Maratona 1/4
Connecticut- New Haven
03/06/2020
- mãe!, por favor... não precisamos disso.- supliquei ao ver a entrada do hospital, eu não estava com tanta dor assim!.
- Claro que precisamos Camila, ora!, deixe de ser medrosa.- estacionou em uma vaga livre, puxando a pasta com meus documentos, que estava no porta luvas.
- parece que a dor passou.- me apressei a dizer, saindo do carro.
Tentar correr atrás de dona sinuhe foi uma péssima ideia, as pontadas fortes em meu abdômen, me fizeram gemer de dor ,me curvando para frente, com a mão no pé da barriga.
- passou desse jeito, Camila!.- entrelaçando nossos braços, seguimos a entrada do hospital.
Nossa caminhada até a emergência, foi extremamente longa, idosos, e adultos me olharam com certa surpresa.
Arg!, maldito dia em que eu fui nascer mulher!.
Me sentei em um dos lugares vagos, dona sinuhe conversava rapidamente com a recepcionista, que anotava algo rapidamente em seu computador.
- Oi amor da mamãe.- beijou minha testa, se pondo ao meu lado.
Olhei ao redor envergonhada, mamãe ainda me tratava como uma criança, eu já havia completado meus dezesseis anos.
- mãe.....para!.- resmunguei, começando a me irritar.
Estava com cólicas, menstruada, e com dores, poderia ter algo pior que isso?.
Passamos vinte minutos a espera do meu nome ser chamado, Karla Camila apareceu no telão, odiava o Karla do meu nome.
- boa tarde... Karla camila.- o doutor sorriu, ele parecia ter seus sessenta anos , nossa.... tá na hora de se aposentar.
- só camila.- murmurei, me contorcendo um pouco na cadeira.
- estamos com médicos recém chegados ao hospital, ele está estagiando no momento, posso chamá-lo para fazer a consulta?.- havia incerteza em sua voz , olhei para minha figura materna de olhos arregalados, nunca que eu deixaria um estagiário colocar as mãos em mim.
- por que não?, pode chamar doutor.- mamãe sorriu.
- mãe!.- sussurrei olhando para ela.
- doutor jauregui já está vindo, irei ficar na sala o tempo todo, caso esteja com medo , mocinha.- sorrir sem graça.
Estava roendo minhas unhas, ao a porta ser abertar, olhei sua silhueta, reparando o quão sua bunda era redonda, por estar de costas, ombros largos, pernas longas.
- boa tarde!.- virou de frente, mordir minha unha com tanta força, que meus olhos lacrimejaram.
Cabelo negro, grande o bastante para puxar, sobrancelhas grossas, nariz perfeito, boca rosada, sua pele branca e alva, o seu jaleco do hospital, combinou muito com ele , sexy e...
- Camila?..... Karla Camila!.- despertei da minha imaginação, engolindo três sapos de uma vez.
- cólicas....a quantos dias está menstruada?.- fiquei constrangida com sua pergunta, ele estava concentrado em meu prontuário.
- hoje faz exatamente três dias.- ele assentiu.
- me diz como está o fluxo.- respirei profundamente antes de responder.
- meu fluxo reduziu um pouco, desde que eu fiz um tratamento de três meses com anticoncepcionais.- por um segundo, ele parou de olhar os papéis e subiu o olhar para o meu.
Que olhos!.
- dezesseis anos..... certo, os anticoncepcionais foram indicados por um médico de confiança ou algo do tipo?.
- na verdade...foi a ginecologista da minha mãe, eu não tive consulta com ela, minha mãe falou o meu caso e ela passou os anticoncepcionais por três meses.
- sem receita, validade ou algo do tipo?.- ele parecia estar indignado.- as dores são constantes?.
- enquanto eu estiver.... menstruada, as dores vem fortemente.
- é virgem, Camila?.- fiquei vermelha, claro que os adolescentes na minha idade já estava com filhos, ele não precisa saber se sou virgem ou não.
- és virgem, Karla Camila?.- dessa vez, foi minha mãe que perguntou.
- mãe!, sério isso?, claro que eu sou.- e não era mentira.
- deita na maca, e abaixa a calça até sua região pélvica por favor.- se levantou, abrindo a gaveta, puxando duas luvas de dentro.
Fiz o que ele havia mandado, eu estava soando frio por dentro, não pude deixar de reparar em seus dedos longos e grossos, unha bem feita....
- licença...caso sinta dor , me avise.- assenti.
Segui sua mão, com o olhar, ele forçou o lado esquerdo do meu pé na barriga, bem próximo a minha região pélvica, sorrir, lembrando que não havia colocado minha calcinha de ursinhos.
Já no direito, sentir uma dor insuportável, gemi de dor , tendo sua atenção.
- não há flacidez, o lado esquerdo parece estar vazio, o lado direito, parece ter um coágulo ou uma inflamação, pode subir a roupa.- descartou as luvas no lixo, voltando a se sentar.- irei pedir uma abdominal total para semana que vem, isso pode ser cisto no ovários, tem alergia a algum medicamento?.
- não senhor.
Ele sorriu negando.
- não sou tão velho assim.- que sorriso meus amigos.- vou receitar uma caixinha de meloxicam, tomar um comprimido todo dia, durante sete dias , e irá tomar soro por agora.
Murchei em meu lugar, odiava tomar soro.
- obrigado doutor jauregui.- mamãe sorriu, se levantando, ele apenas retribuiu o sorriso, deixe Alejandro saber disso dona sinuhe.
- isso é apenas meu trabalho, caso precise, é só chamar, se me derem licença.- ele olhou para mim antes de sair do consultório.
- nunca duvidei do meu aluno!.- o médico que eu percebi ainda estar ali, estava com um sorriso radiante.
- ele é muito inteligente, doutor... entre nós, poderia me passar o número dele?.- arregalei os olhos, para dona sinuhe.
- oh... isto é contra as regras do hospital e....
- por favor doutor, minha filha gostou dele e.... ele é o genro perfeito!, o rapaz tem quantos anos?.
- irá fazer vinte e dois....por favor, nada de envolver meu nome.- anotou rapidamente o número em um papel, com o nome dele junto.
Lawrence jauregui.
- não se preocupe.- sorriu.- obrigada doutor.
Eu estava morta de vergonha, ele era lindo, charmoso, e se fosse casado?.
Tivesse filhos, família e... droga sinuhe.
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Doutor Jauregui
Ficción históricaApós um passado conturbado, Lawrence viu que não teve infância, desde pequeno, foi deixado de lado por sua mãe, assim tendo que crescer sozinho no mundo, carregando o seu diploma de ginecologista obstetra " doutor jauregui" • história de minha auto...