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Quando acordei no dia seguinte, Sol já tinha chegado. O cheiro de café fresco foi o que me despertou e eu vi uma xícara do líquido ainda fumegante na mesinha ao lado da minha cama.

-Santa Sol-murmurei, me esticando para pegar a xícara, sentindo uma pontada na minha cabeça.

Enquanto sorvia a bebida devagar, recostada na cabeceira da cama, as lembranças da noite anterior foram voltando à minha mente ea vontade que eu tinha era abrir um buraco no chão e me enterrar nele. Não me lembrava de antes já ter feito uma coisa tão errada assim. Mesmo Clara dando em cima de mim descaradamente, o que eu tinha feito era abuso. Ela estava dormindo o tempo todo e eu...

- Céus! O que eu fiz? - resmunguei, repousando a xícara já vazia de volta à mesinha e enterrei meu rosto entre as mãos.

Eu sabia que não teria mais coragem de encarar Clara depois disso. Precisava comprar uma passagem para Phoenix e obrigá-la a voltar para casa o quanto antes. Ainda hoje se fosse possível.

Ignorando a dor que fazia minha cabeça latejar, tomei um banho um pouco demorado e desci já pronta para o trabalho, mesmo ainda faltando quatro horas para iniciar o meu turno. Mas a última coisa que queria agora era estar em casa quando ela acordasse.

- Bom dia, Dra. Weinberg - Sol cumprimentou enquanto eu descia as escadas com a maleta na mão. Já vai para o hospital?

- Sim. Preciso resolver algumas coisas por lá.

- Não quer comer alguma coisa? Faço algo rápido para a senhora.

- Não, obrigada, Sol. Preciso ir agora. E obrigada pelo café.

Talvez percebendo o meu humor, ela não me acompanhou até a garagem como sempre fazia, e me desejou um bom dia de trabalho ainda parada ao lado da escada com as duas garrafas de vinho da mão. Quando percebi esse detalhe, me senti corar como uma adolescente, ainda mais envergonhada pelas coisas que tinha feito e andei apressada até a garagem, entrando logo no carro.

Comi alguma coisa em uma das lanchonetes perto do hospital e fui direto para o trabalho. Não foi surpresa para ninguém me ver chegando mais cedo que o horário marcado, porque eu fazia isso o tempo todo, chegando antes do meu turno quando estava sem fazer nada em casa. Dispensei o Dr. Cook, avisando que ia assumir o turno agora e ele foi feSol para casa, descansar e ficar com a família.

Por volta das três da tarde, terminada a reunião com os diretores do hospital e a segunda ronda do dia pela emergência, eu parei na minha sala para descansar um pouco e organizar as ideias. Sabia que precisava mandar Clara de volta para casa, mas antes tinha que falar com os pais dela para explicar a situação. E para isso teria que ligar para Théo para pedir o número deles.

Levou quase quinze minutos para que ele atendesse a ligação, depois de eu muito insistir.

- O que é? - ele perguntou com a voz irritada, quase gritando.

- Veja lá como fala comigo, rapaz - repreendi, me sentindo ainda mais irritada com ele.

-Ah, desculpa, mãe. Não sabia que era a senhora. Não reconheci o número ele falou, mais calmo agora.

-Estou ligando do hospital. De qualquer forma, não posso demorar. Estou ligando apenas para pedir o número do telefone dos pais de Clara .

-Para quê? - ele perguntou desconfiado.

- Preciso falar com eles.

- Sobre o quê?

- Não é da sua conta.

- É claro que é. Clara é minha namorada - ele argumentou. Se a senhora está querendo falar para os pais dela o que eu fiz, eu...

- Théo , eu tenho mais a fazer do que perder meu tempo fofocando. Preciso do número deles e você vai me dar se não quiser que eu corte a sua mesada.

Sweet sin (Doce Pecado) - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora