kitana², pedri gonzález.

04.

PEDRI GONZÁLEZ

Passei a minha mão pela minha mandíbula e soltei um suspiro frustrado. Fernando me encarou de soslaio enquanto cozinhava após eu contar o que aconteceu ontem. Ele por fim parou de cortar o aspargo e me encarou nos olhos. Como o meu irmão era o tipo de cara extremamente expressivo, ele levantou a mão que estava com a faca e fez uma careta.

Eu já me acostumei com isso, não era algo que eu já não tivesse vivido antes.

— Deixa eu ver se eu entendi: você não vai mais ver o seu filho por causa de uma chantagem da sua atual namorada? — Fernando enrugou a testa, provavelmente sentindo repúdio da Skarlet. Eu dei de ombros e soltei um suspiro frustrado.

— Foi o pai da Skarlet que me colocou no Barcelona. — eu respondi. — E a Skarlet disse que se eu pensar em falar com a Kitana de novo, ela vai dedurar tudo para o pai dela e eu vou acabar destruindo a minha carreira por estar sem empresário.

— Que filha da puta. — Fernando xingou. Eu assenti e cocei os meus olhos. Eu mal dormia e quando dormia, acordava com torcicolo ou com algo do tipo. — E você ama ela? Você está feliz com a Skarlet?

Encarei o meu irmão e alinhei os meus lábios, movimentando os meus ombros para cima e para baixo, demonstrando a minha indiferença

— Não consigo amar ninguém desde que a Kitana foi embora. — eu respondi sendo sincero. Foi por isso que eu perguntei o motivo de ela voltar, porque sabia que o meu sentimento por ela não foi embora junto com ela. — Não. Só me sinto feliz com o Henri.

— Então por que você pediu ela em namoro, porra? — o meu irmão mais velho questionou, abismado. O meu coração apertou e acelerou, fazendo com que um nervosismo incidisse no órgão.

— Não vou te responder isso. Você vai rir de mim. — eu disse. Fer ergueu uma das sobrancelhas e arregalou o olho, à espera da minha resposta.

— Eu rio de você todos os dias, não vai mudar porra nenhuma. — Fernando respondeu. Ele largou a faca na tábua e apoiou as mãos na ilha da cozinha, me esperando.

— Por que ela é parecida com a Kie... — eu murmurei com vergonha. Senti a minha bochecha corar e cocei a minha nuca. Fernando me encarou com a testa enrugada.

— Oi? Repete. — o moreno pediu. O meu coração acelerou e eu engoli em seco.

— Porque ela é parecida com a Kie. — eu respondi. O meu irmão abriu a boca em um formato de 'o' e soltou uma risada nasal, depois começou a rir da minha cara.

— Eu ouvi. Só queria que você repetisse. — Fernando revelou. Eu fechei a minha cara e senti o meu corpo queimar de vergonha. Filho da puta. — Você pediu a mulher em namoro porque ela parece a Kitana, mas esqueceu que ela é uma doente mental? Porra, Pedro, cada dia que eu penso que você não pode se superar nos seus erros, você vai lá e mostra que pode sim.

— Foi arranjado, porra. — eu deixei escapar pelo ódio que eu estava sentindo. Fernando congelou no próprio lugar e me encarou assustado, enquanto eu fechei os meus olhos com força e me xinguei mentalmente.

— O quê? — o mais velho perguntou. Fernando lavou as mãos na pia da cozinha, se aproximou de mim e apertou os meus ombros. — Você está noivo?

— Não exatamente. — eu murmurei. Não tive coragem de encarar ele. — Tudo começou quando eu encontrei a Skarlet em uma boate qualquer, então eu me atraí por ela porque... Bom, você sabe. Eu não reconheci quem era. No dia seguinte, meu empresário me ligou dizendo que precisava de uma reunião urgente comigo.

— E? — Fernando perguntou.

— E ela estava lá. — eu contei. O meu irmão enrugou a testa, como se sentisse nojo da situação. Eu não julgaria-o, até eu sinto nojo de mim mesmo. — O Bittencourt disse que ela era minha fã e que era para eu dar uma chance para ela. Eu dei a chance porque precisava de algo que me fizesse superar a Kitana, até o meu empresário começar a falar várias coisas no meu ouvido. Ele dizia que se eu não namorasse a filha dele, eu teria uma carreira para carregar sozinho. Agora ele diz que deveríamos casar e ter filhos, mas eu não quero isso, pelo menos não com ela.