𝕻𝖗𝖔𝖑𝖔𝖌𝖔

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𝕻𝖗𝖔𝖑𝖔𝖌𝖔



OLHA, EU NÃO QUERIA SER UMA MEIO SANGUE. Se você está lendo isto porque acha que pode ser um, meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo. Acredite em qualquer mentira que sua mãe ou seu pai lhe contou sobre seu nascimento, e tente levar uma vida normal.

Ser meio-sangue é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito doloroso e detestável.

Se você é uma criança normal, que está lendo isto porque acha que é ficção, ótimo. Continue lendo. Eu o invejo por ser capaz de acreditar que nada disso aconteceu.

Mas, se você se reconhecer nestas páginas - se sentir alguma coisa emocionante lá dentro - pare de ler imediatamente. Você pode ser um de nós. E, quando fica sabendo disso, é apenas uma questão de tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você.

Não diga que eu não avisei.

Meu nome é Persis Walker. Tenho dezesseis anos de idade. Até alguns anos atrás, era uma garota normal na cidade de Nova York. Gostava de livros, música, filmes, nada muito fora do comum. Mas isso mudou quando criaturas monstruosas começaram a ir atrás de mim.

Se eu sou uma adolescente problemática?

Sim. Pode-se dizer isso.

Eu poderia partir de qualquer ponto da minha vida curta e infeliz para prová-lo, mas as coisas começaram a ir realmente mal à exatamente quatro anos e dois meses atrás, quando eu e meu grupo de amigas fizemos um passeio até a Times Squere, afim de anunciar às pessoas nossa música.

Eu sei, parece vergonhoso ou brega. Mas, sinceramente, eu não ligo. Muitas pessoas passam a vida estudando para viver uma vida infeliz, onde são obrigadas a ter um trabalho estável com salário alto, para aprovação dos pais ou sociedade. Mas isso não era o que eu queria, e nem o que minhas amigas queriam.

Conheci elas quando entrei na escola. A escola possuía vários clubes que os alunos dirigiam. Enquanto olhava no quadro de anúncios, vi um certo clube com o nome estranho. Viva La Vida. Viva a vida. Aquilo me despertou um certo interesse. No minuto seguinte já me encontrava na frente da porta de pequeno clube. Quando abri a porta, vi que só tinham três membros, três garotas. A primeira foi Emilly, uma garota ruiva de olhos verde-grama com sardas espalhadas pelas bochecas; a segunda era Trace, uma garota de pele bronzeada, cabelos castanhos e olhos cor de safiras; a terceira era Brenda, uma garota de pele cor de chocolate com os olhos cor de mel. Eram todas lindas, pareciam até bonecas. Assim uma amizade que parecia durar séculos começou.

Cara, como eu estava errada.

Entenda: coisas ruins me acontecem quando eu estou feliz.

Como na minha antiga escola, quando fomos para o Central Park em um piquenique, aranhas, escorpiões, e todo tipo de inseto surgiram por todo canto. Poderia ser coisa da minha cabeça, mas pareciam estar atrás de mim. E antes disso... Bem, já dá para você ter uma ideia. E com essas amigas não seria diferente. Eu tinha a estranha sensação de que algo ruim aconteceria cedo ou tarde.

Enquanto arrumavamos o espaço ao qual iríamos cantar e dançar, senti um frio na espinha, como se alguém estivesse me observando ou desejando mal. Me virei para olhar e só vi Emilly, que vinha em minha direção com as caixas de microfones e de som em mãos.

𝘗𝘌𝘙𝘚𝘐𝘚 𝘞𝘈𝘓𝘒𝘌𝘙  |  𝙴 𝚘 𝙻𝚊𝚍𝚛ã𝚘 𝚍𝚎 𝚁𝚊𝚒𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora