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Quando cheguei em casa, logo senti o aroma do jantar no ar, mas ignorei aquilo por um instante e me dirigi à sala, de onde ouvia o som da televisão ligada. Ao me ver, Clara  imediatamente a desligou e ficou em pé, tentando calçar as pantufas que estavam no chão.

-Desculpe ter ligado a televisão – ela pediu, parecendo nervosa. – Fiquei um pouco entediada.

Andei calmamente na sua direção, vendo-a franzir o cenho quando cheguei perto demais e sentei no sofá onde ela estivera.

-Sente, por favor – pedi num tom baixo, tentando organizar as ideias na minha mente, enquanto me obrigava a parar de pensar no quanto ela estava doce naquela roupa.

Respirei fundo antes de começar a falar, só o fazendo depois que Clara  estava acomodada no sofá, sentada quase de frente para mim.

- Eu não vou negar que o que você fez me magoou muito, Clara . Não apenas por conta do que já sentia, como também porque eu nunca esperava que você fosse capaz de fazer aquilo. E nem coloco a culpa completamente na sua imaturidade, porque você foi esperta o bastante para traçar aquele plano idiota.

- Helena , eu-

-Me deixa terminar, por favor – pedi num tom firme, a silenciando. – Mas eu também estaria sendo egoísta em colocar toda a culpa do fim do nosso relacionamento nas suas costas. A verdade é que eu não sei se devo te perdoar, Clara . Não porque você não mereça ou porque eu tenha deixado de te amar... – Respirei fundo mais uma vez, me obrigando a continuar quando um brilho de esperança surgiu nos seus olhos castanhos. O fato é que eu não acho que nós devemos ficar juntas. Seria errado por muitos motivos. Nós começamos isso da forma errada. Não apenas porque, no começo, para você isso nada mais era do que uma vingança contra Théo . Mas eu também agi errado ao consentir com essa traição. Era o meu próprio filho a quem estava enganando. E não importa o quanto você ache que ele mereceu isso, mas continua sendo errado. Mas também tem o fato de que você é muito jovem, Clara .

Ela ia me interromper mais uma vez, mas não lhe dei oportunidade, continuando a falar tudo que precisava,

- Isso não sou eu voltando ao meu preconceito com a nossa diferença de idade-me apressei a esclarecer. Você tem dezoito anos e toda uma vida em Phoenix. E era nesse ponto que eu queria chegar. Porque não sei se conseguiria deixar minha cidade para tentar algo ao seu lado, quando tudo pode nem dar certo entre nós no final. E também não posso te pedir para largar tudo lá e XXX

-Isso não é você tentando me juntar com

Clara  de novo, é, Sol ? – perguntei, me

Qualquer som diferente que ouvisse na casa. E, mais uma vez, ela fora embora sem se despedir.

Recostando na poltrona, olhando ao redor para o meu escritório do hospital que definitivamente estava precisando de uma reforma.

Sol  tinha me enviado uma mensagem mais cedo pedindo para que eu lhe ligasse durante o meu intervalo, e agora me pedia para que fosse à sua casa quando pudesse.

- Minha mãe disse que a senhora falou com ela – Sol  explicou, embora não tivesse respondido minha pergunta de forma direta. – Eu só gostaria de agradecer, mas pessoalmente. ELumiar  também quer falar com a senhora. Então quando der, não precisa ter pressa, mas-

- Tudo bem. Acho que dá para ir hoje mesmo.

Obrigada, Dra. Weinberg

Conforme prometido, ao final do turno fui direto para a casa de Sol,  combinando também de passar a virada do ano por lá, por insistência dela e de Andrea. Assim que encerrei meu turno, tomei um banho e vesti uma roupa que sempre deixava de reserva na minha sala. Por sorte, a chuva e a neve tinham dado uma trégua. E embora ainda houvesse muitos destroços de galhos por conta do vento forte, consegui chegar antes das nove da noite.
Assim que cheguei, Andrea logo me disse para subir, avisando que Normani estava à minha espera comLumiar . Queria perguntar onde Clara  estava, mas como não a vi no andar de baixo, deduzi que ela provavelmente estaria com a amiga no quarto. Ao menos não precisava ficar sozinha com ela e acabar ouvindo algo que não estava preparada. Ou falando algo que poderia me arrepender.

Mas quando entrei no quarto, no entanto, depois de bater e ser autorizada a entrar, quase dei meia volta e saí correndo daquela casa. O problema é que meus pés grudaram no chão, enquanto meus olhos grudavam naquela garota deitada ao lado de Sol,  usando nada mais que um minúsculo short rosa e uma camiseta combinando, deitada de bruços de costas para a porta, lendo um livro qualquer enquanto seus pés balançavam no ar. E eu sabia que havia mais pessoas naquele quarto, mas simplesmente não conseguia vê-los.

Um nó se formou na minha garganta e me obriguei a desviar o olhar, só conseguindo me mover quando percebi alguém se aproximando pela minha visão periférica. Então me dei conta de queLumiar  estava parada à minha frente com uma mão estendida.

-Como vai, Dra. Weinberg? – ela cumprimentou educadamente, um sorriso no seu rosto.

-B-bem-gaguejei, tendo que pigarrear para soar mais natural. – E você,Lumiar ?
-E você, Sol,  como está? – perguntei, ainda parada no mesmo lugar por puro medo de me aproximar daquela cama, mas me forcei a manter o olhar fixo no rosto daquela que me encarava como se tentasse conter um riso.

- Bem, obrigada, Dra. Weinberg.

- Sol  disse que a senhora falou com a mãe dela ontem –Lumiar  falou, apontando para uma cadeira perto da sua onde ela voltava a sentar, e eu me movi até ela, sentando de forma quase automática. – Não vou dizer que tenho certeza de que meu relacionamento com ela vai ser perfeito de agora em diante, mas seja lá o que a senhora tenha falado, foi o suficiente para fazê-la mudar muito comigo.

- Fico feliz  de ter ajudado,Lumiar .

- Ela conversou comigo hoje mais cedo, sabe – ela continuou. – Disse que não tinha nada contra mim de uma forma específica, mas que não achava que o nosso namoro era certo. Eu pensei que ia ouvir toda aquela conversa de novo que terminaria com ela me expulsando daqui, mas Andrea falou também que via o quanto eu fazia a filha dela feliz  e que estava disposta a me dar uma chance.

- Eu ainda achei um pouco injusto da parte dela -Sol  comentou eLumiar  riu, pegando sua mão.

Do jeito que as coisas estavam antes, meu amor, - eu só tenho a agradecer pelo que ela nos ofereceu.
-Sol,  escuta isso – Clara  falou de repente num tom baixo, mas eu estava tão ciente da sua presença, que podia ouvir até mesmo a sua respiração.Lumiar  continuou falando algo, mas não conseguia ouvir. Minha atenção estava completamente focada nela, embora meus olhos continuassem na mulher à minha frente. – “Você provocou o incêndio. Está rugindo quente. Meus lombos estão queimando. Eu não vou esquecer de você. Você aqueceu o coração que estava desgarrado. Esperança renovada. A luxúria tomou controle. Você tem os movimentos. Eu mal posso esperar para o nosso próximo encontro se reaSol ar. Esperando que seja mais cedo que o anterior, e cada vez melhor. Desejo de

Mergulhar-“

-Clara , pare! – ordenei por entre os dentes, a interrompendo. Meu olhar estava voltado agora apenas para minhas mãos sobre meus joelhos, mas o silêncio que dominou o quarto naquele instante era um claro sinal de que ninguém tinha entendido bem aquele meu tom brusco. Clara , no entanto, entendera perfeitamente.

-O que eu fiz? – ela perguntou com a voz falsamente inocente e meu olhar rapidamente disparou na sua direção.

Apesar da sua expressão estar séria, com uma leve surpresa estampada, seus olhos brilhavam de uma forma diferente, Daquela mesma forma que ficava quando ela estava tramando algo para me tentar ou quando estava excitada. E ela nem mesmo se abalou com o meu olhar duro e irritado.

Não me dei ao trabalho de responder à sua pergunta e voltei a atenção aLumiar .

-Você estava dizendo...?

-Eu... Er...-Thaiga lançou um olhar a Sol  como se pedisse por ajuda, e eu vi pelo canto do olho quando ela deu de ombros. – Eu estava falando sobre... Sobre... Estava dizendo que sempre que a senhora quiser ir ao bar, será muito bem vinda. Por conta da casa. Como agradecimento pelo que fez por nós.

Não tive chance de lhe agradecer pelo convite, porque ouvimos a mãe de Sol  a chamando do andar de baixo.

-Ela tem que parar de te fazer de empregada – Sol  comentou enquantoLumiar  levantava rindo.

- Não me incomodo de ajudá-la, amor. Ao menos isso me dá chance de conhecê-la melhor e deixar que ela me conheça também.

Depois que ela saiu, um silêncio estranho invadiu o quarto, ninguém parecendo saber o que falar, mal se atrevendo trocar olhares. Já estava pensando em sair do quarto e oferecer minha ajuda no lugar deLumiar  quando Sol  começou a se mover na cama, fazendo menção de levantar.

-Me ajuda a ir ao banheiro, Clara ? – ela pediu, estendendo uma mão a amiga que prontamente ficou em pé para lhe ajudar.

O problema é que isso fez com que ela ficasse ainda mais exposta para mim. Suas pernas nuas passaram ao meu lado quando ela começou a levar Sol  até o banheiro, apoiando-a pela cintura enquanto a outra mancava, evitando pisar no chão. Praticamente pulei para longe, com medo de que Clara  acabasse esbarrando em mim sem querer. Ou de propósito. Assim que Sol  ficou sozinha dentro do banheiro e Clara  se recostou ao lado da porta fechada para esperá-la, resolvi dar um basta naquela situação.

- O que deu em você, Clara ? – perguntei, falando por entre os dentes enquanto me forçava a olhar apenas para o seu rosto, e não para suas pernas. Ou para o pedaço da sua barriga que a camisa curta deixava visível. Ou como aquela roupa rosa e de babados a fazia parecer ainda mais com uma Lolita.

-Eu? O que eu fiz? – ela perguntou novamente com aquela fingida inocência.

- Não se faça de boba. Você sabe muito bem do que estou falando. E eu espero que você pare com isso agora mesmo!

- Parar com o quê, Helena ? – Então, como se apenas aquele fingimento não fosse suficiente, Clara  ainda ficou na ponta dos pés, franziu o cenho e mordeu o lábio inferior, tudo ao mesmo tempo, me deixando sem reação por alguns

Segundos.

-Pare de tentar me seduzir, Clara ! – ordenei, por muito pouco não gritando, e me adiantei até ela, sentindo toda a raiva me dominar. A minha vontade era pegá-la pelos ombros e sacudir seu corpo, mas no instante em que minhas mãos chegaram aos seus ombros, um sorriso que nada tinha de inocente atingiu seus lábios.

-Era só um teste para você, Helena  – ela comentou com aquele sorriso perverso nos lábios e então deu um passo à frente, me forçando a recuar com a intensidade do seu olhar. – Só precisava saber se você ainda era afetada por mim dessa forma. E agora que tenho a resposta – Clara  continuou, me empurrando de leve pelos ombros. Pensei que fosse cair no chão, tão fraca e surpresa que estava com aquela sua atitude, mas caí sentada na cama de Sol,  vou atrás do que é meu.

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- Clara ...

- Você não tem o direito de escolher por mim, Helena  – ela continuou, subindo no meu colo, sentada de frente para mim com um joelho de cada lado no meu quadril. – Se eu quiser deixar tudo para trás e ficar aqui com você, é uma decisão só minha. E se eu quiser ir embora, vai ser porque eu quis, e não porque você me expulsou da sua vida, numa idiota tentativa de ser nobre. Escute bem o que vou falar – Clara  praticamente ordenou, segurando meu rosto entre suas mãos, me forçando a encará-la. Não que eu conseguisse olhar para outro lugar no momento. -Eu não quero que você seja nobre. Eu quero você, Helena . E acho que você lembra bem que eu sempre corro atrás daquilo que quero, não lembra? E enquanto tento te convencer de que não vou a lugar nenhum – ela continuou, agora guiando minhas mãos para a suas coxas nuas. Apertar a carne macia foi como agir por instinto – o que acha de brincarmos um pouco?

-Opa, desculpem.

Quase pulei da cama quando ouvi a voz de Sol  e a vi parada à porta do banheiro apoiada no portal de madeira. Só me contive por Clara  ainda estar em cima de mim.

-Saia, Clara  – pedi num tom baixo, usando as mãos que estavam nas suas coxas e a levei ao seu quadril, erguendo-a no ar e então a tirei de cima de mim.

Assim que ela voltou para ajudar a amiga, levantei apressada, ficando de costas para as duas, para que não vissem o meu estado de crescente excitação apenas por esse breve contato com Clara . Fiquei encostada ao lado da janela olhando para a escuridão na rua lá fora, enquanto ouvia as duas conversarem em sussurros. Não podia entender tudo, mas ouvi alguns pedidos de desculpas de Sol,  e outras vezes era Clara  dizendo que estava tudo bem.

Não, não estava nada bem. Porque se Clara  estava mesmo disposta a me seduzir com aquele joguinho novamente, sabia que dificilmente conseguiria resistir.

Dificilmente?

Lancei um novo olhar para Clara  que agora estava debruçada ao lado de Sol  ajudando a arrumar seus travesseiros, deixando seu quadril em evidência com sua bunda empinada bem na minha direção, Eu definitivamente não conseguiria resistir.

Estar em cima de mim.

-Saia, Clara  – pedi num tom baixo, usando as mãos que estavam nas suas coxas e a levei ao seu quadril, erguendo-a no ar e então a tirei de cima de mim.

Assim que ela voltou para ajudar a amiga, levantei apressada, ficando de costas para as duas, para que não vissem o meu estado de crescente excitação apenas por esse breve contato com Clara . Fiquei encostada ao lado da janela olhando para a escuridão na rua lá fora, enquanto ouvia as duas conversarem em sussurros. Não podia entender tudo, mas ouvi alguns pedidos de desculpas de Sol,  e outras vezes era Clara  dizendo que estava tudo bem.

Não, não estava nada bem. Porque se Clara  estava mesmo disposta a me seduzir com aquele joguinho novamente, sabia que dificilmente conseguiria resistir.

Dificilmente?

Lancei um novo olhar para Clara  que agora estava debruçada ao lado de Sol  ajudando a arrumar seus travesseiros, deixando seu quadril em evidência com sua bunda empinada bem na minha direção. Eu definitivamente não conseguiria resistir.

Sweet sin (Doce Pecado) - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora