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Felix queria acreditar que tudo ficaria bem, que a Fera ficaria bem. Mas assim que o garoto se sentou e a cabeça dele tombou em seu colo, ele soube que o tempo da Fera estava acabando. Já havia acabado para Seonghwa, embora aquilo só tivesse lhe causado um impulso momentâneo
de lamento. Ele fora um péssimo homem. Embora Lee jamais desejasse tal destino a ninguém, tampouco
desperdiçaria lágrimas ou tempo por sua memória.

A Fera, no entanto, era outra história. Felix não queria que ele se tornasse uma memória. Ele queria que o príncipe ficasse ao seu lado, são e salvo. Queria dizer o quanto ele significava para si. Queria dizer o quão arrependidi estava de ter enviado Seonghwa sem querer para o castelo. Ao olhar para a Fera, ele sabia que sua chance de dizer tudo aquilo estava escapando rapidamente. Hyunjin respirava com dificuldade e seus olhos estavam apertados pela dor
que devastava seu corpo. Suavemente, Felix desceu a mão e acariciou o rosto dele com os dedos.

Quando a Fera sentiu o toque, abriu os olhos.

— Você voltou — disse ele com um olhar de puro amor. Ele ergueu a pata e ajeitou uma mecha de cabelos do outro.

— Claro que voltei — respondeu Lee, tentando lutar contra as lágrimas que ameaçavam escorrer por suas
bochechas. — Nunca mais vou deixá-lo.

A Fera ergueu o mais levemente possível os ombros. Então suspirou e disse, com a voz fraca:

— Temo que seja minha vez de partir.

Felix balançou a cabeça.

Não!, ele queria gritar. Lute! Não desista agora! Não depois de tudo que nós passamos. Levei tanto tempo
para encontrar você. Apesar de seus esforços, as lágrimas começaram a cair. A cabeça da Fera estava ficando mais pesada em seu colo. Enquanto olhava para ele, Felix sentiu seu coração se partir. Contra todas as
probabilidades, a Fera havia lhe mostrado a beleza verdadeira. Ele lhe mostrara que tudo bem ser diferente.
Mostrara que não havia problema em se sentir perdido e a fizera perceber o quão desesperadamente o garoto queria ser encontrado. Ele tinha aprendido que as coisas não são sempre como parecem, que pessoas podem surpreender. Hwang havia lhe dado a única coisa que ele sempre desejara: algo a mais. E agora? Agora ele estava morrendo em seus braços.

Esforçando-se para encontrar as palavras, Felix conteve um soluço.

— Nós estamos juntos agora — disse o garoto. — Tudo vai ficar bem. Você vai ver.

— Pelo menos posso vê-lo uma última vez. — Enquanto o príncipe dizia essas palavras, sua pata desabou do cabelo de Felix. Seus olhos se fecharam. Sua respiração ficou mais
lenta, então cessou.

Com outro soluço, Lee se jogou sobre o corpo da Fera. Ele se fora. E Felix nunca lhe dissera que o amava.

Enquanto a Fera dava seu último suspiro no terraço acima, seus criados, alheios ao que havia acontecido entre o mestre e Seonghwa, estavam no meio de uma
celebração. Eles se reuniram em um dos terraços de baixo para assistir aos aldeões fugindo pela floresta. As
chamas de Minho brilhavam impulsionadas pela vitória. Jisung amaciou suas penas e Christopher tiquetaqueava mais rápido que o comum. Até as peças maiores da
mobília, como Madame de Garderobe e seu amor havia tanto tempo perdido, San, estavam participando da festa.

Lee Know se virou para Jisung e o segurou nos braços.  O espanador soltou risadinhas de flerte.

— Nós conseguimos, Ji! — disse ele, baixando- o. — A vitória é nossa! — Ele se inclinou para beijá-lo, então engasgou. Han tinha ficado imóvel e silencioso em seus braços. Não estava mais vivo. Com a morte da Fera, a maldição havia completado seu efeito.

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