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Seonghwa adorava receber atenção. Ele vivia para isso, na verdade.

Desde garotinho, buscava maneiras de ser o centro de tudo. Ele andou antes que todos da sua idade. Ele falou primeiro e, conforme foi ficando mais velho, tornou-se mais alto e mais belo que qualquer um. Com seus cabelos escuros, olhos penetrantes e ombros largos, era realmente bonito. As garotas o amavam; os garotos o veneravam.

E Seonghwa?

Ele absorvia toda a atenção e regozijava-se com ela. Havia um limite de atenção que o Park poderia receber crescendo em uma pequena aldeia. Isso o aborrecia. Então, para sua satisfação, a França se envolveu na guerra. Seonghwa não via a guerra como uma oportunidade de defender seu país, mas como uma chance de usar um uniforme elegante e impressionar as mulheres, o que ele fez com gosto quando se tornou um herói. Seonghwa ainda usava sua farda. E ainda acreditava ser o homem mais belo e másculo de toda a aldeia.

Agora ele montava seu grande garanhão preto, fitando a aldeia do promontório que Ihe permitia vê-la do alto. Seu tórax se avolumava sob um peitoral dourado deslumbrante. Os músculos em seus braços saltavam conforme ele puxava as rédeas do cavalo, fazendo o animal dançar nervosamente. Amarrados à sela, estavam seu fiel mosquete e as recompensas de sua caçada.

Como sempre, ele tivera uma tarde de sucesso na floresta.

- Você nẫo errou um tiro, Seonghwa. - disse o homem ao lado. Se Park era um leão, como já haviam dito ao longo dos anos, o outro homem era um gato doméstico.

Hongjoong era tudo que Seonghwa não era.

Enquanto Seonghwa era alto e musculoso, Hongjoong era baixo e fraco. Enquanto Park era todo elegância, movimentos treinados e falas bem ensaiadas, Kim era só tropeços e balbucios incompreensíveis. Enquanto Seonghwa era conhecido e venerado por todos, Hongjoong era uma mera nota de rodapé aos olhos dos aldeões.

Ainda assim, Seonghwa estimava o pequeno rapaz - mais pelo fato de ele ser seu maior fā.

- Você é o maior caçador da aldeia - Kim continuou. Seonghwa lançou-lhe um olhar fulminante e ele rapidamente corrigiu: Quer dizer... do mundo.

Park estufou ainda mais seu peito já inflado e ergueu o queixo no ar como se posasse para um artista invisível.

- Obrigado, Hongjoong - disse. Ele olhou para baixo para ver o que Hongjoong havia "capturado" (um punhado de vegetais) e ergueu uma sobrancelha. Então, acrescentou com ironia: Você também não foi mal.

- Um dia desses vou aprender a atirar como você! - comentou Kim, alheio à zombaria de Seonghwa. -E falar como você. E ser alto e belo como você.

- Deixe disso, velho amigo. - disse Seonghwa, fingindo não ter adorado cada elogio. - A glória refletida é tão boa quanto a original.

Hongjoong inclinou a cabeça, confuso. Ele abriu a boca para falar, mas parou quando viu Seonghwa se endireitar na sela. Os olhos do homem de cabelos escuros se estreitaram, como se fossem de um lobo avistando uma presa. Seguindo o olhar de Park, Hongjoong viu o que havia chamado a atenção de seu amigo. Logo adiante, Felix abria caminho pela praça da aldeia. Seu vestido azul vivo reluzia em contraste com seus fartos cabelos castanho avermelhados.

Mesmo àquela distância, Kim conseguia que as bochechas dele estavam coradas.

- Olhe para ele, Hongjoong. - prosseguiu Seonghwa. - Meu futuro esposo. Felix é o garoto mais bonito da aldeia. Isso faz dele o melhor.

- Mas ele é um homem tão culto, e você é tão... - Hongjoong se conteve. Ele quase incorreu no erro que se orgulhava de nunca ter cometido: ofender Seonghwa. Rapidamente, antes que o amigo pudesse se perguntar sobre a hesitação, ele terminou a frase. - Inclinado aos esportes.

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