Capítulo Onze

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° Capítulo 11 °

Não podem me obrigar
Essa não sou eu
Isso vai nos destruir

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Reescrito










As expectativas se enraízam na gente antes mesmo de darmos nosso primeiro respiro. Desde o momento em que passamos a existir como ideia, somos confrontados com o que esperam que sejamos filhos, irmãos, orgulho ou decepção. As pessoas ao nosso redor projetam suas esperanças e medos, moldando-nos como figuras de cera, definindo nosso valor antes que possamos sequer entender o que isso significa.

E quando, finalmente, você vem ao mundo, essas projeções não se dissipam, pelo contrário, elas se intensificam a cada aniversário, como se acrescentassem mais camadas de um fardo invisível, mais um elo à corrente que você carrega. No meu caso, essas projeções eram tão intensas que quase pareciam parte de mim. E eu sempre soube que carregava mais que o peso comum das expectativas familiares.

Ele queria algo além, algo que, no fundo, me feria mais do que eu conseguia suportar.

















Entre, Lílian. Vamos conversar. - Ele falou, abrindo a porta e me dando passagem. Respirei fundo antes de entrar, sabendo bem que uma conversa que se seguiria não seria nada fácil. Havia uma tempestade acumulada dentro de mim, e eu não pretendia mais evitá-la.

Você os pôs dentro da nossa casa sabendo o que eles querem de mim! - Comecei, as palavras escapando num fluxo incontrolável. — Você permitiu que ele tocasse em coisas que são horrendas para mim, em feridas que nunca cicatrizaram. Você sabe quem eu sou? Você sabe o que isso significa para mim? Eu nunca quis essa vida. Você sempre disse que eu estaria segura aqui, mas na primeira oportunidade eu me colocaria em risco, como se eu fosse uma peça num tabuleiro. Você nunca me ofereceu proteção... Então, sinceramente, isso não me surpreende mais. Billy Black nunca foi bom nisso. - Falei de forma disparada a procura de me libertar de tudo, então olhei em seus olhos, procurando qualquer traço de simpatia ou empatia, mas tudo o que encontrei foi uma barreira, um muro que ele erguera há muito tempo. Eu estava exausta de tentar atravessá-lo, de lutar por uma compreensão que nunca veio.

Mas, pude ver o traço de algo bem todo fundo de seus olhos castanho. Dor. A dor em seus olhos era quase invisível, ela não me tocava. Havia uma frieza entre nós, construída ao longo dos anos, onde as palavras se tornavam armas e os olhares, trincheiras. Por um momento, um silêncio profundo se instalou, como se o mundo ao redor existisse parado. Encarei meu pai, percebendo que talvez aquela fosse a nossa última tentativa de qualquer reconciliação. Eu poderia sentir o peso da decepção, como se uma ponte fosse destruída, deixando cada um em uma margem diferente, sem meios de voltar.

Não consegue ver o que está acontecendo? - ele retrucou, a voz fornecida de uma autoridade fria, mas havia uma rachadura ali, algo que ele talvez tentasse esconder. — Você não entende que isso é maior que nós? Há mortes, Lilian, e o perigo se aproxima. Todos em Forks estão em risco. Não posso me dar ao luxo de ser sentimental agora. Como pode ser tão egoísta? - Suas palavras bateram em mim como facas afiadas, e senti meus olhos arderem com lágrimas que não me permitiria derramar. Eu sabia o que ele queria dizer, mas aquelas palavras me feriam profundamente. Algo dentro de mim quase cedeu.

Alma Quente E Pele Fria - Rosalie Hale [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora