Então É Natal...

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Catra estava saindo da Marginal para finalmente pegar uma avenida e chegar no bairro onde ficava a casa de suas mães, estava voltando para passar o Natal, e por ser dezembro, estava se sentindo muito incomodada já que não era nem nove horas da manhã, mas o clima já estava no modo amostra grátis de inferno.
Ela poderia estar com o ar condicionado ligado, mas uma tossezinha vinda do banco de trás a lembrou que o conforto de sua filha valia muito mais do seu desconforto, então acelerou para poder chegar logo e finalmente tomar um chá gelado que ela ansiava já estar na geladeira de suas mães a esperando.
Quando por fim parou o carro, nem precisou tocar a campainha e Hope já vinha toda feliz, ela passou reto pela filha já retirando a neta da cadeirinha dela – Cadê a princesa mais linda mundo? – Falou imitando um bebê.
- Essa costumava ser eu – Catra falou se aproximando da mãe, cutucou de leve a barriguinha da mais nova – Vai aproveitando enquanto o trono é seu...
- Não implique com a criança! Você queria o que? Que eu ainda te mimasse? Vê se toma vergonha na cara – A mais velha foi entrando deixando a filha boquiaberta e completamente atônita para trás.
- Eita, era só o que faltava – Catra pegou a mala e o berço dobrável da filha e entrou, trancando o carro no processo. Ela nem ao menos tentou pedir ajuda, já sabia que não conseguiria retirar as duas babonas de cima da neta.
A mulher deixou as coisas em seu antigo quarto e passou pelo banheiro para jogar uma água na cara, ficou encarando a banheira por alguns segundos, mas resolveu deixar o banho para mais tarde, então desceu as escadas e antes de ir em direção da vozes animadas voltou até o lado de fora para pegar sua bolsa e uma bolsa térmica no banco do passageiro.
Assim que ela entrou na cozinha foi impossível segurar um sorriso radiante com a cena de Mara com a neta no colo enquanto Hope estava brincando de aviãozinho para oferecer uma colherada de alguma coisa na boca da neta.
A mulher acabou guardando as coisas que estavam na bolsa térmica na geladeira e aproveitou pra se servir de uma belo copo de chá gelado no processo, enquanto observava a interação das outras três.
A loirinha dava uma gargalhada divertida da palhaçada das mais velhas, depois de conseguir colocar a colher para dentro da boca ela se virou para mais distante – Mamãe, o molho da caininha é de ceveja e a vovó Hope deixou eu expelimentar.
Catra se aproximou com um sorriso ainda maior – É me deixou que se fala, Alex... E não tem problema você comer, mesmo sendo pequenininha, o álcool evapora quando ferve – Ela então ganhou uma colherada também, sorriu para a cozinheira – Está uma delícia mamãe, como sempre.
- Você não vai continuar com este sorriso depois que sua mãe falar com você – Hope completou se virando de costas.
- Mãe??
Mara então suspirou profundamente – Eu esqueci de comprar algumas coisas, você bem que poderia ir até o mercado para nós.
- Que coisas?
- Pistache, para o bolo e o queijo de cabra para a salada.
- Você está esquecendo do damasco, meu bem!
- Não, minha querida, eu comprei o damasco ontem, já está até hidratando.
As duas mais velhas sorriram uma para a outra e deram um selinho arrancando mais uma gargalhadinha da neta que arregalou os olhos e levou a mãozinha até a boca, a mãe a imitou sorrindo. Então se esticou pegando a criança no colo.
- Certo, Pistache e queijo de cabra, só coisas baratas... Mais alguma coisa? Um champagne francês talvez??
- Não dê ideias, garota... – Hope falou apontando a colher de pau para a filha – Mas onde você pensa que vai com a nossa princesinha?
- Melhor levar ela, assim vocês conseguem trabalhar melhor. Eu vou ao mercado aqui perto mesmo, em 15 minutos estamos de volta – Ela então deu um cheiro no rostinho da mais nova – Da um tchauzinho pras vovós.
A loirinha fez um aceno se agarrando melhor no pescoço da mãe.
Catra prendeu a filha na cadeirinha e saiu da garagem – E então. As vovós já te mimaram bastante? – Aproveitou que tinha parado em um semáforo e se virou para trás – Vamos fugir? Só nós duas?
- Não mamãezinea, as vovós vão ficar tlistes. Eu quelo comer a caininha com falofa de banana gatela.
A mais velha deu uma risadinha, ela gostava de consertar os erros de português da filha, mas as trocas de erre por ele era realmente adoráveis – Banana gatela?? – A morena ficou pensando por alguns segundos até que acabou soltando uma gralhada – Por todos os Deuses... Banana da Terra!
- Foi o que eu disse!
Catra mordeu os lábios sorrindo – É claro que foi, meu bem... Mas de qualquer forma você tem razão, vamos fugir depois da ceia...
A loirinha fez sinal de negativa com a cabeça gargalhando – Só se as vovós folem junto.
- Mas aí não seria uma fuga...
A garotinha franziu a testa – Vamos ficar mamãe.
- Tá certo, você venceu!
A mais nova sorriu vitoriosa e começou a cantarolar a musiquinha de abertura de um desenho que ela gostava enquanto olhava o movimento do lado de fora, Catra a observava pelo espelho retrovisor.
Rapidamente chegaram no mercado, a mais velha retirou a filha e pegou um carrinho de mercado que tinha uma cadeirinha que parecia bem confortável, mas a mais nova fez uma sinal de negação – Não mamãe, esse é de neném.
- De neném é? Mas ele é mais confortável que o outro.
A loirinha fez um biquinho e cruzou os bracinhos, então a mais velha revirou os olhos, mas pegou um carrinho com cadeirinha infantil normal – Satisfeita??
- Sim, eu sou uma mocinha glandona.
Depois desta pequena discussão a morena saiu empurrando o carrinho, resolveu comprar algumas coisas para a filha se distrair antes da ceia, afinal de contas ela só tinha três anos e ficar esperando a ceia não era nada justo com a pequena.
Quando chegou onde ficavam as castanhas ela quase caiu das pernas, então tirou uma foto do preço e mandou um áudio para Mara – Agora eu entendi porque você “esqueceu” de comprar o Pistache, R$ 173,00 o quilo?? Do que diabos é feito esse troço? Ouro??
Depois de poucos segundos chegou um áudio com suas mães caindo na gargalhada o que contagiou a pequena, Catra soltou uma risada nasal revirando os olhos – Era só o que me faltava.
Abriu o segundo áudio – Eu realmente esqueci, sua faladeira, e outra, quem é louca por este bolo é a senhorita mesma... Traz só 150 gramas.
- Sim, capitã!! – Mandou o áudio fazendo um sinal de continência.
Foi prontamente imitada pela mais nova que também quis mandar um áudio – Sim, sim, sim, bolinho, bolinho...
Catra guardou o celular caindo da risada mais uma vez da empolgação da filha, depois de pegar a castanha ela só passou para pegar o queijo e foi direto para o caixa, em seguida foi saindo feliz da vida, deixou as compras no banco de trás, ao lado da cadeirinha e foi voltando para deixar o carrinho no espaço próprio.
Mas para seu desespero ouviu uma voz que faziam mais de quatro anos que não escutava, na verdade era a uma voz que ela esperava nunca mais ouvir na vida – CATRA?!
Por puro reflexo a morena se virou dando de cara com uma loira que inicialmente a olhou sorrindo – Adora?!
O sorriso da mais velha permaneceu até ela colocar os olhos na pequena, no mesmo instante ela ficou mais branca do que já era – O quê? Quem é esta criança?
Foi então que Catra pareceu acordar do torpor, apontou o dedo de modo ameaçador para a mais alta que por reflexo deu dois passos para trás – Não se atreva! – A mais baixa foi praticamente correndo até o carro e prendeu a filha em sua cadeirinha. Em seguida saiu praticamente cantando pneus.
Elas chegaram mais rápido do que seria de costume na casa de suas mães, existia uma chance bem grande de terem ganhado uma multa neste processo. Por sorte a loirinha tinha se distraído com um danoninho que a mais velha havia dado a ela antes de saírem do estacionamento.
A morena desceu com as compras e filha do carro e entrou na casa o mais rápido que suas pernas aguentavam, foi andando com muita dificuldade até a cozinha porque todos os seus membros tremiam violentamente.
Mara veio em sua direção – Mas até que enfim – Pegou a neta no colo e só neste instante notou o estado de sua filha. Passou a neta para a esposa e foi ajudar Catra retirando todas as sacolas de suas mãos – Minha filha, o que aconteceu?
A morena conseguiu se sentar, e só então ela caiu em um choro convulsionante. Hope percebeu, e achou melhor desligar todas as bocas do fogão e se afastar para que Alex não percebesse o estado da mãe.
Mara fez uma água com açúcar bem concentrada e deu na mão da filha, se sentando na cadeira ao lado – Toma tudo...
Neste instante Hope voltou completamente preocupada e a morena viu que ela não estava com a neta e se preocupou imediatamente – Cadê a Alex??
- Calma, ela está assistindo Patrulha Canina feliz e tranquila na sala, pela empolgação ela não vai desgrudar de lá por um tempinho...
- Catarina, o que aconteceu para você ficar neste estado minha filha??
A mais nova suspirou profundamente antes de virar o restante da água, foi impossível não fazer uma careta com a doçura do líquido. Hope percebeu e pegou mais um copo com água pura, desta vez, trouxe também o rolo de toalha de papel – Toma.
- Obrigada – Catra virou um gole grande e assoou o nariz ruidosamente, mais algumas lágrimas escorreram por seu rosto antes dela conseguir respirar profundamente e voltar a falar – Eu vi a Adora no estacionamento do mercado.
- Ahn, por todos os Deuses – Hope disse fechando o semblante – Quanto mais a gente reza, mais assombração aparece na nossa frente... Aquele estorvo falou com você?
- Hope, por favor, não coloque mais lenha na fogueira!
- E eu preciso colocar lenha na fogueira pras coisas queimarem quando o assunto é aquela lá?? Eu disse, desde que eu botei meus olhos naquela garota, que ela seria problema. Mas você tem que ver sempre o lado “positivo” das pessoas... Mas adivinha Mara?! Tem gente que não tem lado positivo.
Catra esfregava as duas têmporas com seus dedos ficando de olhos fechados, uma dor de cabeça estava para surgir.
Mara percebeu isto e foi até um dos armários e voltou com um comprimido – Toma aqui minha querida, não vamos deixar que esta dor de cabeça estrague o seu Natal. Ela falou alguma coisa??
A mais nova fungou e assoou o nariz mais uma vez depois de tomar o remédio – Não, mas ela viu a Alex. Perguntou dela.
- Não, não mesmo... – Hope praticamente gritou.
- Hey, não queremos chamar a atenção da criança, lembra?! – Mara falou do modo mais maternal o possível – Minha filha, nós sabemos que isto poderia acontecer. Ela é a outra mãe da Alex. Manter isto escondido dela não foi o certo.
- E se ela quiser tirar minha filha por eu ter escondido a minha filha todo este tempo?
- Catra, ninguém tira um filho da mãe a não ser que seja provado negligência por parte dela – Hope falou de modo mais profissional possível.
Mara também interviu – E outra, a Adora não teve as atitudes mais positivas do mundo, mas eu duvido que ela faria isto com a própria filha, isso seria horrível com a criança, nenhum juiz aprovaria uma barbaridade dessas.
- Não teve atitudes positivas, Mara? Pelo amor...
- Por favor, não briguem.
- Nós não estamos brigando, filhote. Você não sabe como sua mãe e eu divergimos em alguns assuntos?
