minha mágoa obscura

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"Eu e você sempre estávamos na mesma página, mas acabou que estávamos lendo histórias diferentes, Chuu"

"Não seja estúpido"

"Estúpido?"

"Por que eu não leria a mesma história que você?

"Você não entenderia as que eu leio"

"Então me explica!" — Chuuya vira para Osamu, o olhando no fundo dos olhos — "Eu quero entender"

"... Eu também… Quero entender…"

Chuuya sentia o vento ao seu redor, escutava cada pé que batia no solo, a marcha regular de seus subordinados, a voz de Akutagawa ordenando posição, a agência se aproximando e discutindo o plano de combate. Chuuya estava ciente de tudo ao seu redor conforme o amanhecer começava a fazer o céu mudar de cor, estava nublado depois de uma madrugada abafada. Sim, Chuuya ouvia e via tudo que estava acontecendo ao seu redor. Ele também sabia que não tinham como ter certeza dos números pela investigação superficial que fizeram, mas que tinham no mínimo duas pessoas muito perigosas lá dentro, assim como Dazai estava lá dentro. Pois é, Chuuya sabia do plano meticuloso que armavam e de como o ambiente era crucial para o sucesso. Chuuya sabia, mas não podia se importar menos. Dazai estava lá dentro, morrendo. Quem estava lá dentro com ele foi quem causou toda aquela dor e sofrimento. Em algum ponto Akutagawa e Kunikida vinham falar com ele, mas suas vozes pareciam muito mais distantes do que realmente estavam.

— Dazai de merda, tenho muito mais coisa para te dizer, então não ouse morrer antes de me ouvir. — Chuuya falava, mesmo sem Dazai estar na sua frente e começa a andar. Mais uma vez vozes o chamam.

Seus subordinados, confusos por Chuuya passar pela linha de frente antes da hora, Yosano chama por ele, assim como Akutagawa que não entende o que ele estava fazendo. O plano não era esse? Provavelmente não era, mas isso Chuuya não sabia. Ele não percebia mais nada ao seu redor, sua mente fez um corredor e no fim dele estava seu único objetivo. O céu parece entender o que estava acontecendo, o espaço ao redor de Chuuya começa a mudar conforme ele respira fundo tira as luvas.

— É… Um único invasor? — Um dos guardas questiona confuso aos seus companheiros e mesmo assim miram suas armas para Chuuya.

— Ele não é um executivo?! Mas… As ordens são… — O segundo estava tão confuso quanto o primeiro.

O terceiro deles foi quem tomou a frente, disparando contra Chuuya para o incapacitar. Era um rapaz bem instruído, que tinha acabado de sair do treinamento para sua primeira missão em campo. Ele sabia bem a teoria e achava ter espírito, mas para o azar dele, Chuuya não era simplesmente "um invasor", Chuuya era uma das maiores ameaças de Yokohama e um dos motivos é que contra ele as armas são inúteis, a força do inimigo é inútil. O adversário pode ser forte como for, mas nunca será mais forte que uma força natural, nunca será mais forte que a gravidade. Chuuya não mata seus companheiros, mas aqueles jovens não sairiam ilesos.

Os subordinados de Chuuya não perdem tempo ao entender como o plano mudou. Akutagawa então lembra que precisava comunicar à agência, que claramente estava ainda tentando assimilar o que fazer.

— Não era pra ele estar seguindo agora! Assim eles vão ser alertados! — Atsushi olhava de Kunikida a Yosano esperando um esclarecimento — Não deveria ser… Ele…

— Ele vai manter a infiltração, mas é assim que a Máfia do Porto faz as coisas. — Kyouka fala primeiro — A Agência matar é ilógico, afinal, nossos números já são pequenos… Mas uma organização como a Máfia matar os subordinados de uma outra? É apenas retaliação...

Osamu Dazai: Um Homem Em Declínio? (2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora