Capítulo 1

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Capítulo 1.

...

fica difícil iniciar essa história sem um discurso bonito, sobre a diferença de um homem para outro.

fui criada em um ambiente completamente hostil, não esperava nada do sexo oposto.

deus sabia o quão resistente eu era ao casamento, sairia de uma prisão para outra.

eu orava para ter condições de sair da casa do meu pai.

tudo que almejava era uma casinha isolada, no campo.

poder ler além da minha bíblia um bom exemplar de um Romance ou suspense tomando uma xícara de café.

eu só queria paz!.

a medida que os anos passavam meu sonho ficava cada vez mais distante.

conseguia proeza de concluir o ensino médio com muito esforço, literalmente meu pai proibia as filhas de estudarem.

meu salário como faxineira na sede das construtoras rossi não era tão alto, embora diferente da maioria.

Frequentava a igreja escondida do meu pai, costumava sair do trabalho bem tarde então uma coisa ligava a outra.

Não cobrava para louvar, vez ou outra recebia ofertas.

o pouco dinheiro que tinha não era suficiente para realizar meu sonho e conquistar a liberdade.

meu pai lucrava com exploração de mulheres, o que já era nojento por si só.

mas e quando fazia isso com as filhas?.

sou a mais nova de cinco moças.

as que não faleceram por uma dst ou uso de drogas, tiraram a própria vida.

é uma realidade cruel que vemos em filmes policiais e novelas, nos esquecendo de que não é a vida que imita a arte, e sim o contrário.

nenhuma de nós teve uma figura materna.

é nojento mencionar isso mas meu pai usava as mulheres que explorava, foram delas que nós nascemos.

cada vez que meu pai batia na porta do meu quarto era um sobressalto no meu coração.

"já tá acordada abigail?". meu pai bateu na porta enquanto terminava de colocar o uniforme da empresa.

"sim senhor". ele entrou sem a menor cerimônia.

"consegui uma boa oferta por você, trezentos miu reais". "esperava conseguir mais que isso, só que me esqueci que você já passou dos 18 anos então é melhor aceitar a proposta".

é impossível descrever a naturalidade usada por ele para sentenciar aquele absurdo.

eu estava consciente de que nasci de um verdadeiro psicopata e não podia esperar outra coisa vinda dele.

meus olhos se encheram de lágrimas e o desespero tomou conta.

"por favor pai, eu faço qualquer coisa para ficar, eu não quero ser vendida!". supliquei.

"se você tiver dinheiro para pagar sua liberdade, se por acaso conseguir cobrir a oferta que me fizeram eu te deixo sair daqui".

a segunda opção que ele colocou diante de mim era totalmente inconcebível.

"você sabe que eu não tenho como arranjar esse dinheiro porque nunca me deixou estudar!". ele sorriu em concordância.

"você não é crente abigail?". "pede dinheiro para o teu deus". meus olhos se arregalaram. "você acha que eu não sei o que você faz?". "garota, eu tô de olho em você!". "pois bem, peça dinheiro a ele e caso ele te dê você sai daqui pela porta da frente e completamente livre de mim". sentenciou, assobiando enquanto se afastava.

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