Catra deu uma risada concordando com a cabeça – É, eu bem sei – Então, ela se voltou para Hope – E se ela quiser me processar?
- Eu consigo um advogado melhor do que ela. É outra, eu tenho certeza que a Scorpia adoraria testemunhar sobre o caráter da Adora, você agiu em legítima defesa afastando aquela vaca de sua filha.
- Hope...
- O que foi? Eu falei alguma mentira?!
Neste momento a campainha tocou e as três deram um pulo na cadeira, a mais velha foi a primeira a se levantar – Eu vou matar...
- Meu bem, não... – Eu sei o quão leoa você pode ser com suas crias, mas este é o momento da Catra agir – Mara estava em pé segurando o braço da esposa, em seguida ela se voltou para a filha – Vai lá no banheiro se recompor, sua mãe vai com a Alex para o quintal, tem um surpresa para ela que vai a distrair ainda mais do que qualquer desenho. Eu vou abrir a porta para a Adora e fico com ela na sala até você chegar.
- Não – A morena ficou em pé também e virou o restante da água, enxugou o rosto e respirou profundamente balançando os braços para tomar coragem.
- Você vai a ver assim?
- Sim, mamãe, ela já me viu em situações muito piores – A mais nova jogou a cabeça de um lado para o outro estalando os ossos da coluna cervical – Eu quero que ela me veja neste estado de descontrole total para ela ter ideia do quanto eu posso perder o controle quando eu preciso.
- É isso mesmo, minha filha – Hope falou apertando o ombro da mais nova – Se precisar bota ela pra correr daqui.
- Rezem para que ela tenha vindo com boas intenções, ou eu juro pra vocês que é hoje que eu perco meu réu primário – Em seguida a mais nova saiu da cozinha e foi caminhando até a parte de fora.
Catra foi  caminhando até a frente da casa, quando estava passando da porta de entrada ouviu mais uma vez a campainha – Já  estou indo... – A morena parou em frente ao portão, respirou fundo e o abriu logo de uma vez.
Ela estava esperando que a mais velha estivesse bufando de raiva, mas para sua surpresa a loira parecia muito triste e arrasada.
Adora esticou o pescoço e ao ver que a morena estava sozinha conseguiu soltar um suspiro de alívio, então se sentou na floreira e bateu levemente ao seu lado – Será que nós podemos conversar?
A mais nova revirou os olhos, mas se sentou no local indicado, o silêncio ficou por alguns instantes até que a mais velha levou a mão até o bolso da calça e retirou um maço de cigarros, oferecendo para a outra mulher em seguida.
- Não, obrigada. Eu parei de fumar quando descobri que estava grávida.
- Eu também parei – A mais velha falou e então pegou um cigarro para si, soltou a fumaça com gosto após seu primeiro trago em anos – Mas assim que eu consegui sair do torpor lá naquele estacionamento, eu soube que tinha que vir atrás de você. E eu também soube que eu nunca conseguiria enfrentar essa conversa sóbria e sem cigarros.
- Você bebeu?
- Não, por isso o maço.
Catra suspirou profundamente mais uma vez e então pegou um cigarro acendendo em seguida, as duas permaneceram em silêncio até que uma fungada pôde ser ouvida vindo da loira. A mais nova ficou encarando a outra por um tempo.
- Ela é minha não é?
- Você tem alguma dúvida?!
- Não, eu só precisava da confirmação. Ela parece tão grande.
- Você não imagina como eu sofri no trabalho de parto.
- Como foi?
- Foi normal, em um hospital muito bom perto de onde eu moro, demorou um bocado, foram 28 horas no total, eu achei que iria perder as forças depois de um tempo, mas no final tudo ocorreu bem.
- Eu queria ter estado lá.
- Queria mesmo?
- O que você quer dizer com isso?
- Que eu saiba você estava muito feliz viajando para a Bahia com a sua namorada – Não que eu tivesse te perseguindo, ou algo assim, mas eu ouvi a Perfuma conversando com a Glimmer. Ela achou que eu estava dormindo e então fez uma última tentativa de tentar te chamar. Depois disso ela desistiu de você também.
