19 - Bastardo

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Aos domingos a academia é aberta para o público em geral, isso explica a grande quantidade de pessoas no local, também explica os ringues estarem lotados e com próximas lutas já marcadas até o final do horário. O plano das garotas iriam por água abaixo se o tio Kai não fosse tão compreensivo, ele ter permitido que elas ficassem até depois do horário para realizar o que vieram fazer deixou ambas imensamente contentes e gratas. O primeiro encontro delas não seria arruinado por isso.

Freen continua sua calorosa conversa com o tio Kai sobre seus casos atuais enquanto Becky desfere repetidos socos e chutes em um dos sacos de pancadas afim de esperar as pessoas saírem, o que não está tão distante, o horário de fechamento está se aproximando e cada vez mais o lugar vai esvaziando.

Depois de alguns minutos imersa no que faz, Becky em um vislumbre de memória lembra do que lhe foi dito no passado, sobre os ensinamentos da pessoa que mais odeia no mundo lhe passou desde pequena.

– Nunca pare de brigar. Nunca pare de lutar. Porque uma vez que parar, você pode nunca mais voltar... Continue lutando se quiser continuar vivendo. Você entendeu Rebecca? Você quer continuar vivendo, não quer?

E lembra exatamente o que respondeu, vendo agora, conclui que não mudaria uma palavra do que disse.

– Essa é uma pergunta estúpida, velho. Porque nunca vou parar de lutar com você se isso significa que possa me libertar do seu sangue!

Com um último chute o saco de areia balança de um lado para o outro, Becky não sabe quantos minutos o socou sem fazer uma pausa, mas o suor cobria todo seu corpo e estava ofegante demais para continuar.

Põe as mão nos joelhos tentando regular sua respiração e as batidas de seu coração, quando ouve alguém a chamar.

– Becky. - Se vira e encontra Freen bem atrás dela, nem sequer percebeu sua aproximação. – Você tem espancado esse saco pesado por mais de 10 minutos direto.

– Oh... mesmo? 10 minutos, hum? - fala ainda recuperando o fôlego.

– Você está bem, Becky? - Freen parece perceber que algo está errado.

Becky desvia os olhos para respondê-la. – Hum, sim, por que?

Freen com uma toalha em mãos, leva até o rosto da outra e elimina qualquer gota de sua transpiração suavemente. – Eu estou tentando chamar a sua atenção pelos últimos 5 minutos. No início achei que você estava viajando, mas sei a diferença entre um rosto focado e o rosto de quem está tentando esconder o que realmente está sentindo.

Becky não consegue manter o contato visual, continua olhando para qualquer outro lugar que não seja o rosto de Freen. Dando-lhe uma chance de fugir disso, tio Kai interrompe e anuncia.

– Freen, depois dessa última luta, o lugar é todo de vocês.

– Obrigada tio Kai. - Becky observa o suave e tranquilo sorriso de Freen ao respondê-lo e não percebe que a mesma começa a encará-la outra vez. – Aí está aquela cara novamente, Becky. Você pode me contar tudo que está aborrecendo você.

Becky finalmente decide pôr para fora tudo que vem pairando na sua cabeça. – Noite passada eu fiquei imaginando como tinha sido sua infância. E acertei na mosca que você cresceu em uma família que realmente se importa.

Caminha para se sentar em um dos bancos próximos, continuando. – Você realmente teve uma infância melhor do que a minha.

Freen caminha com ela e fica de pé em sua frente. – Mas você tem o Non e a família dele, não tem?

– Só quando eu tinha 16. Mas antes de conhecê-lo as coisas eram bem diferentes.

– Oh... quer dizer depois que sua mãe...?

Our Destiny | FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora