5

156 34 1
                                    

O sol havia acabado de nascer no horizonte quando Felix saiu para dar a refeição matinal ás galinhas. Os pássaros piavam e uma brisa gentil soprava ao longo das colinas. Junto ao belo céu azul sem nuvens, era a imagem perfeita de uma manhã.

Então Felix escutou uma bufada familiar.

Ele ficou surpreso ao se virar e ver Philippe parado ao lado do portão do cercado. O corpo do animal estava trêmulo e encharcado de suor. O branco des eus olhos apareceu quando, nervoso, ele começou a bater as patas no chão. 

- Philippe - disse Felix, apressando-se para abrir o cercado para que o cavalo pudesse beber água. Ele o acariciou gentilmente. - O que está fazendo aqui? Onde está...? - A mão dele parou no meio do gesto. Então começou a tremer quando ela viu as tiras rasgadas onde o arreio deveria estar amarrado. Os olhos de Felix se arregalaram ainda mais quando ela notou as rédeas estraçalhadas. Algo havia acontecido com seu pai... algo ruim.

Sem parar para pensar no que estava fazendo, Felix jogou uma sela sobre o dorso de Philippe, apertou ao redor do animal e colocou novas rédeas sobre sua cabeça. Ele sabia que era pedir demais ao cavalo, mas ele era o único que sabia onde estava Maurice. Ele montou o animal e o guiou adiante. 

Felix sabia que seu pai fora para a floresta. Disso ele tinha certeza; era a rota que ele sempre pegava. Mas, assim que Philippe deixou o interior familiar da aldeia e galopou floresta adentro, suas esperanças enfraqueceram. Aquela parte da floresta era enorme. Encontrar um homem naquela imensidão parecia quase impossível. 

- Rápido, Philippe - disse ele enquanto o cavalo rodeava uma árvore que havia sido partida ao meio. - Leve-me até meu pai. 

A mata ficou ainda mais fechada e o céu, mais escuro, mas Philippe mergulhou destemido nas sombras. Felix examinou o chão e as laterais do pequeno caminho. De repente, avistou a carroça do pai. Estava no chão, tombada. As belas caixinhas de música estavam espalhadas, algumas tão quebradas que não tinham conserto, outras um pouco menos danificadas. Mas não havia sinal de seu pai. 

Cutucando Philippe com os calcanhares, ele o apressou. O cavalo galopou adiante, parecendo reconhecer o caminho estreito e sinuoso. Felix quis acreditar que aquele era o trajeto que seu pai havia percorrido. 

Para seu alívio, um portão surgiu alguns instantes depois. Além das grossas barras de ferro, ele avistou um gigantesco castelo de pedra. Philippe relinchou. Seu pai tinha que estar ali, em algum lugar. Felix podia sentir. Ele desmontou apressada e acariciou Philippe. Sussurrou palavras de encorajamento, levando-o para dentro dos portões, então pediu que ele aguardasse. Ele se moveu para subir os degraus de pedra, mas parou de repente. Felix não estava disposta a correr para dentro do estranho castelo sem levar nada com que se defender. Vasculhando ao redor, ele avistou um galho grosso caído no chão. Ele o pegou e o segurou acima da cabeça, empunhando-o como um porrete. Só então ela subiu até as portas da frente.

 Felix nem se deu ao trabalho de bater na porta. Se o seu pai estivesse mesmo em algum lugar ali dentro, ele não queria perder tempo para achá-lo. Ele empurrou as portas e se viu em um saguão gigantesco. Algumas velas penduradas nas paredes mal proviam luz suficiente para iluminar o espaço. Endireitando os ombros, Felix respirou fundo e adentrou o castelo. Enquanto caminhava até a grande escadaria, seus olhos se acostumaram à escuridão. Ele ouviu sussurros abafados, mas não distinguiu ninguém. Duas vozes se ergueram e se abaixaram, então eleouviu uma frase pronunciada tão claramente como o dia:

Beauty And The BeastOnde histórias criam vida. Descubra agora