Adora abriu e fechou a boca diversas vezes, tinha sido naquela época então? – Se você soubesse como aquela viagem foi péssima. Eu comecei a perceber que realmente não gostava dela lá.
A morena atirou a bituca longe e suspirou pesadamente mais uma vez, ela estava ficando craque em fazer isto hoje, então pegou mais um cigarro.
- Qual o nome dela?
- Alex!
- Alex, Alex... – A loira sorriu parecendo experimente um doce pela primeira vez, então ela se mexeu um pouco incomodada – Ela é como eu?
- Intersexual? – A menor falou se virando para a outra, recebeu um aceno da mais velha – Não, ela é cis.
- Que bom...
- Não teria nenhum problema se ela fosse.
- O que puder acontecer para evitar que ela seja zoada na escola é melhor.
- Felizmente ela não puxou nenhum dos nossos “defeitos” – A morena fez questão de fazer aspas com os dedos.
- Seus olhos nunca poderão ser um defeito, eles são lindos.
- Bom, foi o que você disse, não queremos bullyings.
- Certo... E como ela é?
- Esperta, as vezes eu tenho dificuldade para acreditar que ela tem só três anos. Tudo ela pergunta, ama brincar de lego e slime. Ela adora piscina, deve estar quase surtando uma hora dessas, porque minhas mães compraram uma piscina inflável e ela com toda certeza do mundo deve estar insistindo para entrar de roupa e tudo.
- Ela parece ser maravilhosa.
- Ela é... Apesar de tudo, de toda a merda que aconteceu entre nós duas, no momento que eu peguei ela no colo todo meu ódio por você se dissipou. Você me deu o melhor presente do mundo, mesmo sem saber.
Foi a vez de Adora suspirar profundamente – Eu entendo porque você não quis me contar quando descobriu, você estava morrendo de raiva, mas por que não me procurou depois, já que todos esse ódio se dissipou?
- O meu ódio tinha passado, mas não de todas as pessoas que me cercavam. Eu falei sério quando disse que a Perfuma ficou possessa, até mesmo ela insistiu para que me afastasse de vez de você. Minha mãe Hope estava entre querer te processar ou te matar e ocultar o corpo em alguma vala.
- Eu imagino – A loira deu uma tremidinha involuntária, a mãe da outra a deixava realmente apavorada.
- Você ainda tem medo dela?
- Sim, se antes ela já não gostava de mim, imagino agora!
Catra deu uma risadinha nasal – Ela realmente não é sua maior fã, se não estivesse com a Alex tenho certeza que neste momento ela já estaria em busca de um advogado para te afastar de vez da nossa família.
- É isso que você quer?? Que eu me afaste.
- Não, definitivamente não é... Eu sei como é ter só uma mãe. Quando meu pai biológico morreu eu fiquei arrasada, e você sabe como é a Hope! Ela se enfiou no trabalho para lidar com a viuvez, e eu fiquei como?? Super isolada. Felizmente minha mãe reencontrou um amor da adolescência e eu passei a ter uma família completa. Eu não quero que a Alex cresça com só uma mãe... Ela definitivamente vai ser muito mais feliz e ter muitas mais oportunidades com você na vida dela...
Adora suspirou profundamente e acendeu mais um cigarro, sentia sua mão tremer – Eu não acredito que eu sou mãe... Eu mal sei fazer arroz sem queimar, como eu posso cuidar de uma criança?
Catra ajeitou a costas se sentando mais ereta – Essa é a sua forma de dizer que não quer nada com a Alex?
- Não... Eu quero, por todos os Deuses, eu quero muito conhecer a Alex. Mas é um pouco assustador. Foi muito repentino.
- Eu sei, me desculpe por ter te escondido por tanto tempo. Você não agiu de forma correta, mas eu não tinha o direito de fazer o que eu fiz também.
