Mais Algumas Primeiras Vezes

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Adora no fim realmente conseguiu convencer a morena a ficar naquela noite e a dormir em seu quarto, a mais nova então tinha ido até o local indicado. Deu um banho na filha, secou os cabelinhos loiros com o secador e no momento estava sentada na cama com a filha em seus braços.
Não foi uma surpresa quando assim que se sentou a pequena subiu em seu colo e pediu o peito, Catra nem tentou discutir, só ficou sentada, da forma mais confortável possível acalentando Alex.
Era impossível não sorrir da filha que piscava pesado, chegando a ressonar alguns instantes, mas lutando bravamente contra o sono, olhando de modo ansioso para a porta de tempos em tempos.
- Se você quiser pode dormir, a Adora vai estar aqui amanhã de manhã – A mais velha sussurrou recebendo olhares não muito felizes na menor – Não? Tá bom... Vamos esperar então.
Alguns minutos depois foi ouvida uma batida na porta, Catra então falou – Pode entrar.
A loira enfiou a cabeça sorrindo, mas ao ver a filha mamando ela primeiramente ficou séria e enquanto ia se aproximando abriu um sorriso gigantesco – Eu nunca imaginei que veria isto, achei que tinha perdido qualquer possibilidade de presenciar ela mamando.
- Ela deu indícios o dia inteiro que iria pedir o peito antes de dormir.
A mais velha estava olhando encantada a cena, sem tirar os olhos da filha ela falou – Eu posso me aproximar?
- É claro.
Adora deu a volta na cama e foi se sentar na cabeceira oposta a qual a morena estava, ficou por alguns segundos em uma troca de olhares com a loirinha, até que a mulher mais velha soltou uma risadinha nasal e esticou a mão passando levemente os dedos nos fios ralinhos da mais nova.
Imediatamente, como se tivesse sido chamada, a menor se desgarrou da mãe indo de modo cambaleante até a outra adulta no ambiente. Ela se sentou no colo da loira e rapidamente, provavelmente para não dar tempo de ser parada por isto, puxou a parte de cima do biquíni que Adora estava usando e abocanhou um dos seios, ela levou a mãozinha até o outro e finalmente se acomodou fechando os olhinhos.
A engenheira arregalou os olhos e com a boca aberta em surpresa subiu o olhar para a outra mulher, era possível ver que ela estava em choque, mexendo os lábios soltando sons que mais pareciam balbucios.
Foi impossível para Catra não soltar uma risada nasal – Você está bem?
- Ahan. Eu... – Mais uma vez parecia que ela não sabia como se expressar.
- Está tudo bem pra mim se estiver pra você.
- Eu não tenho leite.
- Não é leite que ela quer. Ela quer sentir seu calor, ouvir seu coração, sentir seu cheiro, essa é a forma dela dizer que te ama.
- Me ama... – Adora olhou toda boba para baixo, ficou encantada vendo a filha que ainda sugava, mas em um ritmo bem mais lento.
A morena quis dar um tempo para as duas, então ficou em pé – Eu vou tomar um banho, posso pegar alguma roupa?
- Sim, pode pegar na segunda gaveta da cômoda. O que você quiser e precisar.
Catra foi até a gaveta e escolheu uma camiseta e um shortinho de dormir. Olhou mais uma vez para a cama e então entrou no banheiro tomando um banho não tão rápido assim, ela prendeu o cabelo e deixou que a água quente descesse por sua nuca lavando cada estresse do dia-a-dia que ela pudesse estar carregando. Em seguida se vestiu e voltou para o quarto.
Adora agora estava sentada encostada na cabeceira ainda olhando a pequena que tinha parado de mamar – Ela dormiu?
- Sim, mas eu continuei com ela no colo curtindo um pouco mais o momento – A mais velha se inclinou cheirando os fios loirinhos, podia sentir um cheiro de shampoo de bebê muito gostoso, foi impossível não sorrir com isto.
Ela então colocou a pequena na cama e se levantou – Bom, eu vou tomar banho.
A morena olhou para a mais velha, a outra estava nua na parte de cima do corpo, de onde estava era possível ver os seios da loira com seus mamilos rosados. No mesmo instante sentiu um arrepio generalizado e então desviou os olhos – Tá certo.
Assim que a loira sumiu porta a dentro com uma muda de roupas nas mãos, a mais nova levou a mãos até o próprio peito, seu coração tinha disparado – Porra Catra... Não faz isso com você mesma.
Depois de um bom tempo Adora saiu com o cabelo meio seco e um sorriso no rosto, andou até a cama e ficou observando a filha que dormia tranquilamente – Ela é um anjinho.
