Berros

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POV Sanji

Aquele marimo idiota... consegue sempre despertar o meu lado furioso. Eu odeio quando este tipo de coisas acontecem entre nós. Odeio o tratar assim, mas ás vezes é mais forte que eu.

Normalmente só trato assim o Luffy, mas isso é porque ele é de borracha e é idiota. Não lhe dói, e ele sabe que o faço para o educar minimamente, mas ele não vai mudar...

Ele tem sorte de eu ser minimamente paciente.

- Sanji... quero a minha marmita da tarde...- reclamou de fome o Luffy

Luffy estava sentado à bancada da cozinha. A companhia dele na cozinha irrita-me porque ele não consegue passar cinco minutos sem me pedir comida, mesmo sabendo que esta demora a ser feita.

- Eu expulso-te da cozinha se voltares a pedir.- ameacei num tom mais sério

Dei por mim e percebi que o disse num tom bastante sombrio. Aquele não fui... eu. Que merda estou eu a fazer? Este não fui eu a falar de certeza... O que se passa comigo?

- Desculpa, não queria dizê-lo neste tom.- lamentei olhando para trás com um sorriso desajeitado

Luffy estava surpreso. Eu sei que não deveria ter falado assim, mas sei que o Luffy que eu conheço nunca iria me julgar pelo tom de voz pela qual falo.

Virei-me de novo para a minha bancada para acabar os acabamentos do prato para o Luffy. Assim que estavam finalizados, eu pego no prato e entrego a Luffy. Os olhos dele quase que brilharam assim que viu o que eu preparei. Logo começou a comer.

Aprecia-me ver o Luffy a comer porque até agora é a pessoa mais esfomeada e com mais vontade de comer em toda a minha carreira enquanto cozinheiro. Para além disso, é a pessoa que mais elogia os meus pratos.

- Que bom...- derreteu-se ele com a comida na boca

Eu logo sorri. Luffy não é insuportável quando tem comida na boca, e ainda por cima agradece pela comida e come tudo até ao fim. Para mim, esta é uma situação win-win.

Eu encostei-me à bancada e tirei do bolso a caixa de cigarros e o isqueiro. Coloquei um cigarro na boca e acendi-o. Inalei a fumaça e passado algum tempo, depois de tirar o cigarro da boca, soltei a fumaça. Fiz este processo inúmeras vezes enquanto observava para Luffy a comer.

- Sanji, tu gostas de nós?- perguntou ele enquanto comia

- Só da Nami-san e da Robin-chan, obviamente.- respondi após um tempo em que fiquei surpreendido

Ele fez uma cara de reprovação daquilo que eu disse. Eu logo olhei para ele e traguei o cigarro. Sorri de lado, de forma a que ele também sorrisse e voltasse a comer.

- Porque perguntas?- indaguei curioso

- Porque eu não te quero perder outra vez. Não quero que o nosso cozinheiro nos abandones de novo....- murmurou Luffy triste

Eu fiquei surpreendido com as palavras do Luffy. Nunca achei que ele fosse me dizer uma coisas dessas, assim tão diretamente.

De repente senti uma forte dor de cabeça. Eu logo coloquei a mão na cabeça e reclamei de dor. Sentia que estava a perder total controle da minha mente... e aos poucos do meu corpo...

- Sanji, estás bem? Vou chamar o Cho...- falou Luffy preocupado mas foi interrompido por mim

- Não... De onde surgiu essa conversa toda? Aquele estúpido espadachim falou contigo?- falei friamente e cabisbaixo

- Todos nós estamos preocupados contigo... só queremos que nos permitas te ajudar...- disse Luffy apreensivo

- ELE NÃO PEDIU PARA QUE O AJUDASSEM, SEUS PIRATAS PATÉTICOS!!- berrei descontrolado

Luffy logo ficou chateado. Normal, estava a ferir o seu orgulho enquanto pirata. Ele comeu o resto da sua marmita e levantou-se da mesa.

- Tudo bem.- disse ele antes de sair da cozinha

Que raios eu fiz... aquele não era eu a falar de novo... que merdas estou eu a dizer para os meus companheiros? Alguém... alguém está dentro de mim e está a tentar controlar-me... e já está a começar a ficar difícil de resistir...

Por impulso fui até à porta da cozinha e tranquei-a. Não queria que ninguém falasse comigo hoje... já foi terrível a madrugada, o facto de ter discutido com o Zoro foi ainda pior, e agora berrei com o meu capitão...

Faz tudo parte do processo...

Eu assustei-me assim que ouvi a voz dele... daquele Sanji sombrio... aquele Sanji dos meus pesadelos... acalma-te, acalma-te... para de esfregar o cabelo... acalma-te e relaxa.

Percorri a cozinha até às bancadas e fiquei no meio delas, escorrendo as minhas costas por uma delas até ficar no chão sentado, com as pernas recolhidas e os braços em volta delas.

Eu só queria desaparecer neste momento...

The real n°3 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora