Capítulo 5

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MALIGNAN

Eu sempre soube que era bruxo.

Cresci com magia ao meu redor. Convivo com elfos domésticos desde sempre, então não fiquei surpreso quando Allia, minha elfa doméstica favorita, trouxe a carta.

O maior medo da minha família era que eu fosse um aborto*, já que os meus poderes tardaram a aparecer.

*abortos são pessoas que têm os pais bruxos mas não têm poderes mágicos, como Argo Filch, zelador de Hogwarts.

Pra ser sincero, estou com medo de ir pra Hogwarts. Minha família inteira é composta por sonserinos , mas nunca me vi como tal. Isso me preocupa, já que todos estão esperando isso de mim também. Até a minha irmãzinha tem mais sangue sonserino do que eu, e ela tem quatro anos. Meu receio é de que coloquem a culpa em Allia se eu for pra outra casa. Sempre protegi ela de todos que a queriam punir. Não sei se ficará bem quando eu for para Hogwarts... Talvez... talvez eu pudesse fazer alguma coisa. Levar ela comigo ou... libertá-la...

— Pronto? — pergunta a minha mãe, com o rosto severo como sempre.

Ugh, merda... eu odeio isso...

— Sim, senhora — respondo, abaixando a cabeça.

— Dark! Venha! — Minha garotinha aparece correndo com a cobra de pelúcia dela. — Pegue ela.

Dark para na minha frente e eu a pego no colo. Minha mãe entrelaça o braço dela no meu, e então aparatamos.

As primeiras vezes foram horríveis. Eu me sentia como uma chave girando na fechadura. Vomitei horrores. Agora, já não é tão ruim.

Numa piscada de olhos, estamos parados na entrada do Beco Diagonal. Coloco Dark no chão e seguro em sua mão.

Já estive aqui várias vezes comprando os materiais da minha irmã mais velha, então conheço o lugar como a palma da minha mão. Isso não o torna menos impressionante, é claro, é sempre um prazer voltar aqui.

Minha mãe me entrega um saquinho de couro cheio de galeões.

— Vou levar Dark para a loja de animais. Não demore.

Murmuro um entendido.

Vejo as duas se afastarem aos poucos e suspiro aliviado.

Não é que eu não goste da minha família. Eu apenas não quero ser como ela. São pessoas ruins, que torcem para Você-Sabe-Quem voltar, odeiam os nascidos trouxas e acham que o mundo seria muito melhor sem eles. Não quero ser assim. Sonserinos são pessoas más. E eu não nasci para ser mau.

Minha primeira parada é a loja de caldeirões. Depois a Floreios e Borrões.

E então, a vitrine da loja de vassouras. Ao lado de um garoto perfeito.

Ele se assusta quando paro ao seu lado. É um menino de cabelo bagunçado, pele levemente morena e olhos castanhos. Está vestindo calça jeans surrada e um casaco listrado por cima da blusa branca.

Quando o vi, só consegui pensar queria ser igual a ele.

— É uma pena — digo um pouco nervoso.

Olhe Para Mim, MalOnde histórias criam vida. Descubra agora