Pesadelo

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POV Sanji

Dream on

Estava num espaço escuro. Não havia senso de direção. Estava tudo tão escuro como o breu, e por isso estava completamente perdido. Nem fazia a mínima ideia de onde estava, ou porque vim aqui parar?

- Vem mais perto, Sanji. Segue a minha voz.- pediu alguém

Eu apenas fui, e nem foi por vontade própria. Parecia que alguém estava a comandar-me. mas Essa pessoa que falou tinha a mesma voz que a minha...

De repente, no meio da escuridão, surgiu uma pessoa. Essa pessoa era muito idêntica a mim... não... a um dos meus irmãos. Eu não tenho sobrancelhas em direção anti-horário... ou pelo menos costumava não ter.

Agora as minhas sobrancelhas estão iguais às dos meus irmãos. Como é possível? Bem, nem eu próprio sei. O meu corpo saiu completamente do controle, e agora não sei mais como pará-lo.

Ele tinha cabelo preto e olhos azuis. Usava uma camisa preta e umas calças e sapatos da mesma cor. Se não fosse pelo cabelo e os tons negros, diria que ele é meu gémeo verdadeiro.

- Quem és tu?- perguntei curioso

- Eu sou tu.- respondeu ele tranquilamente

- Isso é impossível porque eu sou eu.- disse confuso

- Mas eu sou tu... só que ainda não descobriste. Eu sou aquilo que uma mínima parte de ti sempre desejou. Sou aquilo que muitos desejaram que fosses. Sou aquilo que te levaria a uma vida perfeita...- falou ele enquanto se aproximava de mim

- Eu gosto da minha agora... é perfeita.- murmurei indignado

- Tu chamas disto perfeito? Brincar com piratas patéticos? Namorar com um espadachim patético?Por amor de Deus Sanji, como és capaz de nos rebaixar a esse nível?- indagou ele repulsivo

- Rebaixar? O que tem de mal ser um pirata? O que tem de mal amar um pirata?- perguntei confuso

- Porque nós somos um príncipe. Não podemos nos misturar com outros, não somos iguais aos outros... ainda não entendeste isso?- indagou ele colocando os seus dedos no meu queixo

- Para de te referires a nós como um só. Je suis moi et tu es toi (eu sou eu e tu és tu).- falei ao afastar-me dele

- Oh Sanji... porque tens que ser tão difícil? Eu pensei que depois de Whole Cake poderias me aceitar finalmente, mas aquele pirata patético com o chapéu de palha teve que estragar tudo... vou ter que fazer tudo à minha maneira...- afirmou ele aproximando-se de mim de novo

- O que vais fazer...?- perguntei assustado

Por impulso, tentei chutá-lo, mas o corpo dele é... uma miragem... Eu não consigo sequer tocar nele, mas como é que ele consegue tocar-me?

Ele aproximou-se ainda mais de mim e de repente o seu corpo distribuiu-se em fluídos negros, que rapidamente entraram por todas as entradas do meu corpo.

Não senti nada ao início, nem nenhuma diferença no meu corpo, mas de repente o meu coração bateu mais forte, o que me fez perder a força nas pernas e cair no chão ajoelhado, reclamando de dor.

- Agora somos um só, Sanji. Toda a gente agora vai agradecer por eu ter conseguido abandonar o Sanji fraco e sentimental, que se recusa a ter um dos maiores poderes do mundo... mas agora, nós somos imparáveis!- falou ele de dentro de mim

- Por favor para... Por favor, sai de mim... Por favor...- supliquei contido no chão da imensidão escuridão

Dream off

- DEIXA-ME EM PAZ!!- berrei sentando-me impulsivamente da cama

- Sanji!! Acalma-te!!- gritou o Zoro com as mãos nos meus antebraços

Eu neste momento não conseguia racicionar bem. Estava a ter um ataque de pânico, coisa que há muito tempo não tinha, desde que comecei a namorar com o Zoro, mas mesmo estando com ele agora, não consigo deixar de estar apavorado por causa do sonho...

Vou mesmo perder a minha essência e ser substituído por aquele...

Estava a custar respirar. Estava a custar focar-me. Estava a custar deixar este pânico ir embora... eu só quero que isto acabe...

- Hey, hey! Sanji, eu estou aqui! Não há aqui mais ninguém além de nós dois! Estou aqui, por ti.- afirmou Zoro olhando-me nos olhos

Pois é... estávamos só eu e o Zoro... no nosso quarto privado dos outros. Não havia aqui nenhuma outra versão do Sanji... era só mesmo eu e o Zoro.

Ele abraçou-me com força, e logo me senti mais aliviado. O pânico foi embora e o conforto voltou. Eu logo abracei de volta o Zoro, com força, agarrando na camisola dele para que ele não pudesse escapar nunca...

Permiti-me chorar silenciosamente, sem que Zoro percebesse que o estava a fazer de facto. Deitei-me de novo na nossa cama, juntamente com ele, e voltei a adormecer, mas desta vez, abraçado a ele.

Zoro é o meu porto seguro, sem dúvida alguma.

The real n°3 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora