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Dentro do castelo da Fera, os membros da equipe sentiam como se já estivessem mortos. Sua única esperança de salvação — Felix — havia escapado, e agora a Fera estava de novo transtornada, a rosa continuava murchando e eles não tinham chance de reverter a maldição antes que fosse tarde demais. 

Conforme a noite escurecia ainda mais, eles se reuniram no saguão, buscando consolo em tudo que lhes restava: uns aos outros. Seungmin e Jeongin se aninharam juntos no carrinho de servir enquanto Jisung descansava sua cabeça no ombro de Minho. Suas chamas estavam enfraquecendo, e sua expressão era tão séria e exausta quanto a de Christopher, que tinha se isolado num canto. 

— Ele afinal aprendeu a amar — disse com tristeza o candelabro, relanceando para a janela que dava para a torre onde a Fera estava sentada. 

— Não serve de muita coisa se ele não o ama de volta — apontou Chan. Ele cruzou os braços e se emburrou. 

Balançando a cabeça, monsieur Samovar rolou se carrinho para perto do relógio resmungão. 

— Não mesmo — disse ele. — Esta foi a primeira vez em que eu tive uma esperança real de que ele pudesse amá-lo.

Chan abriu a boca para retrucar, mas foi interrompido por I.N. A jovem xícara tinha se virado para a porta e escutava algo atentamente.

— Você ouviu isso, papai? É ele? — perguntou ele, saltitando do carrinho e se lançando até a janela. 

O restante da equipe se apressou para junto de Jeongin. Eles se esticaram contra a vidraça, tentando identificar o que quer que a xícara tivesse ouvido. A distância, enxergaram luzes de tochas brilhando por entre as árvores. 

As chamas de Lee Know se acenderam de empolgação. 

— Será? — perguntou ele, abrindo caminho entre os outros. Era difícil enxergar lá fora através do gelo que cobria a janela. Ele ergueu uma chama, aquecendo a vidraça até que o gelo derretesse. Então gritou: — Sacré bleu! Céus! Invasores! 

Os outros espiaram pela janela limpa. Lee estava certo. Não era Yongbok quem vinha pela floresta e retornava para a Fera. Era uma multidão! E, pelas expressões, uma multidão furiosa. Os aldeões abriram caminho até o portão do castelo e atravessaram a ponte até a colunata. Um homem alto e forte montado em um grande cavalo preto liderava o grupo. Ele se dirigiu à turba, sob os olhares da equipe do castelo, que espiava pela janela. 

— Peguem todos os tesouros que quiserem! — gritou ele. — Mas a Fera é minha! 

A equipe engoliu em seco de pavor. O que iriam fazer? 

Bang sabia exatamente o que ele tinha que fazer. Ele precisava alertar a Fera. Deixando os outros para formarem uma pequena e triste barricada na porta da frente, o relógio seguiu para a torre. Ele saltitou e balançou o caminho todo por doze lances de escadas e longos corredores até finalmente chegar à varanda. Olhando ao redor, ele tentou encontrar a Fera entre as
gárgulas de pedra da balaustrada. Finalmente, avistou-o empoleirado próximo à outra ponta. Sua cabeça estava abaixada e seus ombros, curvados. 

Christopher limpou a garganta. 

— Oh, me perdoe, mestre — disse ele com nervosismo. 

— Deixe-me em paz — retrucou a Fera, sem se dar ao trabalho de erguer os olhos. 

— Mas o castelo está sendo atacado — disse Chan com urgência. 

A Fera ainda assim não levantou a cabeça, mantendo seu rosto oculto na escuridão. Quando falou, sua voz estava se rasgando de dor. 

— Não importa mais — disse ele tristemente, enfim erguendo a cabeça. Seus olhos pretos penetrantes estavam perturbados e cheios de lágrimas presas. — Apenas deixe que venham. 

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