As pessoas abriam espaço no corredor para que eu passasse, a cada cinco passos cumprimentava alguém diferente, alguns eu nem sabia o nome, já o meu, não tinha uma pessoa desse lugar que não sabia.Sempre tem alguém querendo se aproximar da minha pessoa. Se não estão tentando ser meus amigos estão tentando ter algum tipo de envolvimento amoroso. Tento tomar o maior cuidado possível para não estragar tudo isso, qualquer frase dita, gesto ou até um olhar, pode levar tudo por água a baixo, já que mesmo gostando de mim, muitos só queriam estar do meu lugar e fariam tudo para me tirar daqui.
Ganhei esse status social pelo simples fato de ter uma aparência relativamente favorável e principalmente a importância que o nome da minha família tem na cidade.
Não sei porque dou tanta importância a isso. Talvez seja pelo fato de que aqui seja o único lugar pra onde raramente lembro da minha mãe. Foco tanto em ser boa nas atividades extra-curriculares, no grupo dos representantes e nas amizades que fiz, que não sobra tempo para pensar nisso.
No final do corredor avisto Mary e Nick conversando tão próximos que se pelo ângulo que eu estivesse vendo, eu poderia jurar que estavam se beijando. Provavelmente estavam se despedindo, já que assim que me avistaram, Mary lhe dá um abraço e logo vem em minha direção toda sorridente.
— Oi amore - Me cumprimenta com dois beijos na bochecha
— Oque foi isso que eu vi Mary? - A curiosidade começa a me corroer
— Depois de ontem quando ele me respondeu, encontrei com ele na entrada e puxei assunto
Enquanto Mary continua a me contar sobre o que conversaram, desvio minha atenção rapidamente para trás dela, notando Nick ainda imóvel, escorado na parede, com sua feição de sempre e seu olhar sobre mim. Era difícil decifrar oque pensava, na verdade, impossível.
— Terra chamando Emma - Mary estala seus dedos
— Sim? O que estava falando? - Volto minha atenção a garota
— Você não ouviu nada do que eu disse? Para onde você tanto olha? - A garota se vira para olhar e descobrir o que prendia tanto a minha atenção, mas assim que olho para o mesmo lugar, não a mais ninguém, Nick havia sumido no meio dos alunos.
— Vamos, a aula vai começar, no caminho você me conta - Pego em sua mão e a puxo em direção a sala.
Hoje, sexta-feira as aulas estavam extremamente tranquilas. Chloe, Mary e eu tínhamos as mesmas aulas. A segunda aula do dia tinha acabado de chegar ao fim e entraríamos para a terceira.
O professor de biologia já entra falando sobre a matéria do dia, então sem delongas, abro o caderno e começo a fazer algumas anotações.
Sinto meu celular vibrar no bolso com uma notificação e mesmo sabendo que era extremamente proibido o uso de aparelhos nessa aula o peguei escondido."Emma, uma adolescente fútil, que vive procurando aprovação de todos somente pelo fato de não ter a sua mamãe"
A página de fofocas na escola havia postado uma brincadeira, para que pessoas falassem sobre uma determinada pessoa e para minha "sorte" minha vez teria chegado.
Senti meu peito subir e descer rapidamente, e o nó na garganta se formando, ficando cada vez mais presente.
— Senhorita White, já está mais do que na hora de você saber que eu não aceito celulares na minha aula - Noto o professor se aproximando
— Ah sim, professor me desculpe era algo importante
— Algo importante ou não, saia de sala
— Mas não foi nem dois minutos, releva dessa vez por favor - Sinto minhas mãos tremendo e meu peito ainda dolorido pelo que havia lido segundos atrás
— Sem "mas", para fora agora - Ele volta a passar sua matéria
Junto minhas coisas o mais rápido possível e caminho para fora da sala. Sinto meus olhos marejados ao repassar aquela frase na mente. Eu não poderia ficar aqui, não poderiam me ver nessa forma aqui.
Saio andando pelos corredores sem saber para onde ir, já que sair do campus não era uma opção.
Ao chegar no pátio noto uma espécie de beco que daria provavelmente para trás da escola. Acho difícil alguém frequentar aquele canto, então provavelmente seria o lugar perfeito para me esconder.
Com as lágrimas escorrendo pelo rosto me dirijo até local. Aparentemente não havia nenhuma alma viva ali, me deixando mais despreocupada. Vou até o canto e me sento no chão, deixando tudo aquilo que eu estava sentindo sair para fora.
A dor que eu estava a sentir só aumentava, o fato de não ter sido criada pela minha mãe é algo que me machucava desde o jardim de infância. Eu sempre via as criança encontrando suas mães na saída, enquanto meu motorista era o único que estava ali para me buscar. Papai sempre foi bastante ocupado então não tinha muito tempo para me levar e buscar da escola.
Sentada no chão do beco, o peso da frase da página de fofocas parecia esmagador. As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto enquanto a sensação de solidão e vulnerabilidade se intensificava. Toda a pressão de ser constantemente observada e julgada pela sociedade da escola estava atingindo seu ápice.
Eu me sentia como se estivesse em uma bolha, observando a vida passar enquanto tentava desesperadamente corresponder às expectativas impostas a mim. A busca incessante por aprovação e o medo constante de ser rejeitada pareciam desmoronar diante de mim.
A ausência de minha mãe sempre foi uma ferida aberta, uma lacuna que eu tentava preencher com a aceitação dos outros. Porém, essa ferida agora estava exposta, cutucada pela crueldade das palavras anônimas. A frase "uma adolescente fútil, que vive procurando aprovação de todos somente pelo fato de não ter a sua mamãe" ressoava como um eco doloroso em minha mente.
A brisa suave do final da manhã misturava-se com meu soluço abafado. Eu me sentia perdida e desamparada, sem saber para onde ir ou a quem recorrer. A solidão do beco refletia a solidão que eu sentia internamente.
Replay de momentos dolorosos da infância invadiam minha mente. A sensação de ser a única sem a mãe nas apresentações da escola, a ausência de uma figura materna nas reuniões de pais, as perguntas curiosas e, por vezes, cruéis dos colegas. Essas memórias pareciam mais vívidas do que nunca, e a ferida emocional que eu escondia estava agora escancarada.
Os minutos se arrastavam, e eu continuava ali, sentindo o desespero me envolver. A dor no peito parecia insuportável, uma mistura de tristeza, raiva e uma profunda sensação de inadequação. Passei as mãos pelo rosto, tentando secar as lágrimas, mas elas continuavam a fluir.
Num momento de desespero, peguei meu celular e, com as mãos trêmulas, desativei as notificações das redes sociais. Precisava de um momento de paz, longe das palavras cruéis que inundavam meu mundo virtual.
— Oque faz aqui?
Uma voz grossa e grave me assusta, fazendo com que eu me levante rapidamente secando meu rosto das lágrimas, que ainda insistiam em marejar meus olhos.
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Skyfall - Entre o Ódio e o Prazer
RomanceEmma, a patricinha irresistível, esconde por trás da sua fachada de riqueza e popularidade uma busca incessante pelo amor materno que nunca teve. Nick, bad boy indomável, é marcado por um passado tumultuado, repleto de perdas e abusos familiares. Qu...