"Chuuya, posso te contar um segredo?" — Dazai perguntava sem esperar resposta, olhando para o céu enquanto Chuuya estava deitado em seu colo.
O silêncio não interrompe Dazai, então ele respira fundo e continua a falar:
"Eu acho que há muito tempo atrás tinha sim… Digo, sobre a sua pergunta de se eu tinha algum lugar que eu gostaria de estar… Eu quase me esqueci… Um lugar para voltar, histórias que eu queria contar, pessoas que eu queria ouvir… Isso existiu, não é engraçado? Quando será que deixou de ser um conforto feliz e virou um desejo desesperado?" — Dazai ria sozinho, acreditando que suas palavras foram perdidas ao vento. Chuuya mantinha os olhos baixos, sem uma resposta, enquanto aos poucos ouvia aquela risada se perder em soluços.
— Chefe! — Um dos subordinados chama por Chuuya assim que ele atravessa a porta e cai de joelhos no chão pela falta de equilíbrio.
Chuuya não responde ao homem. Apenas consegue encarar as próprias mãos, as mãos que falharam em o agarrar, de novo.
— Ele sequer estendeu a mão… — Chuuya resmunga consigo mesmo e analisa a situação — Ele sabia que estaria assim?
— Chefe? — O subordinado chama, se aproximando devagar e Chuuya o olha, com raiva.
— O que estão fazendo aqui? — Questiona irritado enquanto fica de pé, o que faz o outro recuar.
— O senhor Mori disse que haviam chegado pistas do paradeiro de Osamu Dazai nessa área, nosso esquadrão foi um dos que não tinha sido mandado para busca e recebemos ordens diretas do Senhor Mori. — O subordinado reporta rapidamente, quase vacilando sob o olhar severo e assustador de Chuuya — Não esperávamos encontrar o senhor… A-alguma pista do Osamu? Devemos analisar a área?
— Já capturaram ele. — Chuuya diz, olhando para o galpão atrás de si — Podem reportar isso a Mori: Eu persegui Osamu Dazai até o galpão e então, durante nosso confronto, uma terceira figura apareceu e levou ele. Isso é tudo. Conto com você. — Chuuya diz sem interesse e salta, deixando todo o pelotão para trás. Não virou ao ouvir várias vozes chamando seu nome, aquilo não importava.
Ele apenas se movia sem pensar. As palavras que disse para Dazai eram apenas ressentimento e mágoa, e pensar que aquilo seria parte das últimas palavras que trocaria com ele antes de uma "despedida"... Chuuya se perguntava todo dia desde que Dazai sumiu o porquê de não ter o contado e de não ter considerado o levar junto, de não ter se despedido ou de tentar falar.
"Somos parceiros, droga!" — As palavras repetiam como uma prece na mente de Chuuya.
— Mas… Eu realmente ajudei alguma vez? — Ele questiona, compreendendo o peso daquelas palavras. Ele queria que Dazai dependesse dele tanto quanto ele depende de Dazai. Nessa confusão, seguindo sem rumo, Chuuya se viu no fliperama.
— Você! — Ranpo aponta para Chuuya, não exatamente surpreso em achar o ruivo, apenas assentindo — Entendo.
— O que você está fazendo aqui?! — Chuuya se irrita pela presença de Ranpo, apesar de que não era o detetive em si que o irritava.
— Salvando um amigo, e você? — Edogawa tira um pirulito do bolso e começa ao abrir — Não precisa responder, eu sou um super detetive, claro que eu sei o que você está fazendo aqui! Você… Veio chorar.
— MEU CU QUE EU VIM CHORAR, SEU… — No meio do chilique de Chuuya, Ranpo levanta a mão fazendo sinal para que ele parasse. Ele é pego de surpresa pelo gesto e realmente para por alguns segundos, o que é o bastante para Ranpo começar a falar.
— Nós sabemos onde o Dazai deve estar e como salvar ele, ao menos, temos a maior parte do processo. — Ranpo dizia, ganhando a atenção de Chuuya — Sabe, achei que você conseguiria entender ele já que são… Erro meu, ERAM tão próximos.
— Senhor Ranpo! — Ataushi vem correndo pelo outro lado do fliperama — Te achei! Senhor Chuuya, oi… O Dazai não está com você?
— Tá vendo algum suicida idiota aqui?
— Eu estou. — Ranpo diz tirando o pirulito da boca e apontando ele na direção de Chuuya — Bem aqui.
— O que você está insinuando, magrela? — Chuuya volta a se irritar com Edogawa.
— Que você é uma peça do nosso plano.
— Eu não sou peça de ninguém, seu-
— O senhor Dazai pediu por você, senhor Chuuya! — Ataushi fala, interrompendo a tomada de fôlego de Ranpo para retrucar e os insultos de Chuuya, tendo atenção dos dois — Bem… Mais ou menos… O senhor Dazai deixou claro nas entrelinhas que você, somente você, é a pessoa que ele alcançaria a mão sem sentir culpa por isso. Pelo que eu entendi observando e ouvindo ele, ele confia em você e vê mais valor em você do que a própria vida. Você é a única pessoa que o Senhor Dazai não parece sentir alguma obrigação.
— Bobagem… — Chuuya resmunga, encarando a mão que estendeu para Dazai.
— Escuta! — Ataushi diz alto e logo continua — O senhor Dazai deixou uma lista de protocolos, mas boa partes dele parece ser só uma piada se você levar em consideração somente os papéis, mas quando se consegue a informação completa, e conseguimos, eles são instruções precisas para esse tipo de momento de crise, mas…
— Mas também tem dizendo que se ele conseguir alcançar a morte, não deveriam o interromper. — Chuuya completa, revirando os olhos com a informação que já sabia — Ele fez um desses na época que… Bem, é o Dazai, o gênio de ouro, nada demais.
— Mas Chuuya…
— Dazai não quer ajuda, não que eu ligue para o que ele quer... — Chuuya logo adiciona por impulso e uma teoria surge no fundo do seu peito, de cera forma o machucando e as palavras rasgam para sair — Ele… Pediu a ajuda… De vocês?
— Somos uma agência de detetives, o cliente não precisa falar com todas as letras para que entendamos seu pedido. — Ranpo toma a fala mais uma vez — Além de que isso foi uma decisão tomada de forma burocrática, unânime para todos os presentes.
— Nós, da ADA, decidimos que iríamos proteger o sorriso do senhor Dazai até que ele possa dizer que está feliz por viver! — Atsushi diz com uma determinação inabalável, olhando para Chuuya e então se aproxima — Dazai deixou medidas de como o substituir e até alguns pedidos caso ele desaparecesse, mas como o senhor Ranpo disse: Não precisamos de uma Super Dedução para entender um pedido de ajuda.
Ataushi entrega para Chuuya um papel dobrado ao meio, aberto era só tamanho da palma da mão. No papel tinha um desenho chibi do Dazai estirando a língua e a escrita ao lado do desenho: De novo não.
Chuuya estremece, lembrando da expressão frágil de Dazai durante a conversa. Ele parecia pedir por ajuda como todas as vezes, e assim como todas as vezes, Chuuya era incapaz de oferecer aquela ajuda. Chuuya estava bravo por Dazai ter pedido o socorro da Agência de Detetives, mas ele olhou nos fundos dos olhos de Chuuya e disse: "Mesmo que esse adeus esteja machucando meu coração". Ainda assim, Chuuya foi incapaz de se mover a tempo.
"Foi difícil" e "Eu não sabia minha própria vontade" não poderiam ser as conclusões finais de Dazai.
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Osamu Dazai: Um Homem Em Declínio? (2021)
Fanfiction[Se passa após o arco da Guilda/2° temporada] [Foi escrita em 2021, então peço paciência com a escrita que oscila] "Torne-se um homem que ajuda os outros, mesmo que tudo ao seu redor se distorça, seja uma boa pessoa. Proteja os fracos, ajude os órfã...