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Seonghwa ainda não podia acreditar. Ele havia sido rejeitado. Friamente, categoricamente, completamente rejeitado. Sentado em sua cadeira favorita em seu canto preferido na taverna da aldeia — bem embaixo da parede que exibia todas as galhadas e troféus que ele havia ganhado —, Seonghwa não conseguia se livrar da sensação ruim na boca do estômago. Nem mesmo Hongjoong, sentado ao seu lado e lhe dizendo o quanto ele era fantástico, dissolvia a tristeza que ele sentia.

— Imagine, Hongjoong. — disse Seonghwa, dando um grande gole em sua bebida. Ele gesticulou com as mãos. — Uma cabana rústica. Minha última caçada assando ao fogo. Crianças adoráveis correndo à nossa volta enquanto meu amado massageia meus pés cansados. 

— Ooh! O que está assando ao fogo? — perguntou Hongjoong, sempre um espectador cativo e interessado. — São os pequenos detalhes que realmente compõem a imagem.

Seonghwa disparou um olhar para o pequeno homem por ter interrompido seu monólogo. 

— E aí, o que Felix diz? — perguntou o belo homem, com a imagem já clara o bastante em sua mente. — "Nunca me casarei com você, Seonghwa." — Ele bateu o copo na mesa em um acesso de raiva.

— Existem outras pessoas.— ressaltou Hongjoong. Ele acenou para trás, para um grupo de mulheres. Seonghwa mal olhou para elas, mas foi o suficiente para causar risadinhas.

Kim estava certo. Seonghwa poderia escolher qualquer uma das garotas da aldeia... ou da próxima aldeia. Ou de qualquer aldeia, a propósito. Mas não era esse o ponto. Ele não queria nenhuma daquelas mulheres. 

— Um grande caçador não desperdiça seu tempo com coelhos — disse ele. Suas palavras ecoaram pela taverna, arrancando sorrisos de flerte do rosto das garotas. 

Afundado em sua cadeira, Seonghwa brincava distraído com um pedaço de linha solta da almofada surrada. Hongjoong tentava animá-lo, mas ele mal prestava atenção. Os argumentos do parceiro — de que ele era o mais corajoso, mais forte e mais admirado homem da aldeia —
estavam batidos. Park já ouvira todos antes. E, claro, ele sabia que era tudo verdade. Ele era excepcional. Ele era o herói da aldeia, o melhor caçador que havia; era bom até mesmo com decoração — galhadas davam um toque especial aos cômodos, em sua opinião —, e ninguém duvidava que ele era o maior e mais bonito dos homens. 

Mas de que adianta tudo isso ser verdade, pensou Seonghwa, se Felix não reconhece?

Naquele instante, a porta da taverna se abriu. Maurice apareceu na entrada. Seus olhos estavam ferozes e suas roupas, rasgadas. Ele se segurou no batente quando um acesso de tosse abalou seu corpo. 

— Socorro! — disse ele assim que a tosse acalmou. — Alguém me ajude! Temos que ir... Não há tempo a perder... 

Enquanto falava, Maurice se moveu para dentro da taverna, buscando o calor do fogo que rugia na lareira. Vendo como o homem estava desequilibrado, o dono da taverna tentou acalmá-lo: 

— Ei, ei, ei. Devagar aí, Maurice. 

Maurice balançou a cabeça. 

— Ele pegou Felix... Trancou-o em uma masmorra! 

Seonghwa se endireitou na cadeira, interessado. 

— Quem o pegou? — perguntou o dono da taverna. 

— Uma fera! — respondeu Maurice. — Uma fera monstruosa e horrível! 

Chocados com as palavras do homem, todos no local ficaram em silêncio — por um momento. Então Jean, o oleiro, ergueu sua caneca. 

— O que você colocou nesse negócio? — perguntou ele com um sorriso, rompendo o silêncio. 

O dono da taverna balançou a cabeça. 

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