Capítulo 18

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Jimin

Demorou alguns dias, mas Jimin havia terminado de retirar completamente o telhado do celeiro. Ele havia pego emprestado a caminhonete de Jungkook por várias viagens para transportar o lixo para o aterro. Jungkook confiava nele para não bater, nem sequer olhava ao passar as chaves, e isso significava tudo.

Depois, dirigiu-se à loja de ferragens para obter informações sobre mais madeira compensada e telhas, que precisavam de pedidos especiais.

— Isso dá muito trabalho para um homem — disse o cara atrás do balcão, e ele o reconheceu como o homem que o deixou preencher um requerimento no primeiro dia. Seu crachá o identificava como Andy, e Jimin pensava que ele provavelmente era o dono.

Seu punho cerrou quando ele se perguntou se Andy era o único a ajudar a espalhar o boato sobre ele ser um criminoso, então ele manteve suas respostas curtas e doces. — Sim, mas estou pronto para a tarefa.

Se houvesse uma loja alternativa de madeira nas proximidades, ele a teria utilizado, mas essa era uma cidade pequena. Portanto, era melhor manter a cabeça erguida e deixar a especulação rolar sobre ele. Só importava o que Jungkook pensava, e Jimin queria ajudar a fazer seu sonho tomar forma com o celeiro, o que quer que fosse. Mas ele teve a impressão de que Jungkook realmente não sabia, que estava se sentindo no escuro, igual a ele.

Você é tudo que tenho.

Porra, quando Jungkook admitiu isso em voz alta, parecia um sino tocando seu coração. Ele queria envolver o homem em seus braços e abraçá-lo. Mantê-lo seguro.

Eles não haviam discutido o beijo da outra noite, mas as coisas não pareciam estranhas entre eles, e isso foi um alívio. De qualquer forma, às vezes ele sentia o olhar intenso de Jungkook nele, talvez processando o que havia acontecido, e outras vezes o homem oferecia um sorriso torto que aquecia Jimin na ponta dos pés.

E cada vez que ele entrava no celeiro, seus olhos se voltavam para o canto onde Tom havia descrito o sótão, e imaginava ele e Charlie loucamente apaixonados, caídos no feno. Porra, ele não podia acreditar que Jungkook o beijara de volta. Ele queria mais do mesmo, mas de jeito nenhum ele o pressionaria por nada, a menos que Jungkook pedisse.

Por enquanto, ele estava satisfeito em passar seus dias com o homem, e se a tensão aumentasse entre eles, sua mão sempre funcionava bem.

Eles foram pescar naquele fim de semana, Jungkook insistindo que precisavam de uma folga do trabalho.

O sol estava começando a rastejar ainda mais no céu, uma brisa leve esfriando sua pele enquanto descansavam suas varas lado a lado na água.

— Como era a prisão? — Perguntou Jungkook inesperadamente, depois se encolheu. — Desculpe, não é da minha...

— Tão horrível quanto você imagina — respondeu ele, lembrando o quão ingênuo tinha sido sobre o mundo a princípio. Ele aprendeu rapidamente como permanecer invisível e útil. — Mas não tão ruim se você se aproveitasse das coisas que eles ofereciam. O pior foi ter muito tempo atoa. Então, me inscrevi nas aulas, li muitos livros, mantive meu nariz limpo.

— Que tipo de aula? — Perguntou Jungkook, e Jimin notou como seus cílios longos roçavam suas bochechas à luz do sol. Se ele tivesse coragem, ele se inclinaria e o beijaria naquele momento.

— Eu me apeguei aquelas onde eu poderia usar minhas mãos. Marcenaria, elétrica, aulas de arte, até alguma jardinagem. Deixei a educação e as coisas da Bíblia para os outros — Jimin refletiu, e Jungkook riu. — Minha mãe saiu quando eu tinha dezesseis anos. Ela era uma criança quando me teve e foi viciada em uma droga ou outra. Eu não conhecia meu pai, além de ouvir o nome dele uma ou duas vezes. Meu avô me criou; ele era a única figura paterna real que eu conhecia. Ele era o guardião do nosso prédio e sempre fazia trabalhos paralelos, então aprendi um pouco de tudo.

De luz solar e poeira estelarOnde histórias criam vida. Descubra agora