A Archeron Mais Velha

Capítulo 15

Alyssa POV's

   Eu estava longe, mas via - pelos olhos que não eram meus, olhos presos a uma pessoa que observava o corpo de Amarantha ser consumido pelo fogo roxo ao meu lado. A pessoa olha para Feyre que estava com o pescoço de um jeito errado e isso me embrulhou o estômago, somente quando voltei a encarar meu corpo que percebi de quem era os olhos que via tudo. Rhysand. Ele se aproximou do meu corpo lentamente, se ajoelhou ao meu lado e retirou o punhal do meu peito. Meu sangue manchava sua mão enquanto engolia em seco, apoiou minha cabeça em seu peito e ficou fazendo carinho em meus cabelos.

- Não... - escuto alguém sussurrar não muito longe, era Lucien. Todos os Grão-Feéricos e Feéricos nos observavam com lágrimas nos olhos, tanto a nós dois quanto Feyre e Tamlin.

    Percebo alguém surgindo ao lado do ruivo - um homem alto, bonito, de cabelos castanhos, com um rosto levemente parecido com o dele. Lucien não o olhou, mas enrijeceu o corpo quando o Grão-Senhor da Corte Outonal se aproximou de Tamlin e estendeu a mão fechada em punho para ele.
    O loiro azedo só ergueu o rosto quando o Grão-Senhor abriu e virou a mão, uma faísca reluzente caiu sobre Feyre. Ela se inflamou e sumiu quando tocou o peito de minha irmã, ele se aproximou de nós e fez comigo.
    Outras duas figuras se aproximaram de nós - ambas bonitas e jovens. Pelos olhos de Rhys, as reconheci instantaneamente. A de pele marrom à esquerda usava uma túnica verde e azul, e sobre o cabelo loiro platinado ele usava uma grinalda de rosas - o Grão-Senhor da Corte Estival. Seu companheiro de pele pálida, vestindo branco e cinza, tinha uma coroa de gelo reluzente. O Grão-Senhor da Corte Invernal.
    De queixos erguidos, ombros esticados, eles também soltaram aquelas sementinhas brilhantes sobre nós, Rhys e Tamlin fizeram reverência com a cabeça em gratidão.
    Outro Grão-Senhor se aproximou, também jogando sobre nós uma gota de luz. Ele era o que mais brilhava entre eles e pelas vestimentas em dourado e rubi, soube que era o Grão-Senhor da Corte Crepuscular. Então, o Grão-Senhor da Corte Diurna, vestido de branco e dourado, com a pele marrom clara irradiando uma luz interior, ofereceu um presente semelhante e deu um sorriso triste para Rhys e Tamlin antes de se afastar.
     Rhysand me ergue no colo e nos aproxima de Feyre e Tamlin, se ajoelha comigo ainda em seu colo e é possível notar o resquício das minhas sombras entrelaçar meus dedos nos de Feyre e depois sumir.

- Pelo o que elas nos deram, tanto Alyssa quanto Feyre. Concederemos o que nossos ancestrais concederam a poucos no passado, isso nos deixa quites - Rhys anuncia estendendo a mão, consigo sentir o brilho do seu humor quando abriu a mão e deixou que a semente de luz caísse sobre nós duas. Tamlin faz o mesmo processo comigo, mesmo que hesitante.

- Amo você - Tamlin sussurra para Feyre, ele a beija ao pousar a mão em seu peito. A vontade de vomitar foi enorme, mas consegui segurar pois não estou no meu corpo.

   Tudo estava escuro, quente  e espesso. Coberto de tinta e sombras, mas emoldurado com ouro e luz. Eu olhava ao redor e não via nada, meu coração disparava e não conseguia respirar direito. Decido cantar música que minhas meninas sempre pedem para escapar da realidade, diziam que as transportava para um mundo mágico e magnífico. Mídia, 01:30.
     Vejo os olhos de um dragão, ele solta uma lufada de ar e arquejo respirando fundo. Estava deitada no chão frio, sem dor, sem sangue, sem ossos quebrados ou punhais no peito. Pisco os olhos me acostumando com a claridade, havia um lustre acima de mim... Jamais tinha reparado como os cristais eram tão bem detalhados, como o grito sufocado da multidão ecoava deles. Uma multidão... aquilo significava que eu ainda estava no salão do trono, significa que eu... Não estava morta, Feyre... Onde está Feyre? Tento me levantar, mas o salão girou.
     Gemi ao apoiar as mãos no chão, me preparando para ficar de pé, mas... Ao ver minha pele, congelo. Ela refletia uma luz estranha - e meus dedos pareciam mais longos onde eu os apoiara, abertos nos mármore. Impulsionei o corpo para me levantar, eu me senti... Forte, rápida e reluzente... E eu tinha me tornado uma Grã-Feérica, procuro Feyre  e a mesma era Grã-Feérica também. 
      Fico imóvel quando sinto Rhysand parado atrás de mim, senti o cheiro da brisa noturna e lar, o cheiro, mais forte do que jamais havia sentido na vida. Não conseguia me virar para olhar o mesmo - não podia... Me mover. Uma Grã-Feérica... Imortal, junto da minha irmã caçula. O que eles tinham feito...?
      Eu conseguia ouvir Rhys prendendo a respiração; ouvi quando ele expirou. Ouvi o inspirar, os sussurros, os choros e a comemoração silenciosa de todos naquele salão, ainda nos observando, observando a mim e Feyre, alguns entoando um cântico de louvor ao poder glorioso de seus Grão-Senhores.