- Quando está dormindo? Até que é um pouco.
- Não diga isso da nossa filha – A mais velha falou sem tirar os olhos da pequena.
A morena precisou morder os lábios, sua mente queria que ela perguntasse sobre esse nossa em frente a criança, mas ela não faria isto, pelo menos não depois da cena que presenciou a pouco.
Adora por fim pareceu sair do transe e então deu alguns passos para trás – Ahn, eu vou indo então. Até amanhã.
- Adora...
- Oi?
- Você pode dormir aqui conosco.
- Sério? Você tem certeza disto?
- Não muita, mas o que é uma peido pra quem já tá cagado??
A loira foi se deitando e então olhou a outra mulher com uma cara ligeiramente brava – Não fale esses tipos de palavras na frente dela!
- Qual? Cagado?? Adora ela caga... E muito. Não sei como pode sair tanta coisa de dentro de um ser tão pequeno.
A loira ainda tentou sustentar o olhar de desaprovação, mas falhou miseravelmente, caindo em uma risadinha da fala da outra – Você é terrível – Ela tinha se deitado de lado, ficando de frente para as outras duas.
Catra ainda estava deitada de barriga pra cima, engoliu em seco ao ter seus olhos grudados nos azuis iguais ao céu limpo de verão, ela travou sem conseguir se mexer, até finalmente conseguir articular algumas palavras – Ahn, o seu chuveiro é maravilhoso.
- Nossa é mesmo, pena que você não entrou de cabeça, amanhã eu aconselho a fazer isto de verdade. Foi uma das melhores aquisições deste ano.
- Ahn sim, eu deixei a água cair na minha nuca e lavar a alma, estava precisando de um banho mais duradouro, geralmente eu tomo banho dando banho na Alex. Quando eu resolvo tomar um banho de verdade sozinha, acabo não conseguindo relaxar imaginando o que ela pode estar fazendo, se está dormindo mesmo...
- Eu fico feliz por ter ajudado de verdade, fico muito feliz mesmo, te ajudar a voltar a ter uma vida o mais normal possível é um dos motivos de estar aqui. Eu sinto muito você ter se sobrecarregado para cuidar dela sozinha todo esse tempo.
- Obrigada.
- É sério, quando você achar que eu estou pronta pode contar comigo. Eu posso sair com ela, trazer ela pra dormir aqui comigo, até mesmo levar pra São Paulo para passar um fim de semana na casa dos meus pais. Tudo pra você ter um tempo para você mesmo. Imagina só dormir uma noite inteira e no dia seguinte estar sem hora para acordar?
- Melhor que isso só se você me oferecer um banho em uma hidromassagem.
- Se eu tivesse uma aqui até ofereceria.
- Eu sei que sim. Me desculpa por não ter te incluído nos primeiro anos dela.
- Eu não posso dizer que está tudo bem, mas eu entendo seus motivos. Talvez eu tomasse a mesma atitude, provavelmente eu tomaria, pra proteger a nossa filha, eu moveria céus e terras.
Desta vez a loira percebeu que tinha dito “nossa filha” na frente da criança, ela arregalou os olhos com medo da bronca que iria tomar – Me desculpe.
- Por você dizer a verdade? Ela é sua filha tanto quanto minha.
- Mas ela está aqui.
- Ela está dormindo, tá tudo bem A.
Adora fez um bico enquanto olhava para o nada parecendo pensar, o que levou a mais nova a dar um sorriso amplo – E que bico é esse?
- Nada – A loira levou a mão até a nuca coçando a região.
- Ela faz isso, desde quando tinha mais ou menos um ano e meio. Ela coça a nuca quando está nervosa ou com vergonha. E adivinha só?! Você também faz isto.
Foi impossível para a mais velha segurar uma risadinha nasal – Tá, você tem razão. Eu só estava pensando em tudo que a aconteceu naquela época. O quanto eu me arrependo das minhas decisões por causa da Alex é claro, mas principalmente por causa do nosso relacionamento também. Eu...
- Adora, é melhor que nós não entremos nesse tipo de assunto.
- Mas...
- Por favor.
Adora suspirou profundamente, então fez um sinal de positivo com a cabeça – É melhor a gente dormir.
- Você tem razão, boa noite.
- Boa...

(=^.^=)

A morena acordou com a filha se arrastando para fora da cama pelo pé – O que foi? – Sussurrou.
- Xixi...
- Espera, a privada daqui é muito alta.
Depois de ajudar a filha, elas voltaram para a cama, a morena até tentou voltar a dormir, mas a pequena tinha despertado. Catra então pegou seu celular, tirou o som, colocou em um vídeo infantil qualquer e passou para a filha, ela caiu no sono logo em seguinte. Mas infelizmente não durou muito, menos de uma hora depois a pequena já estava passando a mãozinha delicadamente pelo rosto da mãe – Tô com fome.
- É claro que você está. Vamos ver o que tem na cozinha.
As duas chegaram na cozinha, mas a pequena esticava o corpinho na porta de olho no casal que dormia na sala. A morena olhou a geladeira e os armários, não tinha tanta coisa assim para o café – Hey, vamos na padaria com a mamãe?
A pequena concordou com a cabecinha, então Catra a pegou pela mão e foi voltando até o quarto, se trocou rapidamente enquanto Alex estava olhando a loira que babava dormindo profundamente – Vem aqui, Lelê. Você vai acordar a Adora assim.
Ela pegou a carteira e foi até a porta de saída carregando a filha, viu uma chave e a levou para poder voltar sem acordar ninguém.
No carro prendeu a pequena na cadeirinha e mandou um áudio para Adora assim que se sentou no banco do motorista – Hey, Adora... Estou indo na padaria comprar algumas coisas para o café, daqui a pouco eu volto.
Então colocou no GPS a localização da padaria mais próxima e foi saindo, a morena olhou para trás e viu que a loirinha estava olhando pela janela distraída, mordeu os lábios e suspirou antes de voltar a falar – Lelê... Você gosta bastante da Adora não é?
- Sim mamãe.
- Você gostaria que ela fosse sua outra mamãe?
- Minha outra mamãe? Igual a vovó Mara e a Vovó Hope são suas mamães?
- Mais ou menos, a mamãe saiu da barriga da vovó Hope, igual você saiu da minha. A vovó Mara é casada com a Vovó Hope, então ela cuidou de mim desde pequena e eu considero ela como se fosse a minha mãe, mas ela não é minha mamãe de verdade.
A pequena ficou olhando a mãe com uma cara de quem estava sem entender direito – Como ela é minha mamãe então?
A mais velha suspirou – Eu poderia ter dito que era igual, em que arapuca eu fui me meter... – Ela deu um sorriso para a mais nova e então voltou a falar – A Adora é sua mamãe igual os papais e mamães dos seus amiguinhos. A Adora era minha namorada quando ainda estávamos na faculdade. E então acabou acontecendo dela passar uma sementinha que cresceu dentro da minha barriga e você veio ao mundo depois.
Alex piscou algumas vezes. Olhando para o espelho retrovisor, mesmo sem estarem se encarando, Catra conseguia sentir o peso do olhar da filha – O que você acha da notícia dela ser sua mamãe, você ficou feliz?
- Eu vou morar com ela?
- Não, mas você vai poder passar mais tempo com ela, ela vai poder te buscar na escola. Vocês duas vão poder passar mais tempo juntas igual seus amiguinhos fazem. Não vai mudar nada entre você e eu, você só tem mais pessoas para te amar e cuidar de você.
Ela concordou com a cabeça, mas então arregalou os olhos – Ela pode me dar banho e cuidar de mim?
- Sim bebê, ela pode te tocar da mesma forma que a mamãe, retirar sua roupa, dar banho, limpar depois de ir ao banheiro – Catra tinha ensinado a pequena que somente poucas pessoas podiam a tocar na região íntima, se qualquer outra pessoa a tocasse, ela deveria contar a mãe. Mais uma vez a loirinha concordou.
As duas tinha chegado na padaria, rapidamente Catra pegou o que precisava e mais algumas coisas para agradar a loira, pagou e começaram a voltar para a casa de Adora desta vez em silêncio.
Catra estacionou o carro e soltou a pequena da cadeirinha, ela estava um pouco sonada, mas pareceu se empolgar um pouco mais ao perceber que haviam chegado – Eu posso chamar ela de mamãe também?
- Se você quiser, pode sim.
Já estavam entrando pela porta da casa quando Adora surgiu que nem uma raio – Onde vocês estavam?
- Nós fomos até a padaria comprar algumas coisas para o café da manhã – A morena disse erguendo os sacos.
- Eu... Eu... Eu... Eu...
- Você achou que nós duas tínhamos ido embora e não avisado nada?
- Ahn...
- Você sequer pensou em olhar seu celular?
- Meu celular?
- Sim, eu deixei um áudio avisando.
- Meu celular! – Adora pareceu sair de um transe e começou a caminhar de volta para o quarto dela.
Neste momento Alex se contorceu para descer do colo de Catra – Não – Então ela saiu correndo atrás da loira mais velha – Mamãe, mamãe... Eu tô com fominha.
Primeiramente Adora pareceu não ter entendido que a pequena estava falando com ela, então ela ficou parada olhando a mais nova que segurava a mão direita da mais velha com as duas mãozinhas – Depois pega o celular mamãe, vamo comer.
A loira arregalou os olhos ficando ainda mais estática do que estava antes, sua única reação foi levantar o rosto para a morena que ainda estava escorada na porta na sala, ela levantou uma sobrancelha e deu um sorriso de lado, então entrou indo direto para a cozinha – Bora Adora, sua filha quer comer.
O sorriso da loira se abriu de forma gigantesca, ela olhou em direção de seus parentes que tinham sido tirados da cama no susto assim que a loira percebeu que Catra tinha sumido junto da filha. Eles primeiramente sorriram e então apontaram com a cabeça em direção do cômodo em que a morena estava.
Adora limpou a garganta e então deixou que a pequena a conduzisse – É claro, afinal de contas não podemos deixar essa princesa com fome.

(=^.^=)

Mais uma vez os dias se passaram de forma rápida, duas semanas já haviam passado. Adora conversava todos os dias com a filha por telefone fora as sextas-feiras em que faziam alguma coisa juntas. A loira se martirizava por não poder sair mais cedo do trabalho neste dia. Estava arquitetando alguma ideia para poder passar mais tempo com a pequena como foi naquele dia do churrasco.
Quando olhou para o relógio, se assustou por já ser mais de meio dia. Ficou tanto tempo pensando que quase perdeu a hora do almoço.
Ela então saiu desembestada até o refeitório, no meio do caminho pegou seu celular e clicou no contato de Catra para iniciar uma ligação, mas para sua surpresa não foi a voz melosa da morena falando aquele “Hey Adora” que ela tanto amava, e sim uma voz grossa e agressiva – Alô.
- Ahn, alô – Ela foi olhar a tela para ter certeza que tinha ligado para o número certo – Aqui é a Adora, eu gostaria de falar com a Catarina.
- Eu sei quem está falando... A Catra está ocupada.
Adora semicerrou os olhos parando sua caminhada, no mesmo instante ela conseguiu distinguir a voz – É a Scorpia não é?? Ahn, eu ligo pra ela mais tarde.
Mas antes que a outra tivesse qualquer chance de desligar a ligação, ela pôde ouvir uma comoção de vozes ao fundo da ligação – Só um minuto – Desta vez era Catra, a loira voltou a andar em direção do refeitório, aguardou alguns minutos até ouvir a voz da morena na linha – Oi.
- Ahn, Oi Catra, eu... Nós podemos conversar mais tarde, se você estiver ocupada.
- Eu não estava ocupada, só tinha ido buscar a comida. A Scorpia atendeu meu telefone sem minha autorização. Ela falou alguma coisa pra você?
- Não.
- Fala a verdade.
- Ela não falou nada demais, só foi curta, grossa e ríspida.
- Menos mal. Você queria algo?
- Eu ia chamar vocês para um passeio, você e a Alex.
- Passeio?
- Sim, tem um hotel fazenda em Serra Negra. Eu costumava ir com meus pais e o Adam quando éramos crianças. É muito bom e tem atividades para todas as idades, além de ser all inclusive. Fica bem perto daqui.
- Hum, quando você está pensando em ir?
- Este fim de semana.
- Você é louca!
- Eu tenho uma explicação pra ser agora – A mais velha tinha chegado finalmente até seu destino, prendeu o celular entre a orelha e o ombro enquanto ia pegando a comida – Nesta sexta, excepcionalmente, eu não vou precisar ficar até mais tarde no trabalho, eu posso inclusive sair mais cedo.
- Sério? Que horas?
- As 14 horas provavelmente.
Catra suspirou enquanto mastigava lentamente – Você pode pegar a Alex e esperar na minha casa, eu vou deixar a chave sobressalente na mochilinha dela. Eu saio o mais cedo que eu conseguir e te encontro lá, você pode deixar o seu carro na garagem, a gente pega as malas e sai. Eu já deixo tudo pronto.
Adora ficou quieta por alguns segundos – Eu posso pegar a Alex na escolinha?
- Sim, eu já mandei seu nome e uma foto, você está autorizada a pegá-la.
- Porra... Eu estou muito feliz aqui, achei que você não fosse querer ir viajar comigo. Agora além de você ter confirmado que vai eu fico sabendo que estou autorizada a buscar minha filha na escolinha.
A morena deu uma risadinha nasal – Eu quase neguei, mas a parte do várias atividade mais o all inclusive me conquistaram. Além do que eu pretendo largar vocês duas juntas e descansar a maior parte do tempo possível.
- Pode deixar, essa é realmente a ideia, que você descanse e relaxe.
- Estou contando as horas para isto então.
- Eu também estou. Mas Catra, você vai dirigindo então?
- Pode ser, eu só falei para irmos com o meu carro, na verdade, porque eu tenho uma preguiça gigantesca de tirar a cadeirinha do carro.
- Ahn, enquanto a isto, eu comprei uma cadeirinha para o meu carro, já está instalada. Ainda bem né, porque você falou para eu ir buscar a Alex na escolinha.
- Da escola até em casa você poderia colocar ela no banco traseiro com o cinto do meio. Não teria tanto problema assim.
- Jamais.
- Adora você tem noção de que nossos pais andavam até em pé dentro do carro, no porta malas, na caçamba de caminhonete...
- São outras épocas Catra... Eu não vou andar com a minha filha solta dentro do carro.
- Primeiro: Eu não disse solta, eu falei com todas as letras com o cinto do meio na parte traseira; Segundo: Eu sei que são épocas diferentes, foi só uma exemplificação e Terceiro: Sua filha é?!
- Nossa filha.
- Nossa filha, assim sim. Ela vai surtar em saber que nós vamos viajar juntas.
- Eu faço uma ideia, vou estar aguardando ansiosamente até sexta-feira. Até mais.
- Até, A.
Catra desligou a ligação e levantou o rosto para sua melhor amiga – Agora você... Eu não vou perguntar com que autoridade você atendeu meu celular, porque você tem autorização para isto, mas quando se tratar de uma emergência e onde eu realmente estiver impossibilitada e não em menos de cinco minutos de distância. E para piorar a situação, menos ainda quando a ligação for da Adora.
- Você tem noção da cagada que você está fazendo, não tem??
- Scorpia, a Alex...
- Não faça isso, não diga que você está fazendo isto pela Alex porque nós sabemos muito bem que você não está.
- Eu estou fazendo isto pela Alex. Você não faz ideia de como, em tão pouco tempo, a Alex se ligou a mãe. Ela está tão feliz.
- Ela sempre foi feliz, Catra. Ela não precisa de uma mãe bosta pra ser feliz.
- A Adora não é uma mãe bosta, ela cuida da filha como se estivesse fazendo isso todos esses anos.
- E em pouco tempo você já deixou autorizada para ela pegar a Alex na escola, nem eu tenho autorização pra isso.
- Nem vem, você tem autorização sim, só nunca precisou fazer isto.
- Que seja, e que história é essa de vocês viajarem juntas, pra onde vocês vão?
- Nossa Scorpia. Você está agindo pior do que a minha mãe.
- Nossa Catarina, eu aposto que ela estaria agindo bem pior do que eu se soubesse de toda essa patifaria.
- Eu sou adulta e sei muito bem o que fazer da minha vida e da vida da minha filha, mais ninguém além da Adora tem o direito de opinar sobre isso.
- Mais ninguém além da Adora?? Você ao menos se escuta, nestes momentos?
- Sim, a Adora... Sabe? A outra mãe da minha filha?
- A mãe que esteve ausente por todos esses anos.
- Ela esteva ausente porque eu nunca contei que ela teria uma filha.
- Você acha mesmo que ela teria sido presente se soubesse? Ela estava feliz e namorando, ela amava a namorada, que era muito ciumenta diga-se de passagem, não teria motivo algum para fazer qualquer coisa por você.
Catra se sentou mais ereta na cadeira. Ela precisou morder o lábio para evitar que o choro viesse – Bom, se ela decidisse não ter nada com a filha o problema teria sido todo dela e não meu. E sim, eu sei que se ela tivesse vindo seria pela filha e não por mim. Eu provavelmente teria surtado com isto na época, mas agora... Como eu já disse antes é tudo o que eu procuro... Que a Adora assuma o papel de mãe e cuide da nossa filha.
- Sinceramente, nem mesmo você acredita nisto. Eu amo você, Cat... Você é minha melhor amiga pra sempre, eu odiaria voltar a te ver sofrendo novamente da mesma forma. Eu não suportaria.
- Eu te entendo Coop, provavelmente eu estaria tomando a mesma atitude se estivesse no seu lugar. Eu sinceramente espero que você esteja errada e que a Adora tenha realmente amadurecido e que eu não tenha que pegar os caquinhos do coração da minha filha depois de um possível abandono.
- Catra.
- Por favor não se intrometa neste sentido, eu vou continuar tentando porque eu sinto que isso é o certo a fazer.
- Eu realmente espero que você esteja certa. Esta é a típica situação onde é preferível estar errado.
- Eu vou estar, você vai ver.

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