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Olho em volta do quarto com toda a atenção de meu ser, procurando qualquer resquício de Hello Kitties que choram carvão ou algo assim. Para minha sorte, não havia nada semelhante a isso, me dando um pouco mais de calma para iniciar o dia. Eu não gostaria de ficar sem comer de novo, então parti à cozinha assim que me qualifiquei no espelho para iniciar as horas de hoje.

Estava tudo calmo. Calmo até demais. Me acostumei a viver nesse medo constante, e mesmo no silêncio, continuava temeroso.

Chegando onde queria, fui direto até a geladeira, procurando por algo para comer. A procura foi em vão, já que uma voz familiar e assustadora me obrigou a fechá-la e me encolher de susto.

- Achando que o silêncio me impediria de o achar? - Os olhos de Mephiles estavam colados a mim, zombeteiros como sempre. Ele estava imóvel no pé da escada, os braços cruzados sobre o peito nu. - Pff. É impossível fugir de mim, ouriço.

Eu engulo em seco no instante que fazemos contato visual, um som assustado saindo de minha garganta. Ele ri com meu medo evidente, estendendo algo em minha direção.

- Pega.

- Eu não vou pegar isso, não sei o que é! Deve ser uma armadilha sua! - respondo baixinho, encolhido contra a geladeira fria. Mephiles revira os olhos com a resposta.

- Ok. - Subitamente, ele some em fumaça, quase como se fosse uma miragem da minha cabeça. - Pega essa porra!

O grito repentino ao meu lado é o suficiente para me fazer gritar e correr, aproveitando para pegar o objeto do chão pelo caminho. Olhando bem, percebi que não era nada mais do que minha carteira com muito dinheiro dentro.

- Como que...?

Bato com a testa em sua mão, que surpreendentemente me protegeu de bater a cabeça contra a porta. Surpreso, o olho com um misto de confusão e agradecimento, sem saber se deveria correr ou não.

- Toma - repete ele, agora me entregando as chaves da porta. - Eu tô te dando uma chance.

Entendendo o recado, arranco as chaves de sua mão, abrindo a porta desajeitadamente até escapar para o lado de fora. Ao trancá-la de volta, me escoro contra ela, respirando fundo pela primeira vez em dias.

- Te dei uma chance de escapar da casa, mas não de mim - diz ele, aparecendo repentinamente ao meu lado. Com um grito, corro para longe dele, sem saber o rumo que minhas pernas me levavam.

- Isso não é divertido! - digo aos berros enquanto corria pelas ruas, olhando vez ou outra para trás, só para ter a visão de Mephiles extremamente perto de me alcançar.

- Ah, não? - pergunta ele em tom de brincadeira. - Então por que eu estou rindo?

O som da risada dele não só ecoava pela rua, como pela minha cabeça também. Eu me sentia paranoico, maluco, prestes a explodir. Ele poderia estar desarmado, mas eu sabia que ele mesmo já era uma arma em si. O medo constante do que ele poderia fazer comigo é a única coisa que me permite ignorar as dores nas pernas e seguir em frente, correndo para seja lá aonde.

Só percebo onde fui parar quando o sino da porta soa e a voz de Amy dita:

- Bem-vindo ao Amy's Café!

Me apoio em meus próprios joelhos, arfando à procura de ar. O escândalo é o suficiente para atrair a atenção da ouriça, que me olha completamente em choque.

- SILVER?!

E o seu grito é o suficiente para atrair a atenção de quem menos deveria me ver assim no momento: Sonic.

- Silver? - ele questiona, mirando Amy para depois notar minha presença desesperada. - Silver!

Instantaneamente, ele corre até mim, preocupado. Seus braços envolvem meu corpo, me carregando até um local onde eu pudesse sentar.

Behind The Shadows (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora