📍Favela da Rocinha - Rio de Janeiro.
+16|| "Ela tem o jeito que me faz pensar que o mundo ainda tem valor e que o amor faz sentido."
ɪɴɪ́ᴄɪᴏ: 06.01.24
ᴛᴇ́ʀᴍɪɴᴏ: 00.00.00
Observo a paisagem pela janela do jatinho e respiro fundo.
Sinto meu peito se apertar por lembrar o que a minha Ísis tem passado por, provavelmente, dois anos, calada.
Eu não sei o motivo de ela ter aguentado isso tudo, todos esses anos.
E eu quero muito saber, mas no momento isso não é o mais importante. Eu só preciso saber que ela está bem.
Ruanzin: O que houve, cara? Por que decidiu voltar assim do nada?
Ruan é um mano puro, do coração bom. Ele e meu mano Jotapê. Os dois estão comigo desde o início, fechadão mermo. Os únicos pelos quis eu pulo na bala.
Deixei Jotapê lá pra cuidar da minha irmã e da minha mãe, esse não sabe sobre os meus sentimentos pela Ísis, ninguém sabe.
Ruan eu trouxe comigo, ele não tem família, é sozinho, os pais viraram as costas pra ele e ele só tem a mim e a minha família. Meu irmão, pô.
— A Ísis.
Ruanzin: Ué, a mina do Terror? Quê que tem ela?
Explico tudo pro mesmo que me encara perplexo.
Ruanzin: Caralho, mano, que barra! Mas por que tu veio com tanta urgência? Nesses casos tu manda outra pessoa resolver.
— Não quando é sobre a Ísis. Eu gosto dela, Ruan, mais do que eu posso explicar.
Ruanzin: Ih, carai, que viagem é essa?
— Longa história.
Ruanzin: Mas e o morro, Terror vai morrer é óbvio, mas quem vai ficar no comando? Você? — Nego.
— Vou deixar com o Jotapê. Assim que tudo se resolver eu volto pro Paraguai pra ajeitar tudo e fico de vez no Brasil, não quero mais ficar aqui. Você fica como sub do morro, jaé?
Ruanzin: E por que tu mesmo não assume o comando? — Nego.
— Já tenho trabalho demais comandando a facção. — Ele concorda.
[...]
Lua: Que susto! — Luana grita quando eu pulo a janela do quarto dela.
— Janela aberta em dia de baile?
Lua: Eu estava me arrumando. — Vem até mim e me abraça.
— Como tu tá, pirralha?
Lua: Eu tô bem e você?
— Tô bem, pô...
Lua: Ninguém te viu? — Nego.
— Vou aparecer na hora do baile, não quero que ninguém me veja aqui ainda. — Como ela tá? — Me refiro a Ísis.
Lua: Indo, ela está cheia de hematomas, o Terror bateu muito nela.
— Por quê?
Lua: A mãe pediu pra um dos vapores da segurança levar ela em casa e o Terror não gostou.
— Esse cara é um lixo, como eu não imaginei essa merda... — Por que ela nunca deixou contar?
Lua: Ele usava eu e Isa, ameaçava machucar nós duas se a Ísis abrisse a boca.
— Filho da puta! Ele vai morrer.
Lua: Eu já vou, vou mandar a Ísis vim aqui, vou inventar algo, ela também vau pro baile hoje.
— Ela costuma ir sempre?
Lua: Terror só deixa ela ir de vez em quando, na maioria das vezes, ele leva a Raissa.
— Quem é essa?
Lua: Outra história, depois você vai saber. Vou indo. — Ela sai.
A ansiedade começa a tomar conta de mim. E se ela me achar louco por amar ela assim?
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