos e Notas
RomanceAspen vive com a cabeça nas nuvens. João Vítor, o JV, é um rapaz sob uma enorme quantidade de pressão. Para Aspen, que sempre foi considerada brilhante, JV é um idiota musculoso. Para JV, que sempre teve um grande dom para o esporte, Aspen era uma m...