3 - Proteção

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Pov - Becky

Entro na ducha, deixando a água fria lavar toda confusão e frustração que vem me atingindo desde aquele dia. Sinto que a paz escapou entre meus dedos e que não tenho mais controle do que posso ou não fazer. A água faz seu esplêndido trabalho de relaxar meus músculos tensionados e levar meus pensamentos junto com ela para o ralo.

Meus ferimentos adquiridos naquele beco e durante a luta com a cana já estão quase completamente invisíveis, afinal já fazem três dias. A única que nunca some é a do meu nariz.

Saio do banheiro usando apenas uma calça moletom deixando meu peitoral nu, privilégio de quem mora sozinha é poder se vestir como quiser. Minha toalha que antes enxugava meus cabelos agora parcialmente secos, está caída em cada um dos meus ombros, impedindo que meus seios fiquem à mostra.

Vou até a geladeira a fim de pegar uma bebida para saciar minha sede repentina. Encontrei uma latinha de refrigerante que logo pego e fecho a geladeira em seguida. Tomando um gole depois de abri-la vou em direção a sala, mas antes vejo algo em cima da mesa que não me lembro de estar ali antes.

Há uma sacola de papelão com a logomarca de um restaurante chinês famoso e bastante caro das redondezas. Pelo tamanho da sacola parece ter bastante comida ali dentro.

– Eu não limpei essa mesa? Espere, quando foi que eu pedi alguma coisa desse restaurante...?

– Agora. Boa tarde.

Puta merda! Em um sobressalto pelo susto me engasgo com o que estava ingerindo, um pouco da bebida escapa da minha boca pingando em meu queixo e a latinha nas minhas mãos fica um pouco amassada pela força que impus por reflexo. Olho para trás seguindo a voz que escutei. QUE MERDA ELA TÁ FAZENDO AQUI?!!

– Mas que merda você está fazendo aqui, Sarocha?! Como você...!

– Você não trancou sua porta. Isso é perigoso, sabia.

– Primeiro dane-se essa sua declaração óbvia. Segundo bata primeiro!

– Você não iria responder se soubesse que era eu.

– Exatamente! Oh, que seja! Francamente, o que diabos você está fazendo aqui?

Desvia seu olhar dos meus e o desliza um pouco mais abaixo. Ela não pretende me responder? O que tanto está olhando?

– O que?

– Eu ficaria feliz em te dar uma resposta... Presumindo seu desejo em me saudar, hum, pelas suas vestimentas.

Me dou conta do estado de como estou vestida, ou, não vestida. E ela não para de encarar. Merda!!! Um rubor me toma e viro de costas arrumando melhor a toalha rodeando meu torso por cima dos ombros.

– Por que você está envergonhada? Nós duas somos mulheres.

– Eu acho, que o direito à privacidade é um conceito totalmente proibido pra você...! Olhe para mim quando falo com você! Você não pode simplesmente me ignorar, merda!

Não me dá a mínima. Enquanto me deixa falando sozinha e se concentra em retirar os pratos de comida de dentro daquela sacola.

– Eu espero que você goste de comida chinesa, porque é isso o que tem aqui. E mesmo que a visão seja linda... Eu não acho que você será capaz de aproveitar a sua refeição enquanto congela nesse apartamento gelado.

Para por um momento e os cantos de sua boca se levantam ao me olhar. Ugh! Corro o mais rápido que consigo para o meu quarto e fecho a porta em um baque.

Maldita vadia! Mas que merda! Não faz nem três dias desde a última vez que eu tive que me colocar a milhas de distância dela! Alguém lá em cima tem que olhar por mim! Que tipo de policial... Não, não, que tipo de pessoa simplesmente entra na casa das pessoas sem ser convidada?!

Our Destiny | FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora