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"Amor não é amor, se quando encontra obstáculos se altera, ou se vacila no mínimo temor. Amor é um marco eterno, dominante, que encara a tempestade com bravura; É astro que norteia a vela errante, cujo valor se ignora lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora, seu alfanje não poupa a mocidade; Amor não se transforma de hora em hora, antes se afirma para a eternidade."

Por mais impaciente que estivesse, sabia que não poderia fazer nada para antecipar a minha saída daquele hospital. Meu turno já havia encerrado há mais de uma hora, mas as avenidas continuavam bloqueadas depois da neve que caíra durante todo o dia.

A minha impaciência não se devia, no entanto, à vontade de simplesmente sair do hospital. O problema é que eu tinha prometido a Sol que lhe visitaria aquela noite e logo ficaria tarde demais para dirigir até Port Angeles e voltar.

Tinha levado um susto ao descobrir que Sol sofrera um acidente de moto junto com Lumiar no dia anterior, o último da minha folga. As duas estavam voltando de uma curta viagem quando a moto derrapou no gelo na estrada, fazendo as duas caírem e desSol arem alguns metros pelo asfalto. Lumiar saira apenas com algumas escoriações, mas Sol - que ficara com o pé preso embaixo da moto - não apenas sofrera ferimentos no braço, como também fraturara a perna.

Quando Andrea, sua mãe, me ligara desesperada - para se dizer o mínimo, a minha vontade era ir até o hospital para onde Sol tinha sido levada e tentar fazer alguma coisa. Mas, depois que conversara com o traumatologista de plantão, fiquei mais tranquila ao saber que ela estava consciente e seria liberada logo na manhã seguinte. E eu tinha prometido visitá-la assim que encerrasse meu turno, mas as condições climáticas não estavam ajudando.

Tive que esperar mais uma hora além do tempo que já estava ali, até que finalmente recebi o aviso de que a estrada fora sido liberada. Mesmo sabendo que já estava um pouco tarde, peguei o carro e fui direto para Port Angeles, apenas avisando que chegaria em breve.

Me obriguei a dirigir com cuidado, sabendo que as pistas ainda estava escorregadias, e com isso, quando cheguei à Port Angeles, já passava das nove da noite.

Estacionei em frente à casa de dois andares, descendo logo em seguida, vestindo o casaco pesado enquanto andava até a porta. Não levou nem um minuto do instante em que toquei a campainha até Andrea vir abrir com o sorriso tão parecido com o da filha.

- Ah, Helena , que bom que você chegou.

Estava começando a ficar preocupada - Andrea

Cumprimentou, levemente esbaforida, enquanto abria espaço para que eu entrasse e me ajudava a tirar o casaco que mal tinha terminado de vestir.

- Desculpe vir tão tarde, Andrea. Levou um tempo até liberarem as pistas depois da neve que caiu.

- Espero que você não tenha corrido nessa estrada. Depois do que aconteceu com Sol , fico até com medo de sair enquanto o inverno não acabar.

- Por uma vida, eu diria - ela reforçou, seu corpo estremecendo um pouco.

- E onde está a paciente?

- No quarto - ela respondeu, depois de pendurar meu casaco no cabide dentro de um armário ao lado da porta. - Você jantou?

- Comi algo no hospital, não se preocupe.

- Ora, mas eu me preocupo. Aquelas comidas de hospital não prestam. Vou preparar algo para você.

- Andrea, não precisa. De verdade.

Mas ela já nem me dava atenção, se limitando apenas a me indicar o caminho para chegar até o quarto de Sol , enquanto se encaminhava para a cozinha. Suspirando, sabendo bem que não adiantava insistir, apenas subi as escadas até a segunda porta do lado direito, onde Andrea tinha me mandado ir.

Sweet sin (Doce Pecado) - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora