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Parte de mim queria não se importar com isso e simplesmente deixá-la lá fora, mas o meu lado de médica me impedia de ver alguém naquele estado e não fazer nada, sabendo que ela poderia adoecer. Ou talvez eu apenas estivesse tentando me enganar quanto a achar que queria o pior para ela, quando claramente ainda me preocupava.

Tornei a pegar o meu casaco e saí da casa antes de pensar muito a respeito daquilo, porque eu sabia que, no fim, faria a mesma coisa.

- O que está fazendo aí fora? – perguntei, parada em frente à casa, falando num tom alto para que ela me ouvisse através do vento forte, em dúvida se me aproximava ou não.

Clara obviamente se assustou, pulando de onde estava. Meio desastrada, ela ficou em pé, tendo que se apoiar no meu carro quando seu corpo

Trêmulo de frio se recusou a se firmar.

- Esperando um táxi – ela respondeu apenas.

- Não há táxis nessa região e com-
- Eu liguei para uma empresa. Eles falaram que pode demorar um pouco.

-E com essa tempestade – continuei como se não tivesse sido interrompida – você não vai conseguir táxi em lugar algum. Talvez na orla, com muita sorte.

Bufando irritada, Clara lançou alguns olhares para a rua deserta, como se esperasse que um táxi surgisse do nada, mas logo desistiu quando viu que era uma esperança sem fundamento.

- Será que você poderia me dizer para que lado fica o Flagstone?

-Flagstone? – exclamei, esquecendo completamente de manter a postura distante que tanto me esforcei para exibir, apenas por ouvir aquele nome. – Você está no Flagstone?

-Estou – Clara respondeu recuando um passo quando me aproximei de forma involuntária.

- Aquilo é um motel, Clara . – Mas então, antes mesmo que as palavras terminassem de sair da minha boca, algo me ocorreu. Algo que eu

Preferia nem pensar a respeito. – Você veio com

Alguém?

Só então, ao parar perto de Clara , pude ver melhor seu rosto que a rua escura cobria de sombras. E foi com um aperto no peito que me dei conta de que ela estivera chorando. Não havia lágrimas no seu rosto, mas seus olhos vermelhos e inchados deixavam isso óbvio. Saber que aquilo tinha sido por minha causa, por mais que a desprezasse no momento, me fez sentir péssima.

-Sinto muito – murmurei, sem saber exatamente o que falar. Mas antes que pedisse desculpas por ter feito-a chorar, voltei à mim a tempo de não deixá-la perceber o quanto ainda me afetava, recobrando a postura firme e distante. – Isso não é da minha conta – completei, me referindo à pergunta feita anteriormente.

Já ia me afastando novamente quando sua voz me deteve.

- Eu não vim com ninguém – ela se apressou a falar, fazendo com que eu me voltasse na sua direção mais uma vez. – Eu só... O Flagstone foi o único que encontrei que não precisava reservar antes.

Eu não queria sua explicação. A vida daquela pessoa não me dizia mais respeito algum. Ainda assim, saber que ela estava sozinha me fez sentir um pouco melhor. Embora isso não significasse exatamente que ela estava solteira. Apenas que tinha vindo sozinha,

Mas, levando em consideração que ela havia me enviado aquela fatídica carta há cerca de três semanas, duvidava muito que ela estivesse namorando. Por outro lado, vindo de Clara eu esperava qualquer coisa.

-O Flagstone fica a cerca de três quilómetros daqui – respondi por fim. – E além do caminho ser perigoso para ser feito a essa hora, aquele lugar não é para você. Acho que você deveria mesmo aceitar o convite de Sol e ficar aqui.

Sweet sin (Doce Pecado) - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora