Capítulo 08

1 0 0
                                    

Jimin

Foi desconcertante como Jungkook o observava, Jimin percebeu quando ele carregou o caminhão com madeira de sucata do celeiro e enxugou a testa com sua camisa. Não que isso significasse algo além de que o homem o estava vigiando. Ou talvez curioso como ele estava melhorando o celeiro. Mas havia outra parte dele que se perguntava outras coisas também - sobre o quão isolado Jungkook parecia, e como, às vezes, quando Jimin trabalhava sem camisa, ele podia sentir o olhar de Jungkook nele, mesmo através da janela do segundo andar, onde ficava localizado seu escritório.

Não que Jimin fosse algo para se olhar. Ele certamente estava em forma por malhar na prisão, também por ter poucas oportunidades para comer. Havia pouco mais a fazer em seu bloco de cela além de ler uma tonelada de merda, participar das aulas oferecidas ou participar das porcarias que ele não queria participar. Sua sentença tinha sido curta em comparação com os condenados à prisão perpétua, então ele manteve o nariz limpo e isso funcionou em seu proveito.

Mas havia definitivamente momentos em que ele queria brigar, gritar e atacar qualquer coisa ou alguém próximo a ponto de ficar preso atrás de barras de concreto e aço. E então houve as intermináveis noites em que ele foi deixado para lidar com seus pensamentos, a solidão perfurando um buraco em seu peito. Por duas vezes ele se deixou ser maltratado e fodido contra a parede do chuveiro, porque já tinha se passado muito tempo e mãos de alguém nele eram melhores do que nada.

Poderia explicar o que estava acontecendo com ele agora, como sua imaginação estava tirando o melhor dele em relação a seu chefe. Além disso, Jungkook era um homem atraente. Sua mandíbula suave o fez parecer mais jovem, mas seus olhos contavam uma história diferente. Sob a melancolia, havia um mundo de experiência naquelas esferas azuis da meia-noite.

Jimin olhou para a casa e ficou tenso quando viu Jungkook pela janela da cozinha, na pia. Seus olhares se chocaram, depois Jungkook voou para longe. Jimin considerou brevemente que Jungkook só poderia estar curioso sobre suas tatuagens, a maioria das quais ele havia feito na prisão. Um navio pirata, placas de identificação para homenagear seu avô, algumas flores e peixes para representar a natureza, porque ele sentia falta de estar do lado de fora e sujar as mãos.

Deslizando a camisa sobre a cabeça, ele notou que o sol estava alto no céu, o que significava que era meio-dia e sem dúvida Jungkook estaria preparando o almoço para ele. Era algo que ele esperava, não apenas porque estava sendo alimentado, mas porque era um gesto gentil e um vislumbre real do único ser humano que ele via há dias, mesmo que ele sempre desaparecesse no andar de cima logo depois.

Ele sentiu como se fossem duas sombras mal cruzando o caminho, e, verdade seja dita, a solidão o estava matando. Ele observou enquanto Jungkook se dirigia para a grade do lado de fora e colocava o prato no chão - normalmente um sanduíche e algumas batatas fritas ou uma salada de lado.

Ele rapidamente subiu os degraus da varanda antes que Jungkook pudesse se retirar novamente. — Obrigado.

— De nada — Ele respondeu e depois hesitou antes de pegar a maçaneta da porta de tela.

— Sabe, acho que posso acreditar em fantasmas — disse Jimin com expectativa, e Jungkook congelou. — Ou talvez sejam simplesmente sinais e coincidências. Quem sabe.

Jungkook se virou para olhá-lo, as sobrancelhas unidas. — Hã?

— Você me fez essa pergunta na primeira noite em que estive aqui — Ele respondeu, e Jungkook assentiu, a compreensão surgindo em seu rosto. — Eu... bem, se for verdade, espero que meu avô esteja comigo. Eu não o vi antes que ele morresse, e eu posso senti-lo algumas vezes.

— Sinto muito por sua perda — disse Jungkook com uma voz hesitante. — Isso é parte da sua longa história?

— Definitivamente, e eu... eu não sei o que acontece quando as pessoas morrem, mas espero que ainda possam estar com você de alguma forma. — Ele respirou fundo, forçando a continuar. — Li em algum lugar que somos todos feitos de luz solar e poeira estelar¹. Então, talvez, sempre que você olhar para o céu, da manhã ao anoitecer, esteja se conectando com elas de alguma maneira. 1 Luz solar e poeira estelar é o nome do livro

De luz solar e poeira estelarOnde histórias criam vida. Descubra agora