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PEDRI GONZÁLEZ

Encarei o psicólogo à minha frente e cocei a minha mandíbula, consequentemente tampando a minha boca. Doutor Hernandez anotou muitas coisas no caderno dele. Essa era a nossa terceira consulta.

— E como você se sente quando está com a mãe do seu filho? — o psicólogo perguntou de repente. Eu arregalei os meus olhos, surpreso pela pergunta. Os meus ombros subiram e desceram, mostrando que eu não sabia como responder, e os meus lábios se alinharam.

— Sinto saudades. Me sinto mal por ter perdido a mulher incrível que eu tinha nos meus braços. — eu respondi. O psicólogo esperou eu falar mais e eu soltei um suspiro, começando a tagarelar. — A Kitana é uma mulher incrível. Ela é muito inteligente, muito bonita, muito madura, ela trata o nosso filho muito bem. Eu pensava que não era possível me apaixonar mais por ela, mas eu estava errado. Às vezes parece que ela é a única pessoa que entende tudo sobre mim. Eu sinto tipo um... Vazio quando não estamos juntos, como se algo estivesse faltando na minha vida.

O homem anotou no caderno dele e eu mordi o meu lábio inferior, arrancando uma pele. Eu estava nervoso, era óbvio. Toda vez que alguém falava sobre a Kitana eu ficava assim.

— E você já considerou a hipótese de ter dependência emocional na mãe do seu filho? — doutor Hernandez perguntou. Eu entreabri a boca e soltei uma risada nasal.

— Eu já tive dependência emocional nela há muito tempo atrás, doutor. Ela tinha apostado isso com uma antiga amiga dela, ambas faziam faculdade de psicologia. — eu respondi. O meu psicólogo ergueu uma das sobrancelhas dele e anotou mais alguma coisa no caderno que estava em suas mãos.

— E tratou antes com um profissional? — o homem questionou. Um sorriso torto surgiu nos meus lábios e ele teve a resposta dele.

— Por um mês com o meu antigo psicólogo, mas depois que a Kitana foi embora eu larguei o tratamento. — eu contei. O mais velho novamente anotou e eu tentei enxergar o que estava escrito ali, mas não consegui.

— Bom, senhor González... Vou te propor um tratamento contínuo de psicoterapia e você terá que fazer algo que provavelmente não vai gostar. — o psicólogo disse. Eu ergui uma das minhas sobrancelhas e encarei-o à espera da sugestão. — Você precisa aprender a dizer não e a estar só. Saia mais, converse com outras pessoas, mas não de forma amorosa, converse mais com os seus amigos e marque encontros com eles.

— Tudo bem. Não vi nada desgostoso até agora. — eu respondi. O profissional fez um sinal de espera e colocou o caderno dele em cima da mesa, já fechado pra que eu não pudesse fuxicar as suas anotações sobre mim.

— É porque eu falarei o que é agora. — doutor Hernandez disse. — Não converse com a Kitana por um mês. Fale somente sobre os horários que você buscará o seu filho, já que a pensão dele é debitada automaticamente.

Eu arregalei os meus olhos e senti o meu coração acelerar. Balancei a cabeça em negação.

— Isso é loucura. — eu disse abismado com a ideia. O meu psicológico me encarou como se isso não fosse nada demais, mas era. — Eu passei anos longe da Kitana e eu estava bem. Agora ela voltou e eu percebi que sou apaixonado por ela, simples.

— Há uma grande diferença entre estar apaixonado e estar dependente de alguém emocionalmente. — o homem falou. Eu enruguei a testa, me sentindo extremamente ofendido. — Você claramente está em uma dependência emocional. Isso não se cura rapidamente ou de forma independente. Mesmo que você ache que sim, não é tão fácil assim. Você foi encaminhado para mim pelo seu treinador, já que isso está começando a afetar a sua carreira, então se você não fizer o que eu estou recomendando, o único que sairá prejudicado aqui será você.

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