— Eu odeio todo mundo — diz Aiden.
— Menos eu, né? — Abro um sorrisinho.
Aiden se mexe na cadeira. Levanto os braços, jurando que ele ia me dar um soco.
— Especialmente você!
— Baixinho, não é minha culpa.
Ele respira fundo e cobre o rosto com as mãos. Ficamos em silêncio durante dois minutos. Aiden começa a rir, me fazendo entrar em desespero.
— Por que você teve que dar um soco no Donelly? — pergunta, com um sorriso amarelo. Tenho vontade de me esconder em baixo da mesa da Professora McGonagall e chorar em posição fetal.
— Ele denunciou a gente!
— Você fez o nariz dele virar um anzol!
— Aiden, parece que você não está entendendo o problema. Não vamos mais poder dormir juntos, McKane.
Aiden para um segundo para pensar. Consigo perceber que entendeu quando seus olhos se arregalam.
A Professora Minerva aparece na sala. Ela não fala nada, apenas faz um movimento com a cabeça.
Graças a Merlim nunca tive chance de ir para a sala do diretor, então eu não fazia ideia de onde ficava. A Professora McGonagall nos guiou em silêncio até uma das torres. A mão do Aiden estava suada, mas mesmo assim não a soltei. Subimos escadas até um corredor com poucas portas. No fim do corredor, havia uma gárgula de pedra. Aiden apertou a minha mão um pouco mais forte.
A ideia de deixar o Aiden sozinho numa noite de inverno provoca uma fisgada no meu estômago. Essa é a última coisa que eu gostaria. Ulisses falou que ele canta uma música repetidas vezes antes de dormir quando não estou lá. Alguma música com nome de mulher, e isso me deixa sériamente puto. Eu tenho quase certeza que Aiden tem uma amiga com o mesmo nome dessa música idiota. Ou parecido. Tanto faz.
A Professora Minerva se aproxima da pedra e murmura "Carambolas Aquáticas". Era evidentemente uma senha, pois a gárgula logo ganhou vida e afastou- se para o lado, ao mesmo tempo que a parede atrás se abria. Atrás da parede havia uma escada circular que subia suavemente, como uma escada rolante. Nós três mal começamos a subir quando ouvimos a parede se fechar às nossas costas. Tive que parar algumas vezes para respirar e não ficar tonto enquanto subíamos em círculos, até que por fim, vimos uma porta de carvalho reluzindo logo à frente.
A Professora Minerva bateu à porta, que abriu silenciosamente. Ela mandou a gente esperar e nos deixou sozinhos.
— Você está bem? — perguntei com a voz baixa. Segurei a mão de Aiden quando ele confirmou com a cabeça. — Vai dar tudo certo. Dumbledore não brigaria com a gente por causa disso.
Eu o beijei. Um beijo rápido na boca e outro na bochecha.
— Se eu não estivesse com medo de ser expulso da escola, ficaria encantado com a beleza desse lugar — murmurou Aiden. Levei a mão dele até meus lábios, beijando-a como conforto.
— Não vamos ser expulsos. — Afinal, eu conheci o velho. Dumbledore já me vira fora da cama bem tarde e ainda assim me deixou ir encontrar Aiden. Não acho que ele nos expulsaria por dormirmos juntos.
Para conter o nervosismo no meu estômago, foquei na sala ao meu redor. Era uma sala bonita e circular. Havia vários instrumentos de prata curiosos sobre mesas de pernas finas, que giravam e soltavam pequenas baforadas de fumaça. As paredes estavam cobertas de retratos de antigos diretores e diretoras, todos eles cochilavam. Havia também uma enorme escrivaninha, e, pousado sobre uma prateleira atrás dela, um chapéu de bruxo surrado – o Chapéu Seletor.
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Olhe Para Mim, Mal
RomanceUm sonserino e um lufano, um casal totalmente improvável, certo? Errado. Vou usar muitas cenas reais dos livros/filmes para a construção do casal.