- Eu posso ver ela hoje?
- Acho melhor não, ela é muito pequena, eu preciso preparar o terreno. Não posso simplesmente te levar lá no quintal e te empurrar na direção dela dizendo que ela agora tem duas mães. E eu também não quero mentir pra ela dizendo que você é uma amiga que queria a conhecer.
- Você tem razão – A loira ficou um tempo mexendo na barra da bermuda dela até parecer perceber que elas precisavam saber mais uma da outra – Você  ainda mora com as suas mães??
- Não, eu estou morando em Paulina.
- Paulinha? Você conseguiu o emprego na Replan??
- Foi...
- Que legal, eu sabia que você iria conseguir, parabéns! Nós moramos perto então.
- Onde você mora?
- Valinhos, eu estou trabalhando na Eaton.
- É uma ótima empresa.
- Sim... É... E a Alex tem alguma madrasta?
A mais nova engoliu em seco, ela não gostaria de falar para a outra que depois dela nunca mais havia se relacionado com mais ninguém, então ela deu de ombros – Não, no momento eu estou solteira.
- Eu também.
- Sério?! – Catra perguntou de modo irônico enquanto inclinava a cabeça e arqueava uma sobrancelha.
A mais velha soltou uma risadinha nasal – Pra você ver... Eu estou sem ninguém há uns seis meses pelo menos.
- Uau, isso é um novo recorde??
Mais uma vez a loira deu de ombros – Eu iniciei uma pós e um projeto novo na empresa, estava sem tempo para relacionamentos, e como eu não faço mais o tipo de pegar e não se apegar eu tenho ficado sozinha.
- E o que você faz nos seus finais de semana?
- Eu estudo, fico em casa jogando vídeo game ou assistindo streamings... Ahn, vou no clube do meu condomínio jogar basquete ou beach tênis. E você?
- Além de assistir muita Patrulha canina e Peppa pig?? Eu tento manter minha sanidade lendo e assisto algo a TV quando ela dorme. Infelizmente ainda não tive tempo para fazer uma pós... Apesar de ser muito cobrada para isto pelo meu chefe.
- Eu sinto muito por isto, você não deveria ter assumido toda essa responsabilidade sozinha. Eu tenho certeza que você tem feito um ótimo trabalho, mas ninguém no mundo deveria passar por isto. Quando você achar que eu vou estar pronta para passar algum tempo com a nossa filha eu prometo tentar tirar todo o tempo perdido e te dar algum tipo de folga para que você tenha um tempo para você mesma.
Catra ficou boquiaberta olhando a outra – Quem é você e o que você fez com a Adora que eu conheci?!
- Eu só amadureci, penei pra caramba pra isto? Sim, muito... Fiz uma porrada de gente sofrer? Realmente fiz... Eu sofri também no caminho, mesmo sem perceber isto? Pode ter toda certeza do mundo – Então  ela engoliu em seco – Eu fiz meus pais se ferrarem por causa do meu egoísmo, acho que foi só então que eu percebi que precisava mudar.
- O que aconteceu com eles??
A loira suspirou e esfregou as mãos pelo rosto e cabelo e então foi se levantando – Ahn, este é um papo para outro dia, eu ainda preciso passar no mercado pra minha mãe, antes que ela me mate antes mesmo de eu ter a oportunidade de conhecer minha filha – Então ela levou a mão até um outro bolso da bermuda e retirou a carteira dela, então puxou um cartão e entregou para a outra – Você pode entrar em contato comigo a qualquer momento, eu vou estar esperando.
- E se eu demorar? Ou pior... Se eu me arrepender desta conversa??
- Por favor não faça isso, eu vou me sentir destroçada – Em seguida a mais velha virou as costas e entrou em um carro chumbo e partiu deixando a morena para trás se sentindo mal por ter ao menos cogitado fazer algo do tipo.

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Olha eu aqui mais uma vez com uma fic nova, espero que vcs gostem...

Boas festas

Fantasma do Natal PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora