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Enquanto o carregador auxiliava Clara  com sua bagagem, cheguei à recepção e logo fui questionada sobre o nome que estava na reserva.

Esse era o problema de alguns hotéis da região. Sem reserva, mesmo tendo quartos disponíveis, eles simplesmente não aceitavam hóspedes. Não sei que tipo de estratégia de negócios era aquela, mas não queria perder tempo insistindo.

- Drew Humphries está no hotel? – perguntei sem me dar ao trabalho de responder à pergunta da recepcionista.

-Sim, senhora.

- Diga a ele que Bárbara Weinberg  está aqui.

Claro. Só um momento.

Eficiente como qualquer funcionária de um hotel como aquele, a recepcionista logo se ocupou com o telefone, passando a informação que tinha lhe dado. E exatamente no mesmo instante em que Clara  parou perto de mim, o gerente se aproximava, abrindo um sorriso ao me ver.
-Dra. Weinberg , que surpresa! – ele exclamou, dando a volta ao balcão para se aproximar e apertar a minha mão. – Como vai?

- Bem, obrigada. Espero que não tenha atrapalhado.

- Não, de forma alguma.

Conhecia Bruno Play Hard há cerca de cinco anos, quando ele sofrera um acidente de carro durante uma viagem e fora levado para o hospital onde eu trabalho. Fui sua médica durante as três semanas que ele ficara internado, e ele sempre me visitava quando ia fazer a fisioterapia. Com isso, acabamos desenvolvendo uma amizade que me dava abertura para pedir certas coisas.

- Preciso de um favor, Bruno – pedi depois de me afastar do balcão com ele, evitando que a recepcionista ou Clara  ouvisse a conversa.

-Claro. Se estiver ao meu alcance, farei o possível.

-Sei que é política do hotel não aceitar hóspedes sem reserva, mas você poderia abrir uma exceção dessa vez?

-Claro, Bárbara! – ele respondeu de pronto, abrindo um sorriso. – Você vai ficar por quanto tempo?

- Na verdade não é para mim. A garota que está ao lado do balcão-falei, fazendo um leve movimento com a cabeça para apontar naquela direção é uma amiga de Sol , que trabalha na minha casa.

- Sim, eu lembro dela. Garota simpática, muito atenciosa – Bruno comentou, lembrando do dia em que fora jantar na minha casa e Sol o mimara fazendo seu prato favorito.

-Bem, Sol sofreu um acidente de moto ontem, e Clara  veio de sua casa para visitá-la. Mas como não conseguiu se hospedar em lugar nenhum por não ter reserva, acabou no Flagstone. – Não fiquei nada surpresa quando ele fez uma careta ao ouvir o nome, conhecendo a reputação do lugar melhor do que eu.

- Não se preocupe. Vou mandar preparar um quarto para ela agora mesmo.

- Obrigada, Bruno.

Conforme prometido, voltamos para o balcão e ele rapidamente instruiu a recepcionista a fazer o check-in de Clara , pegando seus dados em seguida. Na hora de pedir o cartão, no entanto, me apressei a lhe dar o meu, mesmo sob protestos.

- Você não precisa pagar nada para mim – Clara  reclamou.

- Esse hotel custa duzentos dólares por noite,  Clara . Você vai querer pagar? – perguntei, arqueando uma sobrancelha quando ela me encarou chocada ao ouvir o preço.

Nada mais foi dito e a recepcionista se limitou a terminar de preencher o que faltava antes de entregar as chaves a Clara  que a aceitou em silêncio. E da mesma forma ela se afastou, seguindo o carregador que levava a sua pequena mala. Ainda fiquei um tempo ali a observando se afastar e entrar no elevador, antes de me despedir de Bruno e voltar para o meu carro que o manobrista rapidamente trouxe.

Sweet sin (Doce Pecado) - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora