Capítulo 06

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Alyssa POV's

  Deslizando e escorregando na lama fétida, disparamos pela extensão da trincheira, desejando ter memorizado essa merda de labirinto. Se pegar a curva errada para cair em um beco sem saída é foda, a multidão rugindo estava abafando os ruídos de sucção e ranger de dentes da minhoca. O fedor, que se aproximava cada vez mais , nos dizia o quão perto ela estava. O meu resmungo de alívio chamou a atenção de Feyre que viu a mesma bifurcação que eu, fizemos uma curva acentuada para fugir do verme. 
  O nosso plano não verbal era colocar o máximo de distância que podíamos da criatura, precisamos parar em um lugar que nos dê vantagem de bolar um plano melhor. Apesar de tentar virar várias vezes a esquerda e possivelmente parar atrás do verme, precisaríamos ser três vezes mais rápidas coisa que não vamos conseguir ser. Deslizo por uma parede quando viramos mais uma vez à esquerda e me choco contra a sujeira escorregadia. Fria, fétida e sufocante. Infeeeerno, que mal cheiro da porra! Limpo o que tem nos meus olhos e escuto algumas risadas, solto um rosnado animalesco que silencia todos. Corremos por nossas vidas e chegamos a uma extensão reta e plana da trincheira, colocamos força nas pernas quando disparamos por ela.
   Finalmente crio coragem para olhar pra trás, meu medo se torna insano ao vê-la se debatendo para nos alcançar. Quase perco uma abertura estreita na lateral da trincheira graças a essa olhada, abri mão de passos valiosos quando chego perto e Feyre me puxa junto. Conforme fizemos menção de pular na fenda, entalamos na abertura super pequena para dois corpos. 

- Será que isso pode piorar? - resmungo cavando junto da Feyre, as trincheiras reverberaram com os movimentos da minhoca e minha irmã me olha mortalmente. Quase conseguia sentir seu hálito horrível sobre nossos corpos semi exposto, conseguíamos escutar aqueles dentes cortando o ar, cada vez mais e mais perto. Não pode terminar desse jeito, não assim!

   Cavo lama, rasgo qualquer coisa para podermos passar. A minhoca se aproximava a cada uma das batidas do meu coração e o cheiro quase bagunçava nossos sentidos, mas que desgraça! Arranco lama, me debato, chuto, empurro e percebo Feyre chorando entre os dentes trincados. Solto um rosnado brutal e coloco mais força junto das sombras pra nos soltar, escuto a lama ceder de tanto puxar e ar quente se choca contra nossos corpos e então...












































 Caímos pela fenda, totalmente atoladas na lama, e a multidão suspira. Não dou tempo de alívio para Feyre e a puxo para continuar correndo, pelos rugidos mais baixos e distantes percebi que o verme não tinha nos encontrado. Mas, isso não faz sentido! A passagem não oferecia esconderijo, ainda assim poderíamos ser vistas. 
   Não diminuímos a velocidade, apesar de saber que desperdiçávamos energia ao chocar contra as paredes conforme cada curva acentuada fazíamos. A minhoca também precisava perder a velocidade para realizar tais manobras, não poderia fazer as curvas sem reduzir a velocidade mesmo o quão hábil fosse. Arrisquei olhar para multidão, seus rostos estavam desapontados na direção totalmente contrária da nossa. Deve ser onde está a minhoca, ela não viu pra onde fomos. Ela é...

"O verme é cego"
" Use a seu favor, mestre"
"Mostre quem foram burros de não confiar na Senhoras das Sombras"
"Faça-os verem quem é Alyssa Archeron!"

   Paro surpresa com a revelação importante, Feyre me encara preocupada mas não percebe o enorme o fosso que se abriu na sua frente. Escuto a sua queda lá embaixo e me aproximo da ponta, vejo que o nível da lama era nos seus tornozelos. A multidão grita e reviro os olhos, pulo lá dentro e a lama amortece a queda. Percebo alguns feéricos olharem aqui dentro, estão mesmo tentando espiar aqui? Ignoro isso e observo ao redor, procuro uma saída rápida mas o próprio fosso se abria em um túnel pequeno e escuro. Não havia como escalar, a parede é inclinada demais o que significa que estamos presas.
   Vejo Feyre arquejar em busca de ar e dá alguns passos arrastados na lama, seu rosto fica pálido de repente quando som estala alto. Ela cambaleia e caí sentada, recua assustada e ergue um osso da lama. Me abaixo um pouco e mergulho minha mão na lama e encontro mais ossos de vários tipos e tamanhos e a realização me dá um tapa na cara. Estávamos na casa do Verme Middengard, precisamos sair daqui agora!

- Meninas, estão estragando a diversão de todos. Saiam daí! - escutamos a reclamação de Amarantha, acredio que ela pensa que somos as parceiras de baralho. Velha broaca, mas até que nos deu uma informação valiosa sobre o verme. Ela não sabia onde estávamos, não sentiu nosso cheiro e temos segundos valiosos para bolar um bom plano de sobrevivência. 

   Quando minha visão se ajusta no escuro, vejo montanhas e montanhas de ossos empilhados se elevando ao redor do fosso. Precisávamos sai imediatamente, Feyre se levanta aos tropeços e alguns ossos caem no processo. Tento escalar uma das paredes íngremes, escuto alguns feéricos me xingarem mas nem ligo muito. Consigo subir 3 centímetros, mas deslizo novamente para chão.
   Não podemos sair sem uma corda ou escada, entrar mais toca seria suicídio. Tento subir novamente na parede ignorando, outra vez, o descontentamento da multidão sobre nós. Desisto de subir pela parede e olho ao redor pensando em um plano, até que escuto um feérico perguntando se precisamos de uma escada e foi nesse momento que minha mente brilhou. 
    Viro na direção dos ossos, empurro a mão contra a parede testando sua resistência e pareceu firme. O lugar inteiro era feito de lama compacta, se a criatura fosse como suas primas distantes menores e inofensivas, posso presumir que o fedor e a própria lama era o resquício do que quer que tivesse passado pelo trato digestivo do animal depois de ter limpado os ossos. Ignorando esse fato desprezível, aproveito a faísca de esperança de esperança e pego dois ossos menores e mais fortes que consegui encontrar no meio daquela pilha. Ambos eram mais longos que minha perna e bastante pesados até, com ajuda das sombras consigo enfiá-los na parede sem muito esforço. Feyre percebe o que estou fazendo e pega mais ossos enfiando na parede com uma agilidade de se orgulhar, eu fico me empendurando para testar sua resistência e estavam bem firmes para sustentar nosso corpo. 
    Feyre subiu os primeiros degrais quando uma ideia me surge e lhe seguro o tornozelo, ela me encara confusa mas só me aproximo dos outros ossos. Pego um osso menor e o quebro no meu joelho, solto um resmungo pela dor mas o osso se transformou em duas estacas afiadas. 

 - Amarantha não quer presenciar uma caçada? Então, está na hora de caçar! - falo com um sorriso malicioso, Feyre repete o mesmo processo com o osso que carrega e chia pela dor. Caminho até o meio do fosso, calculo a distância e mergulho os dois ossos no chão, Feyre  me dá um dela que pretendo usar como espada.

________________________________________________________________________________Paro ou Continuo?  

A Archeron Mais VelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora