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A Fera parou diante da porta do quarto que agora, contra a sua vontade, pertencia a Felix. Ao lado dele, sua equipe aguardava, pronta para ajudar caso fosse necessário. Ele olhou para todos e então, levantando uma grande pata, bateu à porta. Duas vezes.

— Você vai jantar comigo! — disse ele, sem esperar uma resposta de Felix. — Isso não é um pedido!

Em seu carrinho de servir, monsieur Samovar deu uma tossida.

— Mais gentileza, mestre — aconselhou ele. — Lembre-se, o garoto perdeu o pai e a liberdade no mesmo dia.

— Sim — concordou Minho. — O pobrezinho deve estar morrendo de medo lá dentro.

A Fera suspirou. Ele estava ficando farto da repentina maré de conselhos. Mesmo assim, bateu novamente.

Dessa vez, veio uma resposta.

— Só um minuto. — A voz de Felix saía abafada através da porta pesada.

— Está vendo — disse Minho, alegre. — Aí está ele! Agora lembre-se, mestre: seja gentil...

— Cortês... — acrescentou monsieur Samovar.

— Charmoso! — gorjeou Jisung.

— E, quando ele abrir a porta — finalizou Minho —, sorria de forma educada e cativante. Vamos lá, mostre esse sorriso. 

Mostrar o sorriso a ele?, a Fera repetiu para si. Minho havia perdido a cabeça? Ele não sorria havia anos. Nunca tivera razão para tal. Ele ia começar a discutir quando um olhar de Seungmin o impediu. Com relutância, ele tensionou os músculos do rosto, puxando os lábios acima dos dentes.

Em uníssono, a equipe deu um passo para trás, horrorizada.

— Ahnnn... menos dentes — sugeriu Minho.

A Fera não precisava de um espelho para saber que sua primeira tentativa de sorrir resultou na careta mais medonha que alguém já vira. Tentou de novo.

— Mais dentes? — propôs Han.

A Fera suspirou. Ainda estava horrendo, supôs. Uma vez mais, ele ajustou o sorriso.

— Dentes diferentes? — acrescentou Christopher.

— Que tal sem dentes? — aconselhou Seungmin.

A Fera lançou um olhar de aviso. Ele chegara ao limite. Todos queriam que ele convidasse Felix para jantar. Tudo bem, assim o faria. Mas ele não iria perder mais um minuto tentando sorrir. Bateu na porta de novo, em uma nova tentativa.

— Você quer jantar comigo?

Desta vez, a resposta de Felix foi rápida.

— Você me fez prisioneiro e agora está me convidando para jantar? — Sua voz soava mais perto agora, como se ele estivesse encostado do outro lado da porta. — Ficou louco?

Conforme as palavras de Felix eram assimiladas pela Fera, sua expressão se tornou sombria. Suas patas cerraram e seus lábios se repuxaram em um rosnado.

— Acalme-se, mestre — disse monsieur Samovar em seu tom mais tranquilizador. Ele sabia que a Fera estava prestes a perder o controle.

— Mas ele me enfurece — respondeu a Fera entre os dentes. — Ele é difícil.

Monsieur Samovar tentou não rir da ironia que era seu mestre chamando Felix de difícil. Ele procurou argumentar com ele:

— Então facilite você.

Respirando fundo, a Fera se preparou para tentar mais uma vez. Seu corpo tremeu com o esforço e seu maxilar travou agressivamente, mas ele se controlou para falar no tom mais gentil possível.

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