Osamu Dazai: Um Homem Em Declínio? (2021)

banquete em tempos de praga

[N/A acharam que eu tinha morrido mas só fiquei extremamente ocupada]

— Sabe, Dostoevsky, você me fez entrar num dilema pela primeira vez em muito tempo. — Dazai fala enquanto ele e Fyodor jogavam o jogo da faca, para não ficarem parados enquanto conversam — Mas eu cheguei a conclusão que eu tenho recursos mais eficientes que os seus, então não tem problema eu não ter comunicação.

— Bem, realmente seus subordinados têm força de vontade e autonomia, como você consegue isso deles? — Fyodor responde enquanto assiste Dazai brincar com a lâmina e voltar ao padrão de passar entre os dedos de forma rítmica.

— O segredo é se fazer de inútil, se eles acharem que você não consegue nada, uma hora eles começam a agir. — Dazai responde e logo adiciona — Isso também facilita para os fazer se mover como você quer.

— Mas daí não seria mais fácil só mandar?

— E correr o risco deles perceberem que você é o mais competente e jogaram responsabilidades em você?

— Mas nesse tipo de situação, se você tivesse a chance de dar uma ordem, não seria melhor com eles acreditando que você é competente?

— Se você me desse um comunicador agora, eu não diria nenhuma palavra. — Dazai diz e para de mover a faca, pensando um pouco — É, não acho que precise. Você tem que constantemente dar ordens para os seus, eu só preciso apontar um caminho, às vezes.

— Então você confia que eles vem te resgatar por conta própria?

— Não, duvido muito que eles consigam e queiram.

— Mas você não parece abalado com isso.

— Porque meu objetivo nunca foi ser resgatado. Se eles acreditam nisso, erro deles, mas pelo menos é alguma motivação. — Dazai dá de ombros e devolve a lâmina para Fyodor — Que horas são?

— Alguma coisa perto do anoitecer, eu acho? — Fyodor responde, assistindo Dazai se levantar e se espreguiçar.

— Então a qualquer momento eles devem ter tomado a base em que Pushkin… É esse o nome, né? Aaron, John, Hercules…. Alexander! Alexander Pushkin, né? — Dazai fala sorrindo e Fyodor gargalha.

— E eu achando que você estava minimamente surpreso quando te revelei o plano de fazer a Máfia e a Agência se destruírem! — Fyodor conclui rindo.

— Eu admito que eu não fazia ideia da função dele, só que era um rato e quando achei a base eu achei que seria onde iríamos te encontrar. — Dazai admite e continua a se alongar — Mas se é lá que estão, corrigindo, estavam se preparando para a destruição da Agência e da Máfia, não foi tão ruim mandar atacarem.

— Dosz, o Alexandre não está mais acessível. Parece que a base foi invadida ou algo assim, perdemos algumas garrafas de vinho. — Nikolai anuncia, surgindo na sala e Dazai deixa um riso escapar.

— Bem, você conseguiu um. — Fyodor dá de ombros — Mas você enganou seus subordinados, certo? Então essa foi sua jogada? Sacrificar a rainha?

— Bem, eu usei a motivação altruísta e sentimental deles, que provavelmente era a motivação mais forte. — Dazai dá de ombros sem demonstrar culpa — Mas você já deveria saber a essa altura, Dostoevsky, um peão sempre pode ficar forte como qualquer outra peça.

— Eu gostaria de achar isso impressionante, mas parece apenas desespero. — Fyodor provoca, Dazai ri.

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