''As marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes.''
John Green
A Culpa é das Estrelas
— Ok, você consegue... — a determinação não durou quatro segundos no rosto de Britta que se encarava no espelho do banheiro. — Merda! — Balançou a cabeça chacoalhando os cachos úmidos e voltou a se olhar. — Não tem jeito! — Apontou o dedo acusativamente para seu próprio reflexo. — Você sabe que se não fizer isso hoje, você nunca mais vai ter coragem pra ir...
O conflito do dia: ir ou não ao Arkham. Depois de distrair ao máximo sua mente sobre o assunto, por ler com cuidado seu novo contrato com as Empresas Wayne, Britta não viu outra forma de lidar com o pensamento a não ser enfrentando-o. Tinha muitos motivos para ir, poderia por exemplo saber se Kevin encontrou Vera novamente.
''Não posso mais te proteger.''
Estava prestes a jogar toda determinação pelo ralo. Estava com medo. Medo de como Kevin estaria, medo que ele não a reconhecesse ou que a reconhecesse e não reagisse bem a sua repentina presença. No entanto, seu medo maior era que Kevin não se importasse o suficiente.
Não muito distante dali, duas viaturas e o carro do Comissário se aproximavam da vizinhança de Britta. Sozinho em seu carro particular, Gordon falava com Bruce em uma chamada no viva-voz.
— ...o Pendrive está completamente infectado de malwares, o que eu já esperava, mas é um malware tão potente que quando identificado é destruído pelo meu computador... — Bruce tentava explicar a desventura com o pendrive do Coringa.
— Bem, então você está me dizendo que...o computador na Batcaverna não é capaz de fazer uma análise desse dispositivo e nos entregar um IP ou algo do tipo?
Embora Gordon não estivesse tentando, Bruce se sentiu bem ofendido, mesmo porque, de certa forma, era isso mesmo o que estava acontecendo, mas ele não admitiria isso.
— O que estou dizendo é que o meu sistema está destruindo os malwares impedindo-os de infectá-lo e impedindo de fazer qualquer análise.
Houve um silêncio constrangedor. Bruce admitia para si mesmo que depois de anos afastado, tendo em mente que Blake abandonou a Batcaverna, era de se imaginar que Coringa teria acesso a uma tecnologia mais avançada e atualizada em mãos.
— Olha só...Estou em frente ao prédio da senhorita Ledger... — disse o sobrenome com ironia. — Está saindo só agora, imaginei que já estaria no trabalho há uma hora dessas...
Bruce teve que revirar os olhos com o tom acusador de Gordon, por outro lado Bruce sabia que se Britta tivesse pedido um dia folga, pelo bem da investigação, Lucius lhe avisaria, mas achou melhor não alimentar a paranoia de Gordon.
— Me avise quando tiver posse das câmeras...
— Não acho que essas evidências possam ficar por muito tempo na delegacia, seria interessante se arranjasse um espaço na caverna... — Com o telefone no ouvido saiu do carro encarando Britta de longe. Ela sustentava seu olhar desafiador.
— Perfeito — terminaram a chamada.
— Bom dia, Comissário.
Para Gordon, Britta parecia mesmo diferente, como outra pessoa. Mesmo a atitude com a que falava com ele, como se não tivesse mais nada a esconder.
— Bom dia, indo passear? — sorriu azedo de boca fechada, o olhar morto.
— Algo me impede? — seu olhar era frio no policial.
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EU TE VEJO - Um romance com o Coringa.
FanfictionPassaram seis anos desde a devastadora invasão de Bane, seis anos sem o Batman. A cidade volta a se reerguer, e é nesse cenário incerto que Britta Ledger, uma jovem recém formada, funcionária das Empresas Wayne é sequestrada pelo então esquecido